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Sexo : Idade : 33 Localização : Jardim à beira-mar plantado Número de Mensagens : 3508
Registo Ninja Nome: Ayame Midori Ryo (dinheiro): 5470 Total de Habilitações: 228,5 | Assunto: [Filler 12 - Haarina Kristea] Lua Qua 3 Set 2008 - 22:22 | |
| Um turbilhão de pensamentos invadira a mente de Kristea desde aquela noite. Aquela visão ainda permanecia intacta aos seus olhos, exigindo mais de si do que alguma vez esperara. No seu espírito, habitava a dor e o sofrimento, fustigadas por um sentimento de culpa, que não discernia por completo. Apenas uma ténue esperança fazia arder em si a chama da vida. Aquele olhar azulado… Era definitivamente ele. Era Ryu. Iria voltar? Algo lhe dizia que alguma coisa iria acontecer. Não sabia se seria boa ou má; a angústia queimava-lhe o sangue. - … então vou ter de passar pelo céu para… Kristea? Kristea, estás a ouvir-me? – aquele zunido continuava. Sentindo um toque no ombro, Kristea despertou com surpresa, quase deixando cair o prato que tinha na mão. Tinha estado longe, muito longe. - És incorrigível… Quantas vezes já te disse para parares de pensar na Visão? Isso só te atormenta… - ralhou Kristian. - Eu sei. Mas não consigo evitá-lo… É mais forte que eu… - Vais deixar que uma simples habilidade causada pelas características do teu sangue se apodere de ti? - Não… Mas… Também tens a Visão? - Não. Apesar de ser uma habilidade despoletada pelo nosso sangue, julgo que é algo mais que isso. Talvez algo genético… E o meu DNA é diferente do teu, apesar de sermos gémeos – explicou ele. Instalou-se subitamente um majestoso silêncio. Então Kristian acrescentou: - Não posso dar garantias de nada. É simplesmente uma teoria minha, que não pode ser comprovada. Apesar de tudo, a teoria fazia sentido. Kristea sentiu-se afundar mais naquele mar negro que caracterizava uma depressão. Era a única com aquela habilidade. Estava sozinha, com uma maldição enraizada dentro de si mesma e à qual não podia escapar. - Como estava a dizer, vou ter que ir ao céu por causa de umas confusões. Estarei de volta daqui a umas horas. Consegues não te meter em problemas enquanto estou fora? – perguntou Kristian. - Não me meter em problemas?! – repetiu ela, surpreendida. - Por exemplo, Leo. Esclarecida? - Como é que sabes o nome dele? - Depois explico-te. Mas, por favor, não o vejas mais. O facto de o irmão saber o nome de Leo intrigou-a. Kristian sabia de algo que ela não fazia ideia. Era já bastante normal ele saber sempre mais que ela. Mas, daquela vez, ficara assustada. Através dos cristalinos olhos do irmão, Kristea visualizava medo e perigo. O tom azul dos seus olhos perdera-se nas profundezas da sua alma, por onde agora vagueavam sentimentos de preocupação. - Está bem… Mas depois quero uma explicação – concordou, após perscrutar a imensidão azul dos olhos do irmão. - Claro. Achas que te iria pedir isto se não tivesse uma boa razão? - Nunca se sabe – concluiu ela, num tom divertido. - Só tu… - declarou Kristian, rindo-se. – Bem, acabas de arrumar a loiça do almoço? Assim era mais rápido e estava aqui mais cedo. Pode ser que chegue a tempo de um treino de genjutsu… Ou de kenjutsu… Ao ouvir a palavra kenjutsu, Kristea atentou no que o gémeo dizia. Como adorava as suas espadas… - Mas, para isso, terias de ser tu a arrumar a cozinha. Até fui eu que cozinhei hoje e tudo… - Chantagem, maninho? Nunca pensei que fosses capaz… - disse ela, lançando-lhe um olhar de desdém. - Quando é necessário… - Ora, seu… Kristea, que estava a lavar a loiça, atirou-lhe com espuma, numa atitude de brincadeira e, ao mesmo tempo, de repreensão. - Ei! Olha aí… Isso não… Kristian ficara com parte do braço húmido. - Então ficas aqui a ajudar-me. - E se eu te disser que um dos motivos pelos quais tenho que ir ao céu é por tua causa? Talvez tenha uma surpresa hoje… - Pronto, pronto, vai… - anuiu ela, algo amuada por causa da chantagem. Depois murmurou entre dentes: - Chantagista… Kristian limpou as mãos, que se encontravam molhadas por estar a secar os pratos. Dividiam sempre as tarefas domésticas, alternando-as conforme os dias. Era mais fácil e mais rápido para ambos. - Volto daqui a umas horas. Não faças asneiras… - avisou-a. - Está bem, ‘paizinho’ – respondeu Kristea, realçando aquela última palavra com um tom de ironia. Quando olhou para trás, o