- Walter Makins? – Chamou William Skarsgård.
Walter Makins, que estava de costas, espreitou com o canto do olho. Viu um magricela esquisito e baixo, com um penteado que já ninguém usa – liso, pelos ombros, e com uma franja uniforme sobre toda a testa. No entanto, agradou-lhe a cor do cabelo – o rapaz tinha cabelos dourados, simetricamente cortados. Pensou que os vestia, como uma coroa.
De facto, William era baixo, magro e tinha um penteado irregularmente regular e invulgar. Mantinha um ar de seriedade, pois era um dia importante para si. O facto de segurar uma pasta dava-lhe um tom misterioso. O seu olho esquerdo transparecia calma – enquanto o direito estava tapado com uma pala - por ser de um azul claro e puro, mas, mesmo assim, conseguiu chamar à atenção de Walter que o passou a fixar com os seus também. Durante momentos, analisaram-se mutuamente, como dois cães que se cheiram na primeira vez que se conhecem. Ambos se acharam bastante diferentes; apenas transportavam os mesmos sentidos de interesse nos olhos.
Walter tinha uma imagem muito diferente da de William. William não conseguiu perceber se o rapaz que estava à sua frente tinha cabelo preto e madeixas vermelhos ou o contrário. Decidiu pensar no assunto como “um misto” de cores. Era alto; devia ter pelo menos um metro e oitenta. Era ligeiramente mais musculado, o que se notava em especial nos braços. Os seus olhos eram escuros e maquilhados, mas emanavam a mesma energia que as pérolas de William. Na orelha direita usava um brinco em forma de cruz.
No entanto, a primeira diferença que se notava – pelo menos os que viam de fora – era a indumentária. Enquanto William usava roupa básica – uma camisola de manga comprida azul escura, razoavelmente justa, e umas calças práticas -, Walter apresentava-se com um casaco vermelho escuro, grande, com um carapuço a tapar-lhe a cabeça. Nas costas, tinha bordado um emblema com um corvo, duas vezes a letra R em grande e
Red Raven no centro.
- Como é que sabes quem sou, rapaz com a pala? – Perguntou Walter.
- Então confirma-se. Tu és Walter Makins, filho de Vampyria Makins, a Sanguessuga. – Disse William, para espanto de Walter. – Eu tenho seguido todos os crimes da Red Raven Company desde os últimos dois anos, até aqui, os subúrbios da Vila Oculta nas Fontes Termais. Pelo menos os crimes noticiados nos jornais das pequenas aldeias. Tu és um dos carrascos, o quarto carrasco para ser exacto. Foste descuidado, conseguiram fazer um retrato teu no jornal. É a segunda ocasião em que eu te vejo. Da primeira vez que te vi e te segui, vi-te com um caixão mas percebi que não usavas o
Edo Tensei, e lutas com pequenas espadas e correntes. Não sei de onde vieste, mas sei que és forte. És, provavelmente, ou verdadeiramente observador e desprezas as mulheres ou homossexual. Sabes usar algumas técnicas muito interessantes, como as de invocação. Depois disso, perdi-te de vista perto das terras geladas.
- Uau, surpreso. Como é que sabes de tudo isso, rapaz da pala? – Perguntou Walter, sem dúvida deveras interessado. Depois de um breve instante, sorriu. – Porque é que queres saber isso tudo?
- Sendo filho de dois
Oinins da névoa, tive acesso a informações privilegiadas, como a identidade da tua mãe e a existência da Red Raven Company. Tu e a tua mãe são semelhantes. O resto foi ligar os pontos e seguir pistas. Depois de cometeres um crime numa aldeia, tens de ir para uma terra adjacente. Não é difícil. – Explicou William. – O meu nome é William Skarsgård, e quero ser um assassino da companhia.
- Skarsgård? – Walter reconheceu o apelido de William, mas recebeu-o com espanto e interesse. – O filho de dois Oinins quer entrar na companhia? Isto pode ser engraçado, sem dúvida. E vejo que és esperto e fizeste o teu trabalho de casa. Até davas um bom espião, não haja dúvida. Sabes lutar, rodas baixas?
Nisto, William abre a pasta que traz consigo.
- Eu carrego a arma que faz passar as sentenças, a guilhotina. – Disse William. – Julgo que poderei ser um excelente carrasco.
(Off-topic: a guilhotina é simples imagem, acessório. Vou fazer agora treinos e ela não aparece, excepto numa explicação pela qual não aparece.)