O trio andou por várias horas, atravessando o País do Fogo para sul, em direcção á vila de Wutai. Ao nos aproximarmos da vila, alteramos a rota, rumo ao edifício da Shinra, que ficava numa longa pradaria, com ocasionais árvores pelo terreno. Juntos, aproximamamo-nos do portão de metal apenas para o encontrarmos destrancado.
- Isto foi mesmo abandonado - disse o Senju - Como é que eles deixaram isto tudo para trás?
- Aconteceu o mesmo em todas as vilas - respondi - Me pegunto seus motivos…
- O edifício não está vazio.. - falou Azura, no seu tom monocórdico - Consigo sentir as suas presenças.
- Então vamos entrar, quando alguém estiver por perto avisa - Acrescentei.
Passamos o portão exterior, continuando pelo caminho calcado entre a relva, até à entrada do edifício, composta por dois grandes portões altos e cinzentos. Abri-os, empurrando-os em frente e mais uma vez, se mostraram destrancados. Dois ninjas saltaram de trás deles em nossa direção, mas antes que alguém avisasse alguém, uma espada e uma kunai tinham dilacerado os ninjas, que rapidamente também foram atingidos por cristais que os empalaram e seguidamente foram projectados de volta para de onde vieram.
Continuamos pelo caminho, que apenas um de nós desconhecia, em direcção aos laboratórios, sendo que se houvesse alguma pista seria por lá. Era uma visão tenebrosa o estado em que ficara: vários materiais do mesmo encontravam-se espalhados pelo chão, alguns partidos, outros apenas derrubados, espalhados caoticamente pelo espaço. Entre eles vários papeis soltos ficavam tanto no chão como em cima das mesas, e em algumas gavetas, abertas ou semi fechadas em completa desorganização.
- Procurem nos papéis! Qualquer referência a Raiden, Fujin, Izanagi ou outro deus qualquer. Se mencionarem Kirigakure também é importante!
- Okay! - respondeu Roatsu, enquanto o outro ruivo se limitava a acenar com a cabeça.
Revistamos furiosamente os papéis, procurando entre eles informações que nos interessassem. Nada parecia ser relevante em todos os arquivos que lia. Até que por fim o Inugami falou:
- Encontrei um mapa com um destino assinalado. No País da Água - informou.
- Deixa ver! - pedi, chegando-me perto dele. Observei  o mapa tentando decifrar a zona que este marcava.
- Isto é perto da zona onde nos encontramos da última vez - proferiu o ruivo de Kiri - Talvez seja importante para vocês.
- Ai é? Então pode ser perto da base de Kiri! Até pode ser a própria base, vou guardar isto. Há de dar jeito!
- Ah, talvez seja melhor informar que temos companhia - constatou Azura, na sua voz com falta de expressividade.
Três vultos saíam das sombras após terem sido, tão calmamente, revelados. Um deles era conhecido. Katsube, o irmão mais velho do Kuja. Tínhamos, ainda quando parte da Kitsune, nos encontrado com ele e os seus comparças e após uma batalha, haviam fugido, quando derrotados. O Katsube havia crescido, ainda apresentado o cabelo branco e longo, semelhando ao do irmão e dos restantes parentes e vestia-se de negro. Atrás dele, os seus companheiros também trajavam na mesma cor. Um era alto, de cabelos longos, pelo ombro, e olhos castanhos escuros, com uma cicatriz bem acentuado sobre o seu olho esquerdo. Reconhi-me então como o criador dessa cicatriz, alguns anos atrás. Tinha crescido em tamanho e consituição, apresentando ombos largos muscúlos demasiado definidos nos braços, sendo os dele os mais largos de qualquer um presente. Do outro lado, um outro, muito mais magro e menos constituído se apresentava, com curtos cabelos loiros, lisos, e olhos azuis. Segurava uma rifle ao ombro.

