Já se tinham passado dois dias após a missão ter terminado. Kristea e Angelus tinham ido para o hospital. E tudo culpa da imprudência dela. Mas tudo se resolveu.
E, enquanto agora toda a gente estava ocupada com os seus problemas, Kristea não conseguia tirar da cabeça a Visão que tivera no hospital, naquele dia da missão.
“Cabelos dourados, manchados de sangue… Morte… O rapaz moreno que a protegera… Penas brancas… Água que, em vez de dar vida, retirava-a… Fumo negro… Um abraço…” era tudo o que percorria a sua mente. Nem conseguia concentrar-se no treino.
Era tanta a dúvida, a incerteza que lhe enchia a alma, que toda a concentração se esvaía… Pousou as espadas ao seu lado e sentou-se de costas para o tronco onde treinava.
Ryu não a acompanhara nesse dia. Dissera-lhe apenas que tinha uns assuntos urgentes pendentes numa terra que ela não conhecia, pelo menos, pelo nome. E precisamente nesse dia é que ela acordara com um mau pressentimento. Aliás, muito mau, como nunca tivera antes.
O medo, que teimava em persegui-la, frustrava-a. Porquê? Porquê aquele dia? Porquê aquele medo? Eram tantas as perguntas para as quais queria resposta e não a tinha.
Pousou uma das mãos no chão relvado e húmido do orvalho matinal. O que estariam a fazer os outros ninjas? O que estaria a fazer Ryu? Preferiria estar com ele a ter de enfrentar aquela solidão… A sua mãe! O que estaria ela a fazer? Ia ajudá-la, ia ter com ela…
Levantou-se e reparou que se tinha cortado num vidro que estava no chão. Tirou o vidro e meteu um bocado de ligadura a absorver o sangue. Trataria do curativo em casa. Pegou nas espadas e meteu-as às costas. Tinha que se despachar, para estancar a ferida o quanto antes.
Pela primeira vez naquele dia, sentiu a preocupação desvanecer e a alegria a voltar para si. Então, correu para casa.
Ao chegar perto de casa, deparou-se com paredes destruídas e ainda se encontrava no exterior, nem queria imaginar o interior.
Uma sombra surgiu do interior da casa. Trazia Aya agarrada pelo colarinho, completamente inconsciente e com sangue a escorrer-lhe da cabeça pelos seus cabelos dourados.
“Cabelos dourados, manchados de sangue” ressoava na sua cabeça.
O homem vestido de negro que a transportava falou:
- Chegaste mesmo a tempo, h’aarina!
Enquanto dizia isto, busca um objecto que era remotamente parecido a uma faca.
- “Não… Não! NÃO!!!” – pensava Kristea, correndo para a mãe.
- Chegas tarde… - continuava a falar o homem, aproximando a faca do pescoço de Aya. – H’AARINA!
Ao dizer aquela última palavra, cortou o pescoço da mulher e esfumou-se, vendo-se apenas um fumo negro no lugar onde ele estava.
Kristea conseguiu amparar a mãe, mas era tarde demais. Ela estava morta… E parecia que já o estava há uns minutos… Ela abraçou o corpo inerte e ainda quente da mãe. Não queria saber se ficaria suja de sangue, só queria a sua mãe de volta!
Lágrimas escorriam-lhe pelo belo rosto, resultantes do choque de ver a sua mãe ser assassinada à sua frente e ela não conseguir fazer nada para o evitar. A esperança e a alegria morreram naquele instante e apenas o desespero habitava o seu coração.
Não conseguindo conter mais a tristeza que a invadia, apenas gritou. E a sua voz fez ouvir acima das vozes da Natureza. O grito sobrepôs-se ao cantar dos pássaros, ao som do vento… Pois era a dor que dominava aquele momento.

Muito bom!

Gostei especialmente da última parte... Muito profunda!

Muito obrigada! Fico contente que tenhas gostado. ^^

Não tens de agradecer... O teu trabalho é que é bom!