Uma semana se tinha passado desde o último treino em conjunto com Gustak. Algumas implicações da parte de Otaku eram escutadas na hora da refeição. Um ambiente familiar e de espirito aberto era o que se encontrava na cozinha da família Hozuki. Um ambiente com lugar para críticas e piada menos respeitosas. A parte física da cozinha, só em si já convidava a tal acontecimento. Uma mesa redonda que suscitava conversas, algumas interessantes outras nem tanto. Uma lareira para os dias mais frios e uma dispensa que fazia inveja a várias famílias.
O tópico de hoje à mesa era sobre os treinos de Otaku. Ou pela falta deles. Já fazia algum tempo que o jovem Hozuki não treinava, pelo menos na presença de seu pai.
- Ainda bem que não treinamos esta semana… - contestava ironicamente Otaku.
- Não te preocupes, tira proveito do descanso, pois, esta semana vai ser a doer.
- Ai vai? Estão-se ambos a esquecer que temos visitas esta semana? Espero que sejam bons anfitriões. Vai ser mais uma semana sem treinos, lamento te desapontar Otaku. – Argumento que desanimou as duas “crianças” da casa. Vindo de Kaita, a mulher que envergonha qualquer homem. Autoridade e convicção são as maiores características desta mulher de família.
***
Já era domingo. Não um simples domingo. Em condições climatéricas talvez seja, mas no resto não.
- Truz truz. – um som que ecoava da porta de madeira até à sala de estar. Aquele som que significava a chegada de familiares. Aquele género de familiares que ninguém gosta de receber em casa. Um tio gordo de nome Godaiko, um ex ninja excelente. Ou pelo menos acredita-se que tenha sido, ou então é um ótimo mentiroso. Não é que seja má pessoa, mas, irritava profundamente Otaku.
Um jovem tão ambicioso que sonha em ser o melhor, não tolera alguém que vive na sombra do passado. Taitana mulher de Godaiko e cunhada de Kaita. Uma típica ferreira, algo não muito normal, no entanto já é tradição de família. Gustak sempre invejou seu irmão, não a nível de habilidades, mas a nível de armas. O casamento entre os tios de Otaku foi um bom arranjo. Pelo menos na visão do jovem Otaku. – Um casamento perfeito. Um ninja bom, a casar com a melhor ferreira da cidade é um ótimo negócio. Equipamento de graça. – Pensava com os seus botões.
A inveja de Gustak para com Godaiko não ficou parada no tempo. A inveja passou de geração. Os primos de Otaku eram também bastante sortudos em aspeto de armas. Helko e Jata, dois jovens da idade de Otaku, porém, duas pessoas minimamente irritantes. Pouco faziam pela vida e mesmo assim brilhavam. Helko tal como Otaku começara a aprender o hijutsu do cla. Começaram ao mesmo tempo, mas Helko estava bem à frente de Otaku. Jata tal como sua mãe herdou a vontade de ser ferreira, e fazia pequenas armas para seu irmão.
Kaita como tem habituado a família era a única que se sabia comportar. Tinha um comportamento tão indiferente e feliz que irritava o resto da casa. Fingia bem demais que gostava dos seus familiares. O que deixava Gustak e Otaku fora de si, pois assim seriam mais comuns as visitas.
***
- Otaku vai buscar cadeiras para os teus primos, não sejas mal-educado! – ordenou Kaita.
- Oh tia não se incomode. – Respondiam em coro os seus sobrinhos fazendo-se de santinhos, o que irritava ainda mais Otaku.
Otaku entretanto voltou com duas cadeiras acompanhadas com uma pitada de desagrado. Começaram a almoçar como se fossem uma família felicíssima. Debateram alguns assuntos, assuntos tipicamente chamados de “meras cortesias”. Eram as mesmas perguntas e as mesmas palavras todos os anos. Quando o jovem Hozuki estava prestes a explodir, no meio das provocações dissimuladas dos seus primos e perguntas irónicas sobre a carreira ninja de Otaku.
- Então franganote, já fizeste alguma missão?
-Truz truz. – Bem dita a hora que alguém bateu à porta. Otaku disfarçadamente levantou-se e foi abrir a porta, mas com planos de ida e não de volta.
-Por favor que seja algo que me tire daqui. – Pensou o franganote. Abriu a porta e por sua enorme surpresa viu um ninja que nunca antes tinha visto. Sem tempo para inquietações o senhor apresentou-se.
- Boas Otaku! Vou ser bastante rápido. Sou um jounin de Kiri como podes comprovar e venho a mando do Kage. Foste selecionado para uma missão de rank C. Mais pormenores te serão dados na presença do Kage. Não há tempo para mais demoras, vem comigo. A situação será mais tarde explicada aos teus pais.
Foi neste momento que o jovem questionou a existência de algo divino. Um anjo da guarda talvez. Um anjo da guarda de nome Okashi que o resgatou da seca familiar.