irmão já havia saído. Acabou de arrumar a cozinha em poucos minutos. Não teria mais que fazer durante o resto da tarde. Enquanto se dirigia para o seu quarto, interrogava-se sobre o que fazer. Talvez um treino… As espadas, encostadas ao sofá de canto do quarto, pareciam abandonadas e solitárias. Será que Kristea conseguiria resistir muito mais àquela visão? Não precisou de pensar duas vezes. Agiu automaticamente, pegando nas espadas e colocando-as atravessadas na sua cintura. - “Então que seja treino…” – pensou. Saiu de casa, em direcção ao seu campo de treinos favorito, junto do rio. De alguma maneira, sentia-se ansiosa, como se não treinasse há dias. O ar sadio daquela tarde refrescava-lhe o rosto, contrastando com a luz pura do sol. Estava uma tarde bastante agradável. A própria Natureza parecia emitir um canto de apelo, tão irresistível como o de uma sereia. Distraída pelo doce chamamento daquela tarde, Kristea não reparou que era observada. O partir de um pequeno galho foi suficiente para despertar a jovem ninja do seu sonho acordado. Uma jovem mulher, de longos cabelos azuis e olhos prateados, espantosamente bela, encontrava-se parada à sua frente. Com um súbito impulso, saltou para cima de Kristea, tentando encontrar uma abertura na sua defesa. Kristea nunca vira nada igual. Ela movia-se ágil e rapidamente, com movimentos fluidos. Era como se dançasse, com graciosidade e destreza, envolvida numa aura mortífera. Tinha que ser rápida a defender-se. Também tinha uma boa agilidade e podia bem aproveitar isso. Não podia perder nem mais um segundo. Fez dois flicks para aumentar a distância entre as duas, desembainhando velozmente as espadas no último apoio e impulsionou-se para a frente, de modo a atacar. As espadas quase rasavam o pescoço da mulher, que havia estacado para não ser apanhada pelas espadas. - Quase – disse a mulher, dando uma gargalhada divertida. - Será que sim? A mulher tinha intenção de evadir rapidamente aquela ofensiva. Talvez adivinhasse o que se seguia. - Aian Nakkuru! – gritou Kristea. Naquele instante, o seu chakra juntou-se às lâminas, aumentando assim o seu comprimento, que agora pressionavam a pele da misteriosa mulher. Ela não se movia, olhando as espadas com um ar satisfeito. - Como era esperado da h’aarina… - disse, com um sorriso. Kristea ficou surpreendida. Como é que ela saberia daquilo? - Podes baixar as armas, por favor? Gostaria de falar um bocadinho contigo… Sem que me apontasses isso… - perguntou a mulher, com um ar divertido. Ao reparar na expressão de surpresa de Kristea, acrescentou: - Não, não te vou fazer mal algum. Como se fosse capaz de te magoar… Isto era só um teste. A jovem ninja embainhou as espadas, embora ainda temesse uma reacção espontânea por parte da misteriosa mulher. - Importas-te de me acompanhar até ao cimo daquela árvore? Acho que seria um lugar sossegado para conversarmos, acompanhadas por este dia tão maravilhoso… - Não, claro que não me importo - respondeu Kristea, seguindo a mulher até a um ramo largo e bem localizado. Dava para se ver a vila toda desde aquele ponto, incluindo as zonas em redor. Era, de facto, uma bela vista, que deleitava os olhos de qualquer um. - Bem… - disse a mulher, captando a atenção de Kristea. – O meu nome é LafBael. Significa “guardiã da lua”. Já deves ter reparado que não sou deste mundo. Nem sequer sou humana. Vim do mundo do teu pai. Sou uma das duas criaturas sagradas do dia e da noite. Assim que soube que o teu pai te tinha emboscado e atacado naquele mundo, resolvi procurar-te. Soube entretanto que te tinhas tornado uma ninja neste mundo e que podem ter animais como companheiros. Julgo que se chama de kuchiyose… - pausou, procurando reflectir um pouco. Uns momentos depois, continuou: - E então, desejo, aqui e agora, poder tornar-me a tua companheira, se for possível. Kristea ouvira atentamente tudo o que LafBael dissera, sem interromper. No entanto, uma questão formara-se no seu espírito: - Porquê? Porque me escolheste? Porque escolheste fazer isto? - Eu não te escolhi… Tal como tu, tenho um irmão gémeo. Nós existimos porque vocês existem. E mesmo que tivesse de escolher alguém… Esse alguém serias tu, não pensaria sequer duas vezes. Identifico-me bastante contigo… Por instantes, o silencio das duas vozes dominou, enquanto observavam o que as rodeava. LafBael saltou para o