Há tempos eu não via aquele objeto. Meses, anos, não sei precisar quantos passaram da última vez que tentei usar aquilo. Lembro da Miku-san parabenizando-me por ter conseguido usar o Baburu-kei mesmo ainda tão jovem, e que era eu uma criança promissora no mundo ninja. Depois de tudo, larguei aquele soprador no porão; mas hoje decidi vasculhá-lo, na tentativa de deixar as fraquezas do passado para trás e seguir em frente, onde acabei reencontrando aquele objeto.

Após limpar a poeira, colei meus lábios no devido local e assoprei. Previamente havia concentrado uma dose de meu chakra, misturando-o ao ar que entrava em contato com uma solução que permitia a formação de várias pequeninas bolhas. Meus olhos fixaram-se no doce movimento daquelas bolinhas voadoras, mas será que o jutsu em si havia sido um sucesso? Sim, seria risível as minhas bolhas serem aquelas comuns de crianças, então sem pensar por um instante, estiquei meu braço e estourava uma delas com meu dedo indicador. Péssima escolha: ao rebentar, a inocente bolha libertava um pouco de um pó vermelho que imediatamente caiu em meus olhos, causando uma reação urticante imediata.

Larguei o soprador e pus as mãos nos olhos, com um incômodo terrível. Como eu pude ser vítima do meu próprio jutsu? Estava revoltada comigo mesma! Consegui acalmar-me um pouco ao lembrar que, ao menos o jutsu fora um sucesso e eu não estava assim tão enferrujada. Já podia defender-me de crianças mais irritantes, que cochichavam pelos corredores da Academia que eu devia ser muito burra para ter a idade que tenho e ainda não ser nem gennin. Subi as escadas de volta à sala, e dirigi-me a cozinha a fim de lavar meus olhos. Não tardou a amenização dos efeitos, e já podia ao menos enxergar novamente; era o suficiente para ir a uma farmácia comprar um colírio, e foi o que fiz.

Havia uma próxima à minha casa, e então lá fui. Peguei alguns ryos e dirigi-me ao estabelecimento, tentando manter os olhos o mais confortavelmente possível. Até que fui dobrar a esquina e dei de cara com uma parede, magoando-me o rosto. Abri os olhos e nada via, mas colocando a mão podia sentir uma superfície áspera. Também ouvi um risinho mais ao longe, e entendendo a situação, parei meu fluxo de chakra e libertei-o de uma vez alguns segundos depois. Ao abrir meus olhos, podia ver agora a parede que outrora estava às minhas costas. O riso imediatamente cessou, mas como eu já havia decorado de onde partia o som, concentrei meu chakra na sola dos pés e escalei a parede, virando-me à direita depois de atingir o telhado. Uma criança de 11 ou 12 anos lá estava, assustando-se com a minha repentina presença. Franzindo o cenho, ela sacava uma kunai e adotava uma postura hostil, ao mesmo tempo em que encontrava-se confusa:

- Achavas que eu não era capaz de sair de um genjutsu? - perguntei, calmamente.

- Tsc, pelo menos não tão facilmente... E principalmente este genjutsu em especial, que não é tão comum estudantes de Academia dominá-lo - respondia a garota, visivelmente surpresa.

- Julgo eu que seja por conta do controle de chakra. E então, foi divertido brincar comigo daquela maneira? - perguntei novamente, alterando a voz para um tom mais repreensivo.

Ela não respondia. Percebi que seu corpo começava a ficar tenso, o que indicava uma possível corrida - que não tardava a acontecer. De kunai em mãos, ela visava ferir-me, mas habilmente desviei-me para o lado. Ela era suficientemente rápida e conseguia retomar o ataque, mas consegui interceptar sua mão que portava a arma ao agarrar seu pulso. Não contava porém com um belo chute em minha perna, que pegando-me desprevenida, fez-me soltá-la. Sorrindo, ela avançava uma vez mais contra mim, conseguindo raspar a lâmina em minha bochecha esquerda. Senti um fio de sangue escorrer em minha face, então respirei fundo e avancei contra aquela garota. Não importava-me que ela portava uma kunai de verdade ou que aparentemente soubesse técnicas ninja mais avançadas, eu realmente tinha atingido meu limite de paciência. Não sei que feições foram estampadas em meu rosto, mas minha fúria visivelmente assustou-a um pouco; pude vê-la hesitar pouco antes de decidir atacar-me novamente.

