Reviravolta
- Foi um excelente treino meu rapaz e mostras-te umas qualidades fantásticas! - dizia o dono da casa - Contigo na equipa estamos muito bem equipados. Daqui a nada podes subir, mas vamos antes esclarecer o plano com todos: Partimos amanhã em diferentes grupos para não levantar grandes suspeitas, talvez grupos entre 3 a 5 pessoas. Encontramo-nos a alguns quilómetros da vila, perto de uma cabana usada para a caça, quase na montanha. Quando nos reunir-mos irão ser feitas equipas: ataque, defesa e suporte, e penso não ter de esclarecer o que significa cada equipa para vocês. Antes de anoitecer eu irei providenciar um acampamente improvisado pelos meus conhecimentos. No dia seguintes partimos á mesma hora e talvez cheguemos á fortaleza antes do meio-dia do 3º dia Perceberam?
Todos afirmaram que sim:
- Ótimo, então podem ir subir para descansar ou jantar antes.
Estava cansado, suado, com a pele e roupas rasgadas, queimadas e manchadas. Todo o meu corpo doía e os olhos pesavam. O treino tinha corrido bem, mas eu não sabia se podia confiar a 100% neles. Levantei-me e subi a escadas e entrei no quarto.Estava num quarto que me foi destinado para aquela noite: simples, com uma cama, uma mesa de cabeceira e uma cómoda, uma casa de banho e uma janela. A ideia era partirmos depois de almoço em direção á montanha e, no máximo, três dias depois estávamos na fortaleza. Alguém bateu á porta:
- Está aberta... - disse
A porta abriu-se e uma rapariga colocou a sua cabeça para dentro do quarto:
- Boa noite, pediram-me para lhe vir trazer o jantar, pois podia estar cansado... - disse numa voz doce
Aproximei-me dela e recebi o tabuleiro:
- Obrigado.
Ela sorriu timidamente e fechou a porta. Sentei-me na cama e comecei a comer o que parecia massa. A noite estava bela: estrelada e reluzente. Senti um leve desconforto no quarto, como se alguém me estivesse a espiar.
"Mania da perseguição, também!"
Mesmo assim, olhei para a porta para ver se estava alguém a olhar. De repente ouvi um leve "batuque" na porta. Levantei-me e abri-a, mas ninguém estava do lado de lá.
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- Doutor e como vai o progresso dele?
- Bom, nós vimos algumas melhorias no processo dele, mas a doença evoluíu drasticamente e ele parece estar numa realidade diferente, mentalmente, preso numa ilsuão que o cérebro dele criou para se proteger, e isso poderá ser um problema... - respondeu o homem enquanto olhava os papéis - Recentemente descobrimos que a esquizofrenia e o transtorno dissociativo de identidade, ou dupla personalidade, fundiram-se numa só.
- M-mas o que é que isso quer dizer? Já não passou a fase em que ele era um perigo para ele próprio? - perguntou a mulher começando a soluçar
- Era isso que nós pensávamos, mas a doença evoluí e regride, assim como a sua recuperação, pois agora lutamos com duas doenças. Vamos esperar mais alguns dias e aí poderei dar-lhe uma resposta mais conclusiva.
- Muito bem. Antes de ir embora....posso vê-lo?
- Claro! Venha comigo.
O médico e a senhora saíram do gabinete e foram avançando pelos corredores. Momentos mais tardes entravam numa corredor com uma placa dizendo "Ala Psiquiátrica". Avançaram mais alguns metros até pararem em frente a uma porta branca, assim como toda aquela ala, com uma pequena janelinha no centro:
- Ali está ele... - disse o médico
Lá dentro havia uma sala média com uma cama de ferro com lençóis lavados, uma mesa de madeira, com vários desenhos de casas, símbolos, alguém vermelho e outro amarelo, um barco, ondas, aves, cavalos, etc... e folhas rabiscadas ou escritas, um compartimento com uma mini-casa de banho e uma janela com grades com vista para Konoha. Um jovem descalço, usando uma camisola branca e umas calças de pijama pretas, estava sentado na mesa a comer o seu jantar enquanto olhava para o céu pela janela. No seu braço direito estava marca de vários cortes auto-infligidos. O seu cabelo era mediano, não muito curto, dourado e a sua pele era pouco morena. As lágrimas começavam a querer sair pelos olhos esbranquiçados da senhora. O rapaz parou de comer e percebeu que alguém o observava pela porta. Ele virou cara mostrando uns olhos conhecidos por todo o mundo shinobi. A mulher desfez-se em lágrimas quando os olhos do rapaz se cruzaram com os dela. Ela bateu com a mão na janela, fazendo sinal:
- Sou eu... - ela chorava - Lembras-te?
Ele pousou o garfo e levantou-se caminhou lentamente para a porta, como que a mirar cada pormenor que ela continha. Aproximou-se da janela e olhou para a mulher. Ficaram assim durante breves momentos até que uma lágrima fugiu pelo olhar do rapaz:
- Lembras-te meu amor? - perguntou a mulher entre as suas lágrimas
Ele olhou bem para os seus olhos, a vasculhar toda a sua alma, e outra lágrima caiu. Abriu a boca e baluciou:
- M-m...Mãe....
Caminhou para trás e agarrou um desenho em cima da mesa e voltou para a porta, encostando o desenho na janelinha. O desenho era de um detalhe perfeito e mostrava dois rapazes iguais, um homem e uma mulher em frente a uma enorme mansão, mas um dos rapazes estava afastado deles, desenhado junto a um canto. Ele atirou o desenho para o chão e correu para a outra janela, ficando agarrado ás grades enquanto chorava olhando para a sua querida e amada vila. A mulher caminhou lentamente para trás:
- Eu preciso dele aqui Doutor... Cure-o Doutor, cure-o... - pedia a mulher, antes de sair a correr em lágrimas