Tempestade
Acordei sobressaltado. Senti rapidamente o cheiro a peixe e suor. Estava deitado na cama, no quarto que me foi destinado. Olhei pela janela pequena e reparei que ainda era de noite, mas o barco agitava-se com demasiada força. Algo de estranho se passava ali. Senti uma forte dor no braço, levantei a manga e vi a marca novamente vermelha e a brilhar:
-"Atreveste-te no mar? Então no mar morrerás!" - dizia um eco sinistro no quarto
De repente algo embate contra o barco e eu sou atirado para o outro do quarto e bato com a cabeça na parede, fazendo um corte ligeiro na cabeça e uma abertura na madeira da parede. Lá fora ouvia-se o Capitão a gritar para os seus homens. Com algum esforço, cheguei à porta do quarto e abri-a. Os restantes passeiros espreitavam pela porta dos seus quartos:
- O que é que se passa? - perguntei aos passageiros, enquanto avançava para as escadas
Ninguém sabia dizer. A voz voltou, mas desta vez ecoou por todo o corredor:
- "Existem muitas perguntas, mas escassas respostas..."
"Mas o que raio vem a ser isto?"
A minha cabeça estava a mil à hora. Agarrei-me aos corrimões e comecei a subir. Um arrepio gelado percorreu-me ao ouvir o último grito de terror de um dos marinheiros. Abri a porta e fui "atropelado" pelo horror. Uma enorme criatura, parecida a um polvo gigante, rodopiava os seus negros tentáculos sobre o barco. O polvo espetou um dos seus tentáculos no convés dos passageiros e rapidamente retraiu-o, trazendo consigo três passageiros. Levou o tentáculo ao cimo e apertou os corpos até estes rebentarem. Sangue e orgãos esmagados escorreram pelos tentáculos e mergulhavam na água, manchando a fria água de um vermelho vivo. Os meus olhos cruzaram-se com os do polvo e aí ele parou. Parecia que ele tinha encontrado o que ele à tanto procurava. Todos pensaram que ele ia embora, mas de súbito ele voltou ao ataque. Contraiu os tentáculos e deu um enorme berro, como que a libertar a sua raiva à tanto contida. Dois tentáculos elevaram-se e desceram, rapidamente, sobre o barco, partindo-o em 3 partes. Com o choque sou atirado para trás, mas algo agarra-me e aperta-me. Olho e vejo ser um dos tentáculos:
- "Muias perguntas, mas escassas respostassss....." - disse a voz num sibilar arrepiante
O braço começou a arder, a marca começou a brilhar. Tudo começou a andar à roda e a acontecer muito depressa. As palavras da voz misteriosa ecoavam pelo ambiente. Fechei os olhos e de repente, tudo parou!Abri os olhos o seu típico vago branco. Estava todo suado e todo arrepiado. Olhei em volta e estava tudo calmo. Cheirava a brisa marítima e gaivotas voavam lá fora, emitindo os seus típicos sons. Levantei-me e passei a mão pela cabeça. Levantei a manga e deixei-me levar pela marca. Como é que era possível eu levar-me por algo tão estúpido como aquela marca? Tapo a marca e, despropositadamente, olho para a parede e assusto-me ao ver uma falha na madeira, no mesmo que sítio onde eu tinha batido no pesadelo:
- Mas como....?! - perguntei em voz baixa
Fui interrompido pela buzina do barco. Era o sinal que tinhamos chegado a Kiri. Arrumei à pressa as minhas coisas e saí do quarto, correndo pelo corredor fora até sair do convés dos passageiros. Dirigi-me ás escadas de acesso ao porto. Junto a elas estava o capitão do barco:
- Arigato pela viagem Senhor. - felicitei-o
- Ora essa meu caro, volte sempre que necessitar dos nossos serviços.
Dei uma última despedida antes de descer para terra. A minha missão começava finalmente. Dentro de poucos dias ia tudo acabar. Comecei a caminhar para cima do porto. Rapidamente entrei na tão famosa névoa de Kiri. Coloquei a máscara e comecei a utilizar diversos shunshins para subir o monte. Uma vasta planície revelou-se e no fundo, dois amontoados elevavam-se: um era a vila, outro era o meu destino. Fui avançando pelo húmido espaço, passando por algumas aldeias e descampados.
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A vila estava cada vez mais próxima, mas não era minha intenção visitá-la, mas eu precisava de um guia. Não me podia aventurar naquela montanha ás cegas. Retiro a máscara, revelando a bandana de Konoha, e guardo-a na mochila. Aproximo.me, cautelosamente, da pequena casinha que servia de "receção" da vila. Assim que os guardas aperceberam-se da minha presença, um deles gritou:
- Nome, Vila e propósito da vinda!
Aproximei-me mais e respondi:
- Hyuuga Kamawa, Konoha e vim pois preciso de um guia experiente nestas montanhas.
Os guardas começaram a sussurrar um para o outro:
- Existe um excelente guia que conhece estas montanhas como ninguém, mas......ele ficou louco. - disse o guarda a esquerda - Não é aconselhável.
- Louco? - perguntei
- Sim, louco. - respondeu o guarda da direito - Há cerca de 10 anos ele decidiu terminar o seu mapa das montanhas, mas um dia ele encontrou algo naquelas montanhas que o fizeram destruir o mapa, que demorou 20 anos a ser feito com precisão. Quando o viram ele estava com as roupas rasgadas, o cabelo grisalho e balbuciava palavras sem nexo nenhum.
- Os médicos disseram que ele estava demente! - concluiu o guarda da esquerda
Fiquei a pensar durante breves momentos:
- Onde posso encontrá-lo?
- Estás doido forasteiro!? O velho está completamente demente. Há 10 anos que ninguém o vê na rua! Nem para comprar comida! - gritou o guarda da esquerda
Repeti a pergunta serenamente:
- Onde posso encontrá-lo?
O guarda da direita suspirou e falou:
- Irás ter com ele por tua conta e risco, hai?
- Hai.
- Muito bem, a casa dele fica perto do lago da vila. Desça esta rua até ao fim e depois vire à esquerda. O lago não fica muito longe daí e é possível ver a sua árvore. A casa é cinzenta com um telhado verde-escuro. Boa sorte.
- Arigato. - agradeci antes de partir
"Espero que eu consiga alguma coisa com este velho. Tenho a certeza que o que ele encontrou é o que eu procuro..."
Utilizei mais uma combinação de shunshins para chegar ao lago, não muito longe de onde eu estava.