Os raios de sol penetravam lentamente pelas cortinas bege da sala. Um fenómeno pouco usual, tendo em conta a má vontade do tempo em geral. Bem vindos a Kirigakure. Hikaru dormitava sobre o sofá borbotado e carcomido, até que uma gargalhada bem-disposta o acordou, seguida duma caneca de água pela cabeça abaixo!
Hikaru levantou-se a praguejar, sacudindo-se e tropeçando na pequena mesa da sala, o que resultou na sua queda e no inevitável homicídio duma jarra que repousara sobre a mesa. Era assim que Jeral punia os que adormeciam fora do sítio.
- Para que raio foi isso?! – praguejou Hikaru mal-humorado – Olha-me que mer…

Não acabou a frase antes de um chinelo lhe voar à cara e uma vassoura às mãos. Jeral, o seu pai adoptivo, com o cabelo azul marinho e olhos indigo olhava-o com desaprovação.  O chinelo, por outro lado, era oferta da sua irmã mais nova, Lyla. A pequerrucha de cabelos loiros cor de mel deitava-lhe a língua de fora antes de sair de casa disparada. Hikaru nem tentou protestar, sabia que não devia ter adormecido no sofá. Contudo, nem sequer se lembrava de como fora lá parar na noite anterior, apenas de ter saído da vila.. Olhou Jeral em busca duma resposta. O pai estava de costas a ler uma qualquer carta sem lhe ligar atenção
“Bom sinal”, concluiu, “se estivesse bêbado o ralhete já tinha vindo”. Ridículo, pensareis por certo. Talvez o seja, mas Hikaru era assim mesmo.



- Não estás atrasado? – inquiriu Jeral num tom estranhamente despreocupado. A cabeça do rapaz voltou-se mecanicamente para o relógio, a sua boca formou um “O” perfeito e cómico e simultaneamente as pernas flectiram-se num salto . OS cacos do vaso espalharam-se pelo ar enquanto Hikaru saía a correr, sabendo que haveria castigo independentemente do que fizesse. A sensei deixara-os bem cientes disso no seu primeiro encontro.
Não tinha ainda corrido 200m e já ouvia os berros furiosos de Kayrie se faziam ouvir, ecoando pelas ruelas que sabia que Hikaru tomaria como atalho. Ponderou voltar para trás e escapar-se ao treino, até ouvir passos atrás de si e antes de sequer dar por isso, já um vulto corria ao seu lado. Era alto e musculado, de fatiota azul e laranja e o seu cabelo era, à falta de melhor descrição, flamejante.
-  Também estás atrasado? – balbuciou Hikaru amedrontado.
- Eu não, cheguei a tempo e horas meu jovem, voltei para trás para te vir buscar, mas tu estás lixado! – anunciou alegremente o rapaz. Este não era nem mais nem menos do que Riku. Chamemos-lhe o melhor amigo de Hikaru. Conheceram-se na academia, ainda pequenos. Na altura, Riku não seria a criatura brincalhona e extrovertida que é hoje, sem dúvida. Foi criado num orfanato e até conhecer Hikaru, reinava nele a crença de que não ter pais o tornava menor que os outros. Mas tudo isso mudara. Reparemos que…
- HIKAAAARUUU! – o grito feminino arrepiou-lhe todos os pelos do corpo.
- Kayrie… - suspirou desanimado. Kayrie era outra das suas conhecidas na academia. Tratava-os a ambos como um saco de boxe quando lhe aprazia, ou quando a chateavam. Mais impressionante do que isso era o ar angelical que mantinha quando outras pessoas prestavam atenção. Mas pior do que isso era o silêncio.

Hikaru saltou sobre o muro da academia até à varanda onde Kayrie a esperava. Tal como previa, pior do que os gritos enfurecidos da rapariga, era o silêncio Dela.
- I.. Inohana-sensei…
A kunoichi fitou-o, voltando a cara lentamente.
- Estás atrasado, cerca de meia hora. – constatou, deixando transparecer o azedume na voz. Sabes o que isso significa. – ele sabia-o bem.
- Sensei, por favor… hoje não, as sanitas não.. Eu já nem frequento a Academia, não é justo – tentava ele justificar, mas sem sucesso.
- Não vais limpar sanita nenhuma, hoje – esclareceu ela como se o próprio pensamento de o castigar dessa forma lhe agradasse – apenas porque estamos com pressa. Lá para baixo!
E com isto agarrou-o pelo cachaço e atirou-o como a uma trouxa para o meio do pátio. Após isto assobiou bem alto; durante o tempo que Hiraku se atrasara, ela dera-se de facto ao trabalho de ir a todas as malditas salas da academia e ao seu assobio foram dezenas as cabeças de crianças curiosas que acudiram às janelas.
- Hikaru! – gritou a kunoichi bem alto – como castigo tens de soletrar o teu nome…
O Genin loiro fitou-a perplexo. Algo não estava bem, era demasiado simples, era uma parvoíce ter chamado todos os catraios para isso!
- Com o cu! – concluiu ela soltando pela primeira vez um sorriso radiante, capaz de ofuscar um cego.



