Anteriormente - Filler 43
Abrindo de repente os olhos na escuridão de um quarto desconhecido, Zehel despertava após um momento de inconsciência.
- "Fodasse outra vez, como é que eu acabo sempre da mesma maneira..." - protestou para si o rapaz.
Enterrando mais a cabeça na almofada de penas, relaxava o corpo ganhando coragem para se levantar. As memórias da noite passada estavam um pouco baralhadas, mas ele sabia que tinha chegado ao oásis e tinha sido atacado por alguém, depois disso tinha perdido o controlo e não se lembrava de mais nada.
Perturbando o silêncio do quarto, um suave bater na madeira da porta ouviu-se anunciando o ranger das dobradiças enferrujadas que se esticaram para mover o rectângulo. Misturado com o raio de luz que invadia o quarto uma madeixa de cabelo dourado caiu para dentro da divisão.
- Já estás acordado não já? - perguntou Tsukiko sem precisar de resposta. Entrando no quarto fechando a porta atrás de si, dirigiu-se para junto da cama do kiri-nin.
Com um pouco de esforço o rapaz moveu os músculos tensos para dar espaço à rapariga de se sentar ao pé dele.
- Porque não me tinhas dito que estavas a selar o cursed seal? Podíamos ter evitado toda esta confusão. - falou o chunnin.
- Desculpa, devia ter-te contado mais cedo. - respondeu ela olhando para baixo.
O silêncio voltou a abater-se no quarto, aumentando a tensão dentro da divisão, não se ouvia um som nem dentro nem fora do quarto, como se ninguém respirasse ou estivesse presente naquela casa.
- O que vai acontecer daqui para a frente?
- O tio da Ykarus vai tentar treinar-te para dominares o selo e não caíres na loucura cada vez que o libertas. - falou a rapariga de cabelos de ouro.
- E a Ykarus, onde está? - perguntou ele
- Ainda a dormir, ontem esteve em negociações com o conselho da colónia durante quase a noite inteira.
- Hmm, acho que é sensato não me levantar da cama antes dela me vir buscar... - afirmou Zehel após reflectir um pouco.
- Na verdade... Acho que Bengal-sama te quer conhecer. - o rapaz olhou para Tsukiko com uma cara de confusão, transparecendo que não fazia a mínima ideia de quem ela estava a falar. - O tio de Ykarus.
- Hmmmmm, será que é sensato fazê-lo sem ela... - reflectiu o rapaz.
- O pedido dele soou mais como uma ordem, creio que os servos da casa estão ordenados a levar-te a ele assim que acordares...
- Então que escolha tenho... - disse rebolando para o exterior da cama deixando-se cair no chão frio.
Levantando o corpo dorido e tenso, agarrou nas suas roupas e colocou-as, tinha consigo umas calças azuis escuras e uma camisola sem mangas preta. Agarrando na maçaneta rodou-a de modo a abrir a porta e foi logo surpreendido por um homem de porte enorme que lhe cobria toda a passagem. Levantando a cabeça de modo a conseguir olhar o homem que se erguia à sua frente, encarou o seu sorriso sarcástico com uma expressão de desagrado estampada no rosto.
- Então pirralho sentes-te melhor? - falou o homem expondo a sua voz rouca e arranhada.
- Desculpa acho que ainda não nos conhecemos. - falou em tom seco o chunnin tentando passar pelo homem.
- Haa és daqueles que perde a memória. Talvez isto te relembre. - e dizendo aquilo o homem começou a levantar a camisola. Expunha uma ferida bastante agressiva que tinha na lateral do seu tronco.
- Foste tu quem me atacou. - concluiu Zehel ao ver a marca que os seus ataques costumavam deixar. - Bem, creio que estás aqui para me levar, estou correcto?
- Yup, that's right, Bengal-sama que falar contigo. Vem dai pirralho, temos muito trabalho para fazer. - e dizendo aquilo desviou-se e começou a andar pelo corredor fora.
