OFF.: Lembrando que agora cada treino vale apenas 5 pontos.
Numa das noites mais quentes que o nukenin já testemunhara no deserto, a população continuava sem dormir e se arriscavam a abrir suas portas e janelas na madrugada na tentativa vã de se refrescarem. Não sendo diferente, Daisuke espantou os mosquitos que zuniam em seu ouvido e resolveu abrir a janela, mas para seu desgosto, foi recebido por um mormaço que chegou a queimar suas pálpebras. -
Porra, que lugar quente! - Esbravejou, quando levou chakra à palma das mãos para recuar alguns passos e realizar um rápido shunshin em direção à janela. Então, quando chegou próximo ao parapeito, jogou as mãos para o alto, grudando-as na viga acima da abertura, usando toda força de seus braços ao somar-se com a velocidade para perfazer um movimento em pêndulo e ganhar velocidade suficiente para ser arremessado numa longa e ágil pirueta até o telhado. Ele buscava ao menos uma brisa acolhedora lá no alto, mas mesmo assim nada de vento. A calmaria realmente parecia que duraria a noite toda. "Preciso de um banho." - Pensou ao limpar o suor da testa.
Foi então que se lembrou do barril com água fresca que o senhorio da pensão guardava para lavar os pratos pela manhã. Então, levando seu chakra até a tatuagem em seu pulso esquerdo, Daisuke invocou uma kunai com uma linha shinobi agarrada ao projétil. Fazendo uma rápida mira ao olhar para o barril de cima do terceiro andar, o loiro arremessou a kunai que logo cravou na tampa do reservatório num ruído grave, quando usou mais uma vez os seus músculos para puxar a parte de cima que estava firmemente encaixada. Não demorou muito até que, num gemido de esforço, ele conseguiu abrir o reservatório à força para assim começar a segunda parte de seu plano. Libertando a tampa da kunai, ele fez mira novamente e arremessou com toda força sua lâmina, puxando-a no momento certo para que essa desse uma volta na alça do grande balde vazio que descansava ao lado do primeiro barril.
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Ótimo! - Comemorou seu sucesso no arremesso. Assim, equilibrando o balde com cuidado, ele o mergulhou no barril aberto e puxou uma boa quantidade de água, gemendo mais uma vez pelo esforço em trazer aquele objeto para o telhado. Tudo ocorria muito bem até que algo sobrevoou sua cabeça e cortou a lateral de seu rosto. O sangue escorreu. -
! - Reclamou ainda preocupado em não derrubar o balde que ainda estava no meio do caminho e enquanto puxava mais uma vez, novamente o silvo e o farfalhar de asas chamaram sua atenção quase sem tempo de desviar, deixando a garra de a coruja negra abrir um corte em seu ombro. Precisava fazer alguma coisa urgentemente. E pensando em agir antes que o animal fizesse mais uma volta, Daisuke enrolou a linha shinobi numa das vigas que sustentavam o telhado, mas era tarde demais. Novamente a coruja retornara e dessa vez fazia um corte profundo em suas costas fazendo o nukenin gritar de dor. Os vizinhos logo começaram a reclamar do barulho incessante do teto, mas isso não incomodou o loiro. Ele tinha maiores preocupações a tratar.
Então, agora com as mãos livres, Hiroshi procurou o pássaro na escuridão da noite ao mesmo tempo em que levava chakra à tatuagem e invocava três shurikens. O silêncio criava um suspense aterrador. Parecia que o bicho sabia que agora ele podia se defender, e quando pensava que o ataque da ave viesse pelo alto, aquilo surgiu na altura de seu peito com suas garras afiadas à frente. Agilmente o nukenin recuou num salto mortal e girou o corpo na direção da trajetória de escape do animal que já sumia, quando atirou as três shurikens na escuridão. A falta de barulho indicava que havia errado. -
Droga. - Sussurrou enquanto apertava os olhos à procura da rapina. Mais uma vez o silêncio e logo a ave retornou com suas garras. Inclinando o corpo para trás, Daisuke esquivou-se com certa dificuldade e concluiu com um ágil rodopio para elevar a perna num chute lateral procurando atingi-la. O pássaro conseguiu mudar a trajetória e por pouco não era atingida.
Mais uma vez o silêncio se fez até que o garoto teve uma ideia para acabar com o elemento surpresa da coruja. Aguçando os ouvidos, Daisuke percebeu sagazmente que com a falta de vendo corrente, a coruja teria que bater as asas mais vezes para se manter no ar, assim pôde saber mais ou menos a direção que o pássaro atacaria. Dito e feito. Ele filtrou todos os sons em sua cabeça e logo ouviu o bater de asas do animal à sua esquerda. Jogando o corpo rapidamente para a direita, ele elevou a perna mais uma vez e chicoteou o ar num rápido chute na direção onde presumia que o animal viria. Contudo, apesar da coruja vir na direção que adivinhara, sua trajetória o atingiu diretamente no peito, longe de seu chute, fazendo-o desequilibrar e escorregar pelo telhado até cair numa caótica sequencia de eventos.
A coruja, vitoriosa, alçava voo mais uma vez na escuridão e o jovem quase sem tempo aprumou seu corpo para realizar alguns rápidos selos e concentrar chakra fuuton para criar um colchão de ar e amortecer sua queda desengonçada. Por pouco não perdera a vida. O colchão de ar perdia força enquanto o jovem chegava à segurança no chão. Revoltado por ter perdido de uma coruja noturna, Daisuke cerrou o punho e atingiu a cerca da pensão, quebrando a tábua ao meio. -
Você vai pagar isso não? - Concluiu a dona da pensão, saindo no quintal, com seu hobby de praxe. Suspirando fundo, o loiro buscou tranquilidade para não lhe dar uma resposta grosseira, mas logo ouviu o estalo da linha shinobi após mais um farfalhar de asas. De repente, o balde cheio de água caiu em sua cabeça, molhando-o por inteiro. -
Amanhã teremos CORUJA como prato principal do almoço. - Declarou à mulher curiosa e sorridente ao vê-lo naquele estado.
FIM