O rapaz quedou-se estático, como se atingido por uma bigorna de alguma divindade astral. A reação que se seguiu foi imediata, fuga. Mal tinha movido as pernas e já uma multitude de kunais o rodeava numa vigilância tão apertada que o deixou sem fôlego.
- Estamos à espera! – gritou a sensei alegremente.
E lentamente Hiraku lá se virou de costas e soletrou, com o rabo, kanji após kani (felizmente não eram muitos), ouvindo o ruído ensurdecedor do riso dos futuros Genins, acrescido do riso forte da voz de barítono de Riku. Amanhã já toda a vila saberia daquilo pela boca dos pequenos, mas já pouco importava, o mal estava feito!
Quando acabou, as kunais afastaram-se e voaram ordeiramente para a bolsa de Inohana, as gargalhadas soaram ainda mais alto e a Equipa 3 de Genins de Kirigakure desapareceu da Academia. Ninguém falou até chegarem ao campo de treinos onde se reuniram. Kayrie porque parecia ainda chateada e recusava-se a falar; Riku por outro lado esteve o tempo todo ocupado a tentar conter o riso que lhe parecia ir rebentar o peito. Ao menos tinha o mínimo de respeito, a sensei por outro lado gargalhou alto e bom som todo o caminho até ao campo, contrastando com a cara sisuda que se apossara de Hikaru.

(parar OST)

Chegados por fim ao campo, sentaram-se a um aceno da sensei, à espera.
- O vosso percurso como Genins começa agora, estou certo que todos vocês sabem da responsabilidade que isso acarreta – disse com convicção, lançando um relance a Hikaru – contudo nenhuma equipa funciona sem organização e é importante para mim saber aquilo que cada um de vocês é capaz de fazer. Serão testados dentro de uma semana e têm até lá para se prepararem. Estão dispensados!

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Este é respost, mas já que estou de volta, não fazia sentido começar com o filler 2. Assim sendo, espero que gostem, é um estilo de escrita um pouco diferente do meu, mas enfim ^^

Epah, este filler tá muito cómico. "vais ter de soletar o teu nome.. com o cú!", ri-me demasiado com isto
Pah, bom começo! Continua ^^

Obrigado  

Opah a tentativa era que fosse algo de diferente da escrita pesada que eu sei que tenho, ainda bem que gostaste ^^

Ahhaahahha opa já nem me lembravada tua escrita. Adorei adorei. Ready for next!

Fico feliz por teres gostado, já está outro no forno e a caminho :p

Essa Sensei adora trollar seus pupilos os fazendo passar uma grande vergonha por causa dos seus “erros” como shinobis, apesar de que depois dessa creio que vai ser difícil o dorminhoco dormir mais que o necessário, já que a próxima punição será mais vergonhosa que essa. Faz tanto tempo que li algo seu que não me lembro direito que tipo de escrita você tem, mas deve ser algo mais pesado já que escreveu algo leve e descontraído. Ficarei a espera de mais historias para perceber seu estilo de escrito e saber a Trama que pretende fazer para esse kirinin.
 

Força na Historia!!!  

Epá soletrar com o cu é qualquer coisa  Já não me lembrava da tua maneira descontraida de escrever mas continua espectacular, lê-se num instante x)

Adoro a sensei, a sério. Ah, grande mulher! Sem papas na língua (é tripeira?)! Ahahahah
O pobre do teu char não parece ter muita sorte com os que o rodeiam, ainda assim. Se bem que é tipo... Um maltratar carinhoso. Se é que tal coisa pode existir Onde está o amor? D: Ahahahah
Anyway, ri-me bastante Tens um estilo de escrita fluído e que se lê bastante bem. Não será uma seca ler o que escreves
Continua o/