Treino Décimo Primeiro
~ A paga ~
Treino em conjunto de resposta a este, com o maninho mais fofo, que é tutor.
- Oh, vá lá, não me digas que ainda estás chateada pelo outro dia? – perguntava Katsu, enquanto coçava a cabeça. Fora um pouco duro com Ayame num dos treinos que tiveram, na esperança de a tirar da sua zona de conforto e assim obriga-la a pensar em estratégias fora do habitual.
Ela caminhava à frente dele, com o cabelo a dançar de lado para lado de forma furiosa, algo que transparecia bem o seu estado de espírito. Só fora ao hotel para cumprimentar a Sekima, a pequena que Katsu adoptara, e dar-lhe um bocado da tarte que insistira em fazer no dia anterior.
- Tentaste afogar-me! Que esperavas? – acabou por exclamar, irritada, já fora do hotel. Queria ir para casa, estar sossegada, e ele parecia não entender que ela não queria que ele a seguisse. Enveredou pelo caminho do bosque para ver se o despistava assim, embora duvidasse que tal fosse possível.
- E vais ficar ressentida por isso este tempo todo?
A konohanin voltou-se para trás, aproximando-se, enfrentou-lhe o olhar.
- Achas que eu vou tolerar uma humilhação tão grande? Se achas, estás muito enganado.
O Akatsuki revirou os olhos. “Mulheres”, pensava ele. “Só espero que a Sekima nunca tenha um ataque de fúria destes…”.
- Pronto, pronto. Para compensar, que tal descarregares alguma dessa energia em mim? Eu deixo – ofereceu ele, com um sorriso rasgado. Não lhe disse o que pensara. “Se me apanhares”. Isso ficaria para só para ele.
- Não precisas de dizer duas vezes – declarou a kunoichi, sorrindo. Ainda não tinha acabado de falar e já estava a concentrar chakra na sua pele, fazendo-a decompor-se em dezenas de folhas, que se espalharam de imediato à volta dele. Iria fazer uso e abuso da sua kekkei genkai. – Bem-vindo ao meu território.
Com mais um impulso de chakra, que se espalhou em redor, algumas folhas de árvores juntaram-se à nuvem que compunha a kunoichi (uma versão mais fraca do Shizen Sōsa: Jōki) e, enquanto ela voltava a adquirir a forma humana, as folhas endureceram. Com um movimento do braço, as folhas afiadas (Shizen Sōsa: Hyoujin) dirigiram-se para Katsu que, para se defender, uniu as mãos para fazer alguns selos rápidos, concentrou o chakra necessário e cuspiu uma imensa quantidade de água (Suiton: Bakusui Shōha) que, de imediato, moldou com a sua mestria em suiton (Mizu Tatsujin) numa cúpula aquática para assim impedir o avanço das folhas ou, no mínimo, reduzir a sua velocidade.
- Oh, não, não vais – murmurou a Midori, apercebendo-se das intenções dele. Desfez-se em folhas e espalhou o seu chakra pelas folhas dentro do seu domínio, reforçando a força do jutsu enquanto juntava a sua. Era difícil lutar contra o suiton de Katsu, mas ela conseguiria. Pelo menos, com reforço de chakra. Ultrapassou a cúpula aquática e reafirmou a sua forma humana para logo depois usar algumas das folhas que conseguiram ultrapassar a barreira contra o Akatsuki. As folhas afiadas cravaram-se, no entanto, num tronco.
Quando deu por si, viu que caíra mesmo dentro da armadilha de Katsu, presa na cúpula de água. Era inevitável que ele se aproveitasse da situação. Caíra mesmo dentro da boca do lobo. Ainda tentou concentrar algum chakra para usar a sua kekkei genkai e assim fugir, mas em vão. O Imagawa fora bem mais rápido nesse processo. Em menos de metade do tempo que ela levaria a conseguir organizar a fuga, ele tinha conseguido espalhar o seu chakra pela água e, com um braço, manipular a cúpula para que jactos de água atacassem no interior da mesma, acertando na kunoichi. Ela ainda estava de pé quando ele desfez o jutsu e, consequentemente, a cúpula, algo que achou impressionante.
- Mesmo dentro do teu território, cais que nem um patinho – comentou ele, com um sorriso. – Pensava que isto era para me acertares e não o oposto. Mas parabéns por teres aguentado isso. Nem todos se poderiam gabar do mesmo.
