Filler 5 – Pai e Filho
O quarto estava escuro, a porta e a janela estavam fechadas para não entrar nenhuma luz, a única iluminação era de uma pequena lâmpada, que estava inserida em uma caixa retangular preta com dois pequenos buracos na parte frontal. Desses dois buracos, dois fios pretos estavam lá colocados, Kazuki estava a agarra-los cada um em cada mão, sentado com as pernas cruzadas entre si. A luz da lâmpada acendia e apagava-se,
“Já faço isto na boa, acho que já mestreei!” pensava o rapaz, confiante em suas habilidades, enquanto fluía o seu chakra elemental pelos fios, ligando e desligando a máquina. O gennin estava a treinar para mestrear o elemento pela qual ele tinha afinidade,
Raiton. O treino era simples, com aquela máquina, dada pelo Hitoshi, Kazuki tinha de fluir o seu chakra elemental, de maneira a ligar e desligar a lâmpada, fazendo isso todos os dias de manha.
Ele levanta-se, com a máquina nas mãos, e sai do quarto correndo.
- Pai! Pai! – gritava correndo até a sala – Pai? Onde estás!?
- Estou no terraço!
Kazuki desliza o vidro para entrar no terraço e vê o seu pai sentado na cadeira de rodas a apanhar sol, olhando para a vila. O dia estava quente e o sol intenso, era um dia típico em Suna.
- Kazuki, porque é que os ornitorrincos são mamíferos se eles colocam ovos? – pergunta o pai.
Aquela pergunta foi tão repentina e tão aleatória que colocou o rapaz em extrema confusão.
- A tua mãe diz que é porque as fêmeas dão de mamar aos filhos mas elas não têm mamas, como é que produzem leite?
- Eu acho que o sol está-te a fritar o cérebro…
O pai ri-se e diz:
- Eu acho que tens razão, isto de ter montes de tempo livre e não ter nada que fazer dá cabo da cabeça de uma pessoa. E eu a pensar que ser conselheiro iria manter-me muito ocupado... É só assinar alguns papéis, dar algumas missões e as vezes ir a uma ou duas reuniões… Espero voltar aos meus deveres ninja rapidamente!
- Deveres ninja? – Kazuki ainda fica mais confuso do que estava.
- Sim, só por não ter pernas não quer dizer que não posso voltar a ser ninja. Ouvi dizer que em Iwa existem ninjas com habilidade de voar, se aprender isso, nem preciso de pernas! O Hitoshi também disse que podia fazer umas próteses ou lá o que é…
Kazuo continuava a enumerar soluções que lhe davam a habilidade de trabalhar com shinobi apesar da sua condição. Ver o seu pai assim enchia Kazuki de alegria, aquele positivismo todo era tudo que precisava para ter um enorme sorriso na sua cara.
- Hey, hey, pai, já percebi, nada consegue parar-te! Nem sei como é que ficas daquele estado quando... tu sabes…
- Quando me cortaram as pernas? O que os médicos disseram é uma treta. Eu em choque? Pah! Eu não me lembro do que aconteceu, mas eu tenho uma mente de ferro, devo ter é batido com a cabeça ou algo assim… Hmm… Bem, porque é que me chamas-te?
Kazuki estica os braços com a máquina nas mãos e sorri.
- Já consigo sem problemas!
Kazuo aproxima-se do seu filho e dá uma esfregadela amigável com a mão na cabeça dele.
- Estou muito orgulhoso filho! Mas ainda falta mais para poderes fazer isto.
O pai coloca as mãos perto uma da outra e entre elas, uma esfera elétrica aparece.
- Uau!
- Vamos a casa do Hitoshi, ele vai-te ajudar! – diz o seu pai sorrindo, fazendo a bola de energia desaparecer entre as suas mãos.
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Kazuki empurrava cadeira de rodas do pai pelo caminho até a casa de Hitoshi.
- A Miyuki ainda está chateada? – pergunta o pai, com um tom triste.
- Não sei mas concordares com o que a minha sensei fez não foi boa ideia.
O rapaz falava de um treino intensivo que foi realizado pela sua professora que causou-lhe imensos ferimentos, tendo que ser levado para o hospital, ficando lá durante uma semana, o que deixou uma mãe protetora como a Miyuki extremamente furiosa.
- Mas sinceramente, eu acho que ela é mesmo maluca, aquilo foi demais – fala o gennin.