Desviei-me levemente para a direita, executando um rápido giro em 90° para empurrar suas costas, deixando-a ir de encontro ao chão. Seus joelhos foram magoados, mas ela não desistia e tentava uma nova investida, conseguindo agora cortar-me pouco acima de meu joelho direito. Apanhada de surpresa, desviei minha atenção, e ela aproveitou para dar-me uma bem sucedida rasteira; minhas costas doeram bastante quando entraram em contato com o solo, e se eu não fosse suficientemente rápida e rolasse para o lado, eu com certeza não estaria contando este fato, pois ela enterrava a kunai com força no exato local onde segundos antes estava minha cabeça. Aproveitando-me da nova situação, pontapeei a garota e obriguei-a a largar a arma; montando em suas costas e puxando fortemente seus cabelos, levei seu rosto de encontro ao chão por algumas vezes que não consigo contabilizar, mas foram suficientes para sangrar sua bela face. Ela gritava, e não tardou a aparecerem dois chuunins que passeavam ali perto, apartando aquela briga:

- Isto não fica assim, sua esquisita! Hás de pagar-me com juros e correção monetária! - bradava, enquanto tentava reprimir um choro.

Finalmente quando ela ia embora, lembrei-me de ir à farmácia. Concentrando meu chakra na sola dos pés novamente para conseguir maior estabilidade, corri pelos telhados por um caminho bem mais curto que o habitual, e mais alguns saltos para conseguir descer à rua; mas à frente do estabelecimento, percebi que havia perdido os ryos que tinha trazido comigo. Suspirei fundo e decidi correr de volta à minha casa: afinal, as pessoas incomodavam-me, e no fim das contas, o efeito da bolha cegante já havia passado. "Ótimo, só saí de casa para arrumar briga e perder dinheiro. Não demora e eu entro na vida de apostas!", pensei enquanto ligeiramente dirigia-me ao meu lar. Mas eu estava feliz, afinal o soprador ainda tinha utilidade - e principalmente, ainda lembrava do que Miku-san ensinou-me quando menor. Chegando em minha residência, corri ao porão e novamente peguei naquele objeto. Concentrei mais uma dose de chakra e soprei mais bolhas, que em tese não seriam iguais às anteriores. Para conferir, novamente estiquei meu braço e estourava uma delas com meu indicador. O porão encheu-se de fumo, que inalei em grande quantidade. Tossi e subi à sala desesperada, à procura de ar e levemente tonta. "É, preciso parar de ser tão idiota", pensei antes de abrir as janelas e cair exausta no sofá, onde cochilei por duas longas horas.

Spoiler:

Reservo

Ai, desculpa interromper... não resisti.

Eu chamo Harima de faxineira não é a toa... ela estava fazendo a limpeza!

Falei que essas bolhas de sabão eram para trabalhos domésticos! (Uma bolha tira a poeira, outra deixa a roupa limpa, outra faz a coisa mais difícil que é deixar um vidro perfeitamente limpo etc.)

Pronto, é só que não resisti ler a faxineira a trabalhar hahaha.

HN
Ninjutsu: 3 + 0,75
Taijutsu: 1 + 0,75
Kenjutsu: 2 
Genjutsu: 3 + 0,25
Selos: 2 
Trabalho de Equipa: 1

HC
Força: 1 + 0.5
Agilidade: 3 + 0,5
Controlo de Chakra: 4 + 0,5
Raciocínio: 1 + 0,25
Constituição: 3 + 0.25

3,5/7

Total: 3.75 + 24 = 27,75

Comentário: Espera, calma. Deixa eu ver se entendi... A Harima se feriu com o próprio jutsu, saiu à rua e começou a brigar com uma CRIANÇA? Gosh, essa mulher é muito fraca D: deveria matar logo, ao invés de sair pra baixaria dos puxacabêlo.
Agora sério, o treino foi fraco pois reservaste muito tempo para explicar coisas triviais, como o passado. Outro motivo é por não teres alguém que te treine, né :3

Reserva mais espaço para as descrições da batalha no próximo treino, ok? :3

Sim, Harima é noob, sem noção e ainda bate nos mais fracos (ou não...)
Thanks pela avaliação, Loanzito! E don't worry, ela logo conhecerá o Azura