O dia amanheceu calmamente e o amontoado de nuvens brancas que encobriam o céu deixou espreitar alguns raios de sol, suaves e pouco quentes. Como estava frio naquela manhã!
Kristea acordou e, sentindo o ar gélido proveniente de fora, levantou-se rapidamente. Teria nevado? O quanto desejava que fosse verdade… Correu para a janela e viu o que queria, uma Konoha nevada. Naquele momento, sentiu o seu coração bater mais forte no seu peito, tal era a atracção exercida pelo manto branco que cobria tudo em redor.
Vestiu-se rapidamente e desceu as escadas velozmente, como se voasse.
A sua mãe, Haarina Aya, estava na cozinha, a preparar o pequeno-almoço para as duas.
Kristea aproximou-se dela e deu-lhe o habitual beijo de bons-dias, como fazia todos os dias.
- Vejo que hoje estás mais alegre que o normal – disse Aya, sorrindo. – Terá alguma coisa a ver com o nevão de ontem?
Kristea, enquanto punha a mesa, lançou um sorriso tão jovial como o de uma pequena criança que acaba de receber um presente.
- O que lhe parece, mãe? É claro que sim! – exclamou ela, na sua voz suave e que parecia transmitir vida a cada palavra que dizia.
Aya esboçou um sorriso, pondo o pequeno-almoço na mesa.
Após o pequeno-almoço, arrumaram e prepararam-se para lavar a loiça, quando bateram à porta.
- Eu vou lá!
Kristea abriu a porta. Era Ryu, o seu melhor amigo. Quando os seus olhos verdes-claros encontraram os olhos azuis-esverdeados dele, abraçou-o, como se não o visse há um mês (o que era mentira, pois tinha estado com ele no dia anterior).
- A menina hoje está muito contente! Ficaste assim por causa da minha visita, foi? – brincou ele.
- Não sejas parvo… Sabes perfeitamente porquê.
- Bastante óbvio. Qualquer pessoa que te conheça sabe que adoras neve. E foi por isso que vim aqui.
Kristea torceu o nariz.
- Ai sim? Hum… Pensava que tinhas vindo aqui por causa da corrida matinal…
- Também. Vamos passear um pouco por Konoha antes disso? Para que aprecies bem a neve.
Ela olhou instintivamente para a mãe, que poderia precisar de ajuda.
- Oh, não te preocupes, filha. São só uns prato e pouco mais. Vai e diverte-te – disse Aya, como resposta ao seu olhar.
- Obrigada, mãe!
Kristea seguiu Ryu, fechando a porta atrás de si.
Passearam alegremente pelas ruas brancas, por entre edifícios cobertos por aquele manto que ela tanto adorava, talvez por ter nascido numa noite de nevão.
Por fim, dirigiram-se ao campo de treinos do costume, perto da floresta, para começarem o treino.
Mas algo captara a atenção de Kristea à entrada da floresta. Um vulto de cabelos vermelhos observava-a. Sem saber muito bem como e porquê, xorreu em direcção ao vulto, que mergulhava cada vez mais na floresta.
De repente, um corpo masculino mais alto que o seu atravessou-se no seu caminho. Não conseguindo parar a tempo, chocou contra Ryu. Com o embate, desiquilibrou-se e quase caiu, não fosse Ryu a agarrar na sua mão, puxando-a para cima.
- Onde pensas que vais? Sozinha e desarmada? – perguntou Ryu, preocupado.
- É que… - Kristea hesitou. – Eu vi o meu irmão!
Ryu bufou.
- O teu irmão?! Não digas disparates… Sabes que ele nem está neste mundo!
Ele tinha razão, ela sabia-o. Mas aquele pressentimento continuava ali, para que ela seguisse em frente, a correr.
- Vamos lá ao treino – retorquiu Ryu, virando-lhe costas, em direcção ao campo de treinos,
Era agora o momento. Ele já não a pararia e ela podia continuar em busca do vulto que julgava ser o irmão.
O que faria? Voltaria com Ryu ou seguiria pela floresta adentro? Correria o risco ou manter-se-ia em segurança?