chão, colocando-se de joelhos, virada para Kristea. - Aceitas-me como tua companheira de kuchiyose? – perguntou, com a sua límpida voz de soprano a soar mais perfeita que nunca. - Isto é um pouco ortodoxo, sem dúvida, mas… Sim, aceito – respondeu Kristea, sorrindo, com as suas faces levemente rosadas. LafBael saltou e um grande pássaro de tons azuis surgiu no seu lugar. Era aquela a sua verdadeira forma. Kristea esticou-se para tentar tocar em LafBael. As suas penas eram tão macias… De repente, sentiu a pele da sua mão direita a arder. Um desenho recortava-se aos poucos nas sua pele, infligindo-lhe dor. Sangue jorrava do corte, escorrendo e manchando a clara pele de Kristea. A dor toldava-lhe a mente. Era a única coisa que preenchia a sua cabeça. Deu um passo em frente, sem noção de nada, agarrada à mão e sentiu-se escorregar. Uns braços fortes seguraram-na e pousaram-na no chão. - Foge daqui imediatamente! Kristea reconheceu a voz. Tentou impor-se à dor na sua mente, para ganhar consciência do seu corpo. Foi então que viu Leo… - “Ele impediu que caísse e me magoasse…” – pensava. - Vai! – vociferou ele, com as mãos na cabeça. Parecia prestes a perder o controlo. As suas mãos descaíram e ele parou de tremer. Quando abriu os olhos, parecia uma pessoa totalmente diferente. - “Olhos vermelhos… Oh não…” – pensava Kristea. A dor lancinante na sua mão pareceu atenuar com a visão do que lhe iria acontecer… LafBael colocou-se em posição em frente de Kristea, na sua forma humana. - Vai, sai daqui. Eu empato-o – ordenou ela, de modo a proteger Kristea. - Não! Não te vou deixar aqui! - Queres morrer? - Não! - Então vai. LafBael parecia decidida a enfrentar Leo. O som de metal a ser desembainhado ecoou pela floresta. As estranhas garras retrácteis de Leo… - Não quero deixar-te sozinha… - murmurava Kristea. - Apenas vai! Eu já te apanho. Kristea voltou-se, preparada para seguir o pedido de LafBael, algo contrariada. Leo estava ali, à sua frente, a apontar-lhe as lâminas que saíam das suas mãos. Um qualquer movimento e ele atacaria. A ninja engoliu em seco. Teria que arriscar. Puxou de Kansho e de Bakuya e colocou-as em modo defensivo, no momento fulcral do ataque. Mas o braço de Leo permaneceu estático, a poucos centímetros de Kristea. - Isso é maneira de se tratar uma menina? Aquela voz… Kristea sorriu, radiante. O seu melhor amigo estava de volta. O seu anjo… Agora nada de mal poderia acontecer. Ele estava ali, com ela. - Bem-vindo de volta! Tive saudades tuas… - Eu também senti a tua falta, Kris… Continuas o mesmo íman de sarilhos, pelos vistos… - Não pude fazer nada para o evitar… - Vamos lá acabar com isto. Temos muito para falar, ‘menina ninja que cai das árvores’ – disse Ryu. Depois virou-se para LafBael: - Mantém-te recusada com a Kristea. Se ele passar por mim, vai direito a vós e é aí que intervéns. LafBael concordou e afastou-se com Kristea para junto de um arvoredo mais denso. Kristea apenas podia observar, enquanto Ryoutarou impedia Leo, completamente fora de si, de avançar na sua direcção. Aquele cheiro a sangue atordoava-a. Aquilo havia despoletado aquela reacção em Leo. Tirou algumas ligaduras limpas e um pequeno trapo da sua bolsa e tentou limpar o corte, que parecia entranhado na sua pele. O sangue já estancara, o que lhe dizia que o corte havia finalmente parado e provavelmente deixado alguma marca. Não foi difícil remover o sangue, deixando à vista uma cicatriz trabalhada, que parecia esbranquiçar a cada momento que passava. Havia algo que não lhe estavam a contar. A cicatriz e Leo talvez estivessem relacionados. Mas agora precisava de terminar aquele combate desnecessário. Será que conseguiria parar Leo, na sua batalha desmedida, quando estava naquela estado? Kristea, de alguma maneira, acreditava que sim. Respirando fundo, avançou.
Última edição por Shibiusa em Seg 1 Dez 2008 - 18:28, editado 1 vez(es) |
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Registo Ninja Nome: Ayame Midori Ryo (dinheiro): 5470 Total de Habilitações: 228,5 | Assunto: Re: [Filler 12 - Haarina Kristea] Lua Qua 10 Set 2008 - 16:22 | |
| Bem, nem imaginas o meu espanto quando cheguei aqui e vi os teus comentários todos... Vou apenas responder a este (incluindo os outros neste ). Muito obrigada! : : Fico contente que estejas a gostar. ^^ |
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