O surgimento de uma fadinha de folhas (Bane no Homunkurunsu) por trás da konohanin revelou, no entanto, a pequena combinação que ela tivera que usar para aguentar tamanho dano. Ela tinha preparado a eventualidade de um ataque e, atempadamente, aproveitando a distracção inicial daquele embate, tinha invocado a homúnculo, mantendo-a escondida. Dentro da cúpula, tinha feito selos rápidos para então moldar chakra à sua volta, que fortaleceu a sua pele como se de celulose se tratasse (Gaihi).
- Não me tomes como idiota – retorquiu ela, sentindo que ele a tinha subestimado. Podia ser bem mais fraca que ele, mas tinha opções dentro do seu leque de jutsus para sobreviver a ataques que, de outra forma, a deixariam imediatamente fora de combate.
- Oh, ora muito bem! Pensamento rápido! – e riu-se, satisfeito com a estratégia da rapariga. – Mas ainda não me tocaste.
Ela tinha que reconhecer que era um facto. Ele não só era muito superior em todos os aspectos, como poderia simplesmente usar o Kamui e ficar intangível a qualquer tentativa dela. Bastava ele querer frustrá-la e ela não conseguiria nada. Bem, só se…
Repetindo selos, tentando ser o mais rápido que conseguia, a kunoichi focalizou chakra para que a sua homúnculo usasse o Hijou Kaihi na esperança que a velocidade lhe pudesse dar alguma abertura naquilo que parecia uma defesa perfeita. Sentiu de imediato o fluxo de sangue a acelerar. Baixou-se e, com a mão, lançou chakra para o solo, manipulando ervas daninhas para que agarrassem Katsu (Zassou). Ele era, no entanto, rápido demais. Cada vez que ela tentava agarrá-lo, ele desviava-se, saltava, desaparecia num shunshin. Ela voltava a tentar: nova injecção de chakra. Até que, por obra do destino, o Akatsuki se aproximou demais de uma árvore e ela viu ali uma oportunidade. Em vez de manipular as ervas, utilizou o mesmo método para manipular trepadeiras (Tsubaki no Shibari) que o apanharam desprevenido e assim o lançaram contra o tronco mais próximo.
Passo seguinte: o ataque. Com selos rápidos e uma nova manipulação de chakra, ela chamou folhas para junto de si, moldando-as num grande leque (Ha no Kata), e utilizou Okamaitachi, o seu jutsu de vento mais poderoso. Medidas drásticas exigiam métodos drásticos. Quando pensava que finalmente lhe acertara (confiava que ele conseguiria aguentar aquele jutsu de alguma forma), o Imagawa desfez-se em ácido. Ele tinha usado um Kage Bunshin (Santon: Suppai Bunshin no Jutsu).
- KATSU! – gritou Ayame, irritada. – Há quanto tempo estás a gozar com a minha cara?!
O Imagawa surgiu então à frente dela utilizando uma sucessão de shunshins para reduzir a distância. Um sorriso malandro bailava nos seus lábios, sendo óbvio o seu divertimento com a situação:
- Bem, queres que seja honesto? Fiz isto quando…
Um soco de direita atingiu-lhe a face enquanto ele estava distraído a falar, seguido de uma cotovelada. Ela ainda tentou um pontapé giratório, mas esse ele conseguiu parar com o braço.
- Ouch – queixou-se. – Estava a dizer que fiz o kage bunshin enquanto te ocupavas com a cúpula. E quando é que aprendeste artes marciais? – perguntou Katsu, espantado com a novidade, enquanto coçava a zona do osso mandibular. Ela podia não ter feito grande dano, mas tinha deixado a marca dela. Ela sabia onde acertar. Vantagens de ser médica?
- Tenho um irmão mais velho – retorquiu Ayame, acabando finalmente com a luta. - E, se pensas que é tudo amor e paz entre irmãos, ficas a saber que não. Também tivemos e temos as nossas divergências.
- E resolvem à porrada? Eh lá!
E voltou a rir-se. A sua aprendiz tinha conseguido o seu objectivo, ainda que tirando proveito de um momento que poderia ser considerado baixo. Dar-lhe-ia o mérito dela.
- Spoiler:
Desculpe, senhor avaliador, acabei por me fartar de tentar contar pontos e vai mesmo assim ahah
E para rir com o título porque só me lembrei disto depois, mas até achei piada: https://www.youtube.com/watch?v=6QSXbvmEEJM