~x~

Jogara a capa para o lado, o ruivo de Kiri pressentira os inimigos a algum tempo e apesar de ter avisado aos outros tão atrasado, tinha preparado-se para qualquer disputa. Olhou em volta e não surpreendeu pelos companheiros também terem armado-se com rapidez, estava lidando com inimigos e aliados poderosos ali.
- Admito. - Katsube avançou uns passos, pondo o pé sobre uma pilha de escombros e apoiando o cotovelo no joelho que erguia-se. - Que você era a última pessoa que esperava encontrar aqui. - E sondou Kride com o olhos semicerrados.
- Pode ter certeza que também estou muito feliz em ver você. - O Uchiha respondeu com petulância.
Roatsu cerrara o punho sob a capa de viajem e forçara um sorriso amistoso. Ele sabia o que viria a seguir, e apesar de querer evitar ao máximo o que Kride acabara de provocar, tinha plena consciência que aquilo era inevitável…
- Sinto muito. - O líder do trio inimigo vociferou entre os dentes. - Mas não vais poder ficar com este mapa. - E sorriu enquanto olhava por cima do ombro, levantando a mão direita e apontando o dedo indicador aos inimigos. - ATACAR!
E os segundos seguintes foram conturbados, ágeis, faiscantes. Kride sacou de algum scroll uma imensa espada e partiu e defendeu com agilidade uma série de ataques do inimigo de longa data. Os outros dois inimigos partiram juntos contra Roatsu como em unisom, ignorando completamente o kirinin. Talvez por não ser conhecido dos adversários, talvez por não parecer tão ameaçador quanto os outros…
Kride trocava golpes com o inimigo em uma disputa de igual para igual. Qualquer um desinformado diria que ambos estavam empatados. Tolos. Olhos observadores faiscavam na escuridão, um observador perspicaz viajava com os olhos e lia cada movimento como se fosse um livro a se estudar. Eles não estavam empatados, não eram dois shinobis lutando de igual para igual… Parecia mais como se um lobo estivesse disfarçado de cordeiro. Espreitava a presa e fazia-a pensar que estava segura…. Kride era alguém interessante, Azura pensou, quando viu faiscar fagulhas vermelhas nos olhos do Uchiha. A luta acabava de mudar.
Roatsu peitava seus adversários com uma agilidade louvável, não era atoa que pertencia a tão grandiosa linhagem… E apesar de ser tão bom em desviar dos golpes dos adversários, notava-se o quão difícil era lidar com dois ao mesmo tempo. O inimigo mais corpulento, o que portava nas mãos duas kunais curvadas e usava-as com exemplar maestria, pressionava-o em cortes profundos no ar que passavam a milímetros da garganta do Senju. E como se não bastasse, o outro insistia em soltar raios das mãos como que forçando o adversário a tomar um postura defensiva. Eram uma boa equipa, mas venciam unicamente por culpa de sua vantagem numérica. E esta vantagem estava prestes a acabar.
Azura surgiu de baixo da terra, saindo do piso pedregoso e empunhando nas mãos adagas de cristal que bloquearam as kunais do inimigo. Roatsu sorriu com confiança e desviou de mais um raio. Agora que tinha espaço podia fazer muito mais naquela batalha.
Abaixou-se em um movimento inesperado, segundos antes de um gigantesco martelo de cristal passar por cima de sua cabeça e acertar os dois inimigos. Azura girava o corpo enquanto materializava a arma, lançando inimigos, nocauteando quem estivesse no raio.
O ruivo girou novamente em 360 graus, mas desta vez seu martelo serviu de impulso para o senju ser lançado no ar em uma grande velocidade, viajando no meio do campo de batalha. Foi surgir próximo de Kride, com katana na mão, golpeando Katsube no ombro em um giro quase helicoidal. A batalha tinha fim em poucos segundos, e tudo que os inimigos conseguiram foi um belo corte no ombro do líder. Kride sorriu frente ao adversário ferido e ao lado do amigo.

~x~

Antes que o rapaz que o rapaz se tentasse levantar e perpetuar a luta, coloquei lhe o pé em cima, forçando o contra o chão.
- Katsube, eu não sou inimigo - avisei - Já não.
- E achas que isso faz alguma diferença? - questionou ele - Vocês mataram pessoas, muitas! Os líderes de Wutai foram-se! As nossas tradições e conhecimentos foram comprometidos e roubados. Achas que agora podes dizer que já não és meu inimigo e o assunto está resolvido?
- Fomos todos manipulados pela SHINRA! - gritei-lhe de volta - Todos nós fomos levados a pensar que estávamos em missões para a vila! Fizemos o que nos disseram e indicaram, sem saber o que implicavam as nossas ações. Isso foi à quatro anos! - continuava - Eu perdi três anos de vida encapsulado num laboratório! A única pessoa que sabia de toda esta merda era o teu irmão! - o seu olhar afastou-se em direção ao chão - Não te posso pedir desculpa pelas pessoas que matei, pelos soldados e mesmo pelos teus tios. Não tenho esse direito… Mas não posso deixar que te metas no meu caminho quando estou a tentar emendar os meus erros.
- Não te posso deixar voltar a Wutai! Não agora que a SHINRA desapareceu e nós ganhamos a nossa liberdade de novo! Ainda és conhecido pela vila como um dos Demónios da Invasão - retorquiu.
- Eles ainda andam aí! E vão voltar! - cuspi de volta - É isso que estou a tentar evitar… Se realmente queres ajudar a tua vila, junta-te a mim! - estendi-lhe a mão direita, enquanto a esquerda guardava a Kusanagi na sua bainha, tirando-lhe o pé de cima - Depois de parar a SHINRA, ajudarei pessoalmente na reconstrução de Wutai se assim o desejares.
A sua expressão alterava-se perante o meu comportamento. Este mostrava-se hesitante em aceitar a minha proposta e o rosto dos seus companheiros contorcia-se de raiva ao ouvirem as minhas palavras.
- Nunca poderei de deixar de ser um dos Demónios da Invasão, mas talvez possamos juntos, ser os que derrotarão a Shinra... Os Demónios da Retribuição!