- Maluca ou não, ela está te a preparar para casos desses, a vida shinobi não é fácil… Mas ela de facto não era assim quando era mais nova… Ela era tão sossegada, como é que ficou assim…
- Tu conheces a minha sensei desde pequena?
- Claro, ela foi minha aluna.
O rapaz pará de empurrar a cadeira de rodas e fica a pensar, ele sabia que o seu pai tinha treinado uma equipa constituída por dois rapazes (Yazo e Hitoshi) e uma rapariga que ele quase nunca falava.
- Porque raio nunca disseste que era ela!?
- Porque tua mãe fica furiosa quando falo sobre ela… Lembras-te?
Kazuki começa a lembrar-se de cada vez o sua pai iria falar sobre a misteriosa rapariga, a sua mãe dava sempre um olhar de “vou-te matar” ao seu marido.
- Mas… Porque? Porque é que ela assim quando falas da sensei?
- Bem, podemos dizer que desde que a Kaoru desde que mudou de personalidade, tornou-se numa mulher muito atiradiça, algo que não agrada muito a tua mãe, isso e ter um afeção por mim, ainda agrada muito menos a tua mãe.
Kazuki ficou surpreso, nunca imaginava a sua sensei ter sido aluna do seu pai, muito menos ter um fraco por ele. O rapaz começa a empurrar a cadeira de rodas do pai e pergunta algo que já queria saber há muito tempo:
- E sobre a minha equipa, já sabes porque é que foi formada fora das razões normais?
- Por causa da tua parceira Akane… - fala o pai, já com um tom sério – Foi muito difícil retirar esta informação aos responsáveis, pelos vistos eles queriam manter isto bem guardado e eu ainda não sei a história toda, mas a tua parceira deve ter passado por algo que uma criança da idade dela não devia passar.
O seu pai fica com uma cara séria, curiosidade enchia o rapaz, pensando no que seria que o seu pai queria dizer com isso mas invés de enche-lo com perguntas, decidiu deixar o seu pai acabar o que tinha dizer.
- Pelos vistos, eles colocaram a Akane contigo devido a tua personalidade, eles queriam que ganhasses a confiança dela para depois descobrirem de ti o que se passou naquela academia, o Sho foi colocado por ser um “prodígio”, tendo assim a tua equipa mais hipóteses caso ela tenha sido responsável por todo o massacre.
- Massacre? Que massacre? – perguntava o rapaz, confuso.
O seu pai dá um suspiro e explica o que se passou na academia onde Akane frequentava: - Poucos dias antes da graduação dos estudantes ninjas para gennins, ocorreu um massacre numa das melhores exclusivas academias, quase todos os alunos e todos professores foram mortos, sendo que há um aluno desaparecido e os únicos sobreviventes encontrados foram Akane e Jun. O mais estranho é que todos os corpos foram encontrados na mesma sala, Jun estava inconsciente e ferido mas Akane… Ela estava de pé a controlar as suas duas marionetas, simplesmente parada a olhar para o nada, quando perguntaram o que se passou ela disse
“Eu fiz tudo para protege-los… Mas falhei” e mais nada.
Eles tinham chegado a porta da casa de Hitoshi, Kazuki estava pasmado com o que ouvia, aquela história era tão obscura e a sua parceira de equipa fazer parte dela ainda era mais estranho,
“Ela é muita calada mas… Nunca pensei que ela… Nem consigo pensar direito!”, os seus pensamentos estavam confusos, nada se encaixava direito na sua cabeça.
- Pai, porque é que não me contas-te logo? – pergunta Kazuki, largando as mãos do apoio da cadeira, indo para a frente do seu pai.
- Eu ainda tenho de tirar tudo a limpo, ainda não tive hipóteses de falar com o Kazekage sobre isso e não te queria preocupar. Mas pelo que sei agora é que o teu amigo Jun não se lembra do que se passou e Akane e as marionetas não tinham dano nenhum nem vestígios de sangue, ou seja, ela não lutou naquela altura mas ela não respondia as questões dos investigadores e não lhe realizaram interrogações “especiais” porque ela era um criança e a investigação indicava que ela não causou o massacre… - Kazuo cala-se e fica com uma cara pensativa durante alguns segundos - Bem, bate a porta, depois falamos sobre isto noutra altura.
Kazuki vira-se para porta, ainda um bocado em choque mas agora ele tinha que manter a sua mente noutro assunto, a sua mestria sobre o seu elemento.