Treino Sétimo
~ Uma luta contra si própria ~
O jardim das traseiras da casa de Cha no Kuni era tão espaçoso quanto o da mansão dos Sakuragi no País do Fogo, algo que agradou a Ayame quando finalmente teve tempo para o explorar. Como aquele era um dia livre, podia até aproveitar para treinar e sem a supervisão do “general implacável” Hikaru, como ela começara a chamá-lo para ela mesma.
Para não ter que pedir ajuda a ninguém, até porque estavam todos a tirar um dia livre, fez os selos necessários e concentrou algum do seu chakra para utilizar o seu Hana Kage Bunshin para criar um clone seu. Acenou à sua clone, que rapidamente se afastou dela para dar algum espaço entre elas.
Ayame não estava disposta a esperar. Com o selo que necessitava e um rápido impulso de chakra, usou o Konoha Shunshin no Jutsu, desaparecendo e surgindo mais perto da sua clone, que se colocou em posição. Com selos rápidos e um novo impulso de chakra, Ayame usou o seu genjutsu Tanpopo no Gensou, criando assim cópias espelhadas de si mesma que se colocaram à volta da Ayame-clone. Tudo o que ela fizesse seria espelhado pelas cópias, deixando a Ayame-clone em expectativa. Seria atacada por alguma e tinha que se aperceber qual eram.
Enquanto observava o seu clone a pensar, Ayame fez alguns selos simples e activou o seu sistema de chakra para o espalhar em área e iniciar o seu Kāsudo Aivi. Várias heras cobriram o solo, emergindo do ponto onde se encontra a kunoichi, e vários arbustos surgiram em vários pontos da área afectada.
A Ayame-clone agiu rapidamente, tentando decifrar quem era a verdadeira para assim pôr término à estratégia iniciada. Activou o nível 1 da sua kekkei genkai e transmitiu um pouco de chakra para o solo, descobrindo a localização da verdadeira Ayame. Com um movimento rápido e ascendente, retirou a wakizashi escondida na ligadura que usava sempre numa perna e tentou atacar Ayame no momento em que ela passava atrás de si, apenas para acertar num tronco e desfazer os clones do Tanpopo no Gensou. A konohanin tinha usado um Kawarimi no Jutsu. Ainda antes que se apercebesse do chakra da verdadeira, levou com vários jactos de água pelas costas e foi mandada contra um arbusto, que rapidamente a agarrou.
A iryo-nin tinha sido suficientemente rápida e tinha delineado uma estratégia simples ao aproveitar-se dos arbustos e mandá-la contra eles. Sabia que ela iria tentar terminar com o genjutsu e descobrir quem era a verdadeira de entre as ilusões, por isso precaveu-se com um Kawarimi. Isso daria tempo para ela apanhar a sua clone de surpresa com um jutsu do seu leque de jutsus sem a intenção de fazer dano, mas sim empurrar. Fizera os selos rápidos para o Mijin Supea enquanto a clone estava distraída com o tronco e lançou um impulso de chakra das suas reservas para atacar.
As heras que rodeavam a clone tinham o instinto básico de tentar matar quem as magoava e, como tal, mexiam-se para tentar asfixia-la. A situação parecia complicada até a Ayame-clone se aperceber que ainda tinha a wakizashi na mão. Embora não conseguisse mexer-se muito, o pulso conseguia ter alguma liberdade para fazer alguns cortes pequeninos nas heras e assim tentar libertar-se aos poucos.
Enquanto isso, Ayame fez alguns selos e concentrou o seu chakra. Não importava o ataque que usasse contra um clone. No fundo, não iria magoar ninguém. Com aquele pensamento, lançou um ciclone embutido com algumas pétalas, ao qual chamavam de Hanachiri no Mai, apenas para acertar no ombro da clone. A clone conseguira escapar quase totalmente ao ataque por se ter libertado das heras que a sufocavam.
“Inteligente”, pensou Ayame. Poderia não ser a melhor estratégia de fuga, mas ser capaz de cortar a hera enquanto ela a tentava asfixiar mostrava uma boa capacidade de concentração e de atenção ao pormenor. Esta observação distraiu-a por uns momentos, pois não reparara que a sua clone iniciara o Kougosei, o jutsu de auto-cura que possuía.
A Ayame-clone fez dois selos rápidos e, concentrando o seu chakra, lançou um Shizen Sosa: Joki para cima da verdadeira. Aproveitou a distração lançada para fugir num Shunshin.
Para dissipar as pétalas e assim conseguir ter uma boa visualização do que se passava à sua volta, repetiu novamente alguns selos e utilizou o seu chakra para formar o Fuuton: Kamikaze, colocando vários tornados em alguns pontos do campo de batalha. O seu movimento iria atrair assim as pétalas e criar brechas na nuvem de pétalas, fazendo exactamente o que ela queria.
De modo a voltar a ter controlo da situação, a Ayame-clone tinha que utilizar novamente as pétalas. Com selos rápidos e mais uma pequena onda de chakra, manipulou as pétalas com o seu Shizen Sosa: Hyoujin para as transformar em pequenas pétalas lâmina, semelhantes a shurikens, e lançou-as em direcção à konohanin que a criara, funcionando igualmente como um engodo para esconder a sua posição e preparar assim um ataque físico, algo que reconhecia como sendo o ponto fraco dela mesma.
A mudança na presença de chakra alertara Ayame para um possível ataque e fez alguns selos rápidos, concentrando algum do seu chakra remanescente, para criar então o Suiton: Suijinheki, uma parede de água em volta de si mesma. As pétalas bateram contra aquela parede e esmoreceram o seu poder na água, fazendo-a desaparecer.
A posição de chakra mudara novamente. Ayame rodou então sobre si mesma enquanto puxava da sua katana, e perfurou a sua clone com um golpe limpo no momento em que ia ser atacada com um pontapé pelas costas.
Não aguentando mais golpes, a clone fez um sorriso de satisfação e desfez-se em pétalas, terminando assim aquela pequena luta.
Pensando em tudo o que acontecera, Ayame considerava que aquele tinha sido um treino produtivo. Treinara um pouco de tudo e estava realmente cansada. Ouviu palmas atrás de si, voltando-se.
- Muito bem, menina aprendiz. Andas a aprender umas coisas – disse o ruivo, encostado a uma árvore.
Ela ruborizou levemente. Sabia o que seguiria. Pensara que ninguém estava a ver aquilo, muito menos o seu próprio sensei. Começou a preparar-se mentalmente para levar com críticas.
- Há quanto tempo estavas aí? – perguntou ela.
- Não muito. Mas consegui ver quase tudo pela janela dali – confessou ele, apontando para uma das janelas da mansão. Ele reparou no ar amedrontado da rapariga, que só aparecera quando ele se revelara, e entendeu porquê. – Não, Ayame, foi muito bom. Não te preocupes.
A kunoichi respirou de alívio, relaxando. Aquilo fora inesperado da parte dele. Ele não a elogiava todos os dias. Embainhou as suas armas e aproximou-se dele.
- Mas da próxima será melhor porque vou estar presente – finalizou Hikaru, rindo-se quando viu a cara chocada da sua aluna.
- Spoiler:
Este foi um teste de um método novo que arranjei para fazer treinos de maneira mais sistemática, por isso agradeço comentários para saber se resultou ou não fazer algo assim, obrigada