Convocatória
~ A proximidade dos lobos ~
A família tinha despertado há pouco tempo. Ainda se via a correria familiar em volta dos pais e filhos, enquanto os últimos perguntavam aos primeiros da localização de alguma coisa que estaria fora do seu lugar. Desde que Yuriko, a pequena flor da casa dos Midori, entrara para a Academia Ninja, cada um fora responsabilizado de algo novo para contribuir de forma positiva para aquele frenesim organizado. Nadeshiko passava a ferro a roupa da filha mais nova, Yuriko, que, por sua vez, arreliava Kousetsu, a cria mais jovem de Haru. Ayame preparava os pequenos-almoços, enquanto Kazuma fazia o obento da irmã mais nova. Seishirou, o pai, ficara incumbido de tratar das camas agora que a esposa não tinha tanto tempo disponível para tratar da lida da casa matinal. Quando todos terminaram os seus afazeres, juntaram-se para tomar o pequeno-almoço em família, como Nadeshiko sempre fizera questão.
Pouco faltava para as nove horas da manhã, hora em que todos se dirigiam habitualmente para os seus deveres, quando algumas batidas na porta das traseiras os fizeram calar e dirigir o olhar para a mesma. Yuriko saltou do banco para a abrir, como gostava de fazer. Nadeshiko rapidamente a impediu.
- A mamã vai lá, está bem? – disse suavemente. A menina anuiu e colocou-se atrás dela para espreitar os visitantes.
Ela reconhecia aquela presença. Não precisava de abrir a porta para saber quem era. O seu coração batia a mil sempre que eles apareciam. O medo que lhe tirassem os filhos era superior a qualquer racionalidade naquele momento. Mas abriu a porta.
Duas figuras, uma feminina e outra masculina, com mantos castanhos, decorados de flores cor-de-rosa, detinham-se educadamente abaixo do pequeno degrau da entrada. Na mão do homem estava um pergaminho. Uma vez mais, Nadeshiko não precisava de nenhum poder para saber o seu conteúdo. Olhou desesperadamente para o marido e, em seguida, para os filhos mais velhos, enquanto a pequenina se agarrava mais a ela ao se aperceber do ambiente hostil que surgira. Seishirou voou ao seu encontro, colocando-se ligeiramente à frente da sua família. Kazuma e Ayame ficaram atrás de todos eles, como os protegidos da família.
- Kazuma Sakuragi, Ayame Sakuragi – iniciou a mulher pausadamente, esperando o desenrolar do pergaminho. Estava a trata-los pelo apelido da mãe, apelido esse que os seus pais nunca quiseram assumir nem dar a qualquer um dos três filhos.
- Vimos por este meio convocar os indicados para se apresentarem dentro de 7 dias, a esta mesma hora, no Pavilhão das Cerejeiras, a fim de ser iniciada a preparação para o encontro real – continuou o homem num tom monocórdico, estando escondido pelo pergaminho desenrolado.
Ayame sentiu-se ainda mais nervosa após aquelas palavras. Uns braços rodearam-na para a acalmar; os braços que a tinham protegido durante toda a infância. Ninguém melhor que o seu irmão para saber o que ela estava a sentir e a precisar.
- É requerido que possuam os brincos convosco para uma identificação imediata. Caso não compareçam na data indicada, serão tomadas medidas imediatas, incluindo a facilitação de um meio de transporte – acrescentou a mulher, num sorriso incompreensível para a gravidade da situação. – Uma continuação de bom dia.
Seishirou não se afastou da porta até ver o duo sair dos terrenos da família. Voltou-se rapidamente para Nadeshiko, pálida como um lírio, e colocou as suas mãos na face dela. Os seus filhos seriam atirados aos lobos e eles não podiam recusar pelo bem de todos. Como mãe e como descendente dos Sakuragi, ela sentia-se culpada por passar tal sofrimento a quem mais amava. Ele não a julgava, compreendia-a. Apenas podiam confiar nos seus filhos e esperar que a sua formação fosse suficiente para os trazer de novo a casa. Oxalá eles não se apercebessem do que faziam aos mais fracos…
- Spoiler:
Desculpem, desculpem... Estava a fazer a minha cronologia no meu tópico e apercebi-me que faltava este filler. Não sei como é possível ter saltado -.- Mas pronto, já aqui fica...