Seguindo-o, o kiri-nin atravessou todo o local até chegar a uma sala muito iluminada e com tapeçarias ricas. Um homem alto, de cabelo negro e a cara marcada pela idade e pelo esforço da vida aguardava sentado numas almofadas, fumando de um cachimbo alongado cujo formato Zehel nunca tinha visto antes.
- Descansas-te bem? - disse o homem numa voz melodiosa e calma. - O uso irreflectido do cursed seal pode matar o teu corpo.
- Estou bem, as dores passam rápido. O meu corpo tem um sistema de cura bastante acelerado. É um prazer conhecê-lo, sou Zehel Matsuri de kirigakure. - falou ele apresentando-se ao padrinho da sua namorada.
- Senta-te Zehel, temos muito que conversar. - pediu apontando com a mão esticada para um amontoado de almofadas onde o kiri-nin se recostou. - Sou Bengal Okaeda, mas creio que isso Tsukiko já te tenha dito, é uma rapariga curiosa, nunca vi nada do género. Mas não é disso que temos de falar. A minha querida sobrinha, que por alguma razão caiu de amor por ti, disse-me que precisas de ajuda a dominar o teu selo amaldiçoado.
- Preciso. - confirmou o rapaz.
- Porquê essa necessidade, és um ninja dotado, porque não lutas sem o cursed seal? - questionou o homem encarando sem emoção o rapaz.
- Porque às vezes é preciso mais poder do que aquele que possuo para defender aqueles que quero. Suportando todo o peso de um clã tenho de conseguir enfrentar o mais destemido dos inimigos. - falou o chunnin.
- Não tinha ideia que o clã Matsuri era assim tão ameaçado. - declarou o homem.
- Não é do Matsuri, mas do Zetsubõ. Como herdeiro tenho que conseguir manter a paz á tão pouco tempo atingida.
O homem arregalou os olhos ao ouvir aquelas palavras.
- Um Zetsubõ na minha casa, e não um qualquer, o herdeiro em si. Ykarus não me tinha contado essa parte, és o rapaz que terminou a guerra. Nada mau para um inicio de reinado... Mas mesmo assim não penses que terás melhor tratamento que todos os outros. Serás submetido a todos os testes daqueles que querem entrar aqui.
- Pensava que tentavam salvar todos com o cursed seal. - declarou o jovem.
- Só podemos salvar aqueles cuja força nos permite salvar. Para isso é preciso provarem que têm a estabilidade física e mental para o fazerem. Tens 1 semana para nos provar que consegues fazer melhorias em dominares o teu cursed seal, quando cá chegas-te nem o conseguias manter na segunda forma sem perderes a cabeça. Se ao fim de uma semana conseguires combater o estado maligno, continuaremos o teu treino, se não, terás de sair daqui. Simples.
- Parece-me bem, quando começo? - perguntou Zehel.
- Já começas-te, o Guilly está à cinco minutos à tua espera lá fora. Estás atrasado. - declarou o homem continuando a fumar o seu cachimbo e olhando a janela com vista panorâmica para o oásis.
- Foi um prazer conversar consigo, vemo-nos por ai. - afirmou o rapaz levantando-se e saindo pela porta.
Atravessando todo o palacete saiu da casa para encontrar o homem que lhe tinha barrado a porta do seu quarto. O calor no exterior estava insuportável queimando a pele clara do kiri-nin. Guilly mantinha-se imóvel vendo o rapaz a cobrir os olhos com a mão protegendo-se do sol. A pele e olhos escuros do homem faziam-no praticamente imune aos ataques incessantes do sol poderoso do deserto, dando-lhe vantagem sob o rapaz.
- Pronto para desafiares os teus limites até berrares que nem uma miudinha? - perguntou o homem negro soltando um riso alegre.
- Com este sol não vai ser desafio nenhum... - protestou o chunnin odiando o sol que se fazia sentir naquele pais.
~~Continua~~