Resultados
~ Nervos e o retorno de um amigo ~
O dia tinha finalmente chegado. Na opinião da kunoichi, parecia mais o dia do juízo final. Não que ela se importasse de combater. Adorava fazer missões, mas duelar era completamente diferente. Via algum objectivo ou direcção numa missão, coisa que sentia falta num duelo. Ganhar ou perder não era objectivo suficiente para ela, especialmente quando aquele torneio nada lhe dizia. Apenas estava lá por Yuriko, a sua adorada irmã mais nova, e pela sua família, preocupada que lhes pudesse acontecer algo se recusasse fazê-lo. Os Sakuragi tinham poder suficiente para lhes fazerem a vida num inferno se quisessem.
Para não ajudar à sua disposição (ou à falta dela), o duelo dela e de Kazuma contra Shirou era o último colocado na calendarização daquele dia, o que significava que ela teria que assistir aos outros combates antes do dela. Definitivamente, não estava a correr bem o dia.
Depois de verificarem a ordem dos combates, Ayame, Hikaru e Kazuma subiram para a bancada da arena reservada para efeitos do torneio. Já se encontravam lá as irmãs Yurioka, que ficaram empolgadas por os ver e chegaram-se para o lado para lhes dar espaço para se juntarem a elas. Yuji e Misa, os dois sunanin, juntaram-se ao já grande grupo, cumprimentando-os e conversando alegremente com todos. Noboru, o iwanin, preferiu manter-se um pouco afastado para ter sossego a observar os combates e Rina não tardou a juntar-se a ele, mantendo o silêncio entre eles. E nada precisava de ser dito. O ambiente entre eles era de compreensão. Um pouco perturbado com uma leve centelha de nervosismo, muito possivelmente devido aos sentimentos que tinham surgido com o tempo.
Em pouco tempo, as bancadas começaram a encher-se de público, desde simples habitantes na vila a fanáticos por duelos que tinham ouvido falar de um grande torneio entre nobres e resolveram viajar para assistirem ao embate. O torneio era de entrada livre e qualquer um interessado poderia entrar para assistir.
O primeiro duelo era entre Yuu, de Kumo, e os irmãos Ibara de Yuki. A diferença entre os dois lados era considerável. Yuu era jounin e reconhecido como muito talentoso. Já os Satomi e Riku eram ambos chuunin e a única coisa que jogava a favor deles era o número. Podiam, no entanto, virar o jogo para eles e ganhar com uma boa estratégia. Ayame considerou que seria um duelo interessante de se analisar e que a dupla poderia ter alguma hipótese, ainda que reconhecesse o grande talento do kumonin que se mudara para a porta ao lado. No entanto, Yuu acabou por vencer e com facilidade, arrumando assim os yukinin do torneio.
Ainda debatiam sobre esse mesmo duelo quando Rina e Noboru entraram na arena e se colocaram em posição, esperando a ordem de início por parte do árbitro. O olhar fixo de Rina naquele que amava fez o coração de Ayame saltar uma batida. Era intenso, impossível, doloroso. Noboru fitava-a de igual forma, mostrando assim retribuir o que ela sentia. Estavam, no entanto, a fazer aquilo que lhes era pedido. Contra a vontade dos dois, iriam enfrentar-se. E a konohanin não conseguia compreender isso.
O combate foi tão intenso quanto os sentimentos dos dois, que pareciam chocar a cada movimento. Quem não discernisse o ambiente ali na arena, diria que eles eram bastante equilibrados, o que até poderia ser verdade. Em termos de poderes, até seria algo renhido. Mas os sentimentos eram uma força do outro mundo. No final, Noboru ganhou, ficando no ar se Rina teria cedido na vitória, especialmente depois da forma como ela o olhou. Não surpreenderia se o tivesse feito por amor.
Tinha terminado assim o segundo combate. O tempo começava a passar e a pesar na cabeça de Ayame. Estava nervosa com a ideia de lutar e tinha que o admitir. Não tinha medo de Shirou, mas ele era, no mínimo, incomodativo com o seu ódio injustificado e desmedido. E, de qualquer das formas, não gostava de duelar. Não tinha prazer nenhum em fazer algo sem objectivo pessoal. Precisava de sair daquele ambiente, abafado de aplausos, gritos e expectativas. Precisava de acalmar o seu coração. Pensou em afastar-se quando o sensei a interpelou:
- Ayame? Estás bem?
Kazuma encarou a irmã com alguma preocupação, conseguindo ler bem a situação. A cara dela devia estar a reflectir o nervosismo dela, pensou ela. Ser tão transparente não a tinha ajudado naquele momento.
- Hum-hum – anuiu, mentindo. Não valia a pena preocupá-los com algo tão insignificante. - Acho que preciso apenas de apanhar um pouco de ar – justificou ela, omitindo a ansiedade que estava a sentir. Sacudiu a cabeça, tentando afastar aquele mal estar.
E, com isso, abandonou o grupo momentaneamente. Não viu Yuji e Misa a entrarem para a arena com Naomi e Akemi, não viu o combate deles. Não viu as representantes de Yuga perder em questão de minutos. Os sunanin eram simplesmente demasiado poderosos para uma dupla de gennin e chuunin. Naquele momento, aquilo não importava. Ayame precisava de paz.
Entrou no balneário da arena, na esperança de refrescar as ideias. Precisava de lavar a cara com água bem fria, recuperar a sua calma e sanidade. Nada ia acontecer. Nada. Kazuma ia estar lá com ela e juntos haveriam de calar aquele kirinin estranho que não dizia coisa com coisa.
Sentou-se num dos bancos depois de refrescar a cara. Estava mesmo a precisar daquilo. Encostou-se para trás, a olhar o pensativo tecto. Não conhecia, de facto, Shirou para afirmar que ganhariam, mas estava praticamente tudo a favor deles.
- Só faltava isso correr mal… - murmurou ela para si mesma.
- Bem, lado positivo. O teu tamanho de copa aumentou.
Ayame reconhecia aquela voz. Quando se voltou para ele, confirmou as suas suspeitas. Itari, o seu amigo kumonin, estava à porta do balneário, com um soutien de alguém nas mãos. Já não o via há bastante tempo. Mas claro que aquele não era tecnicamente o Itari. Ele não faria aquilo.
- Kentai – murmurou ela.
- Spoiler:
Sim, filler pequeno e a ajudar o Jacob a voltar à activa
A próxima parte é dele