O rapaz olhou para seu antebraço esquerdo e viu que o mesmo estava com algumas tatuagens de uma Garça, de uma Aranha e de um Tubarão com alguns símbolos tribais. Atônito, começou a tremer com uma perplexidade que beirava o desconhecido.

- Mas que porra é essa? Meu braço, ele... - tentou, quando foi interrompido pelo homem de aspecto agora misterioso.

- Se acalme, esta foi a forma de te salvar garoto. - proferiu gesticulando com as mãos de forma apaziguadora, todavia não se provou ser efetivo.

- Me salvar? Eu suponho que deva te agradecer por violar meu braço. - disse imerso em arrogância e temor. O homem juntou as mãos num selo e de repente Seiji começou a ter seus movimentos restringidos ao compasso em que sentia uma energia emanar de sua tatuagem.

- Primeiro, quem estava morrendo para um dragão de komodo era você.  Segundo, eu te dei essa tatau sem você nem merecer ou treinar. Terceiro, mostre respeito por quem salvou sua vida, seu moleque ingrato. Agora posso desativar o jutsu?

- Tatau... Você sabe que está falando errado não sabe? Espera...Você é um ninja? - disse um pouco confuso.

- Nossa como você é inteligente rapaz. A questão é, você tem a marca e ela ta sendo um condutor por onde meu chakra te mantém vivo e impede que seu corpo gangrene, então se eu tirar você morre. Se você morrer, seus amigos morrem. - explicou ironicamente, cancelando o jutsu de correntes de tinta logo em seguida.

- Certo, é muita informação pra processar. Então você está usando sua arte ninja pra me manter vivo? - perguntou, ainda confuso e atônito.

- Exato, agora, se você quer que eu mantenha você vivo e quer salvar seus amigos, terá que me escutar. - proferiu num tom ríspido e sombrio, assustando o nukenin que ficou a encarar o homem por alguns segundos, até por fim, pegar o coração e o levar a boca.

- Porque você vai me ajudar? Você nem me conhece, afinal. - indagou, curioso.

- Você me lembra um velho amigo, e também, estou numa missão de peregrinação, de redenção se preferir. - explicou. Hideki tentou questionar o homem mas este ergueu um dedo, interrompendo as perguntas desnecessárias que viriam da boca do rapaz, e sentado no solo, cruzou as pernas e pegou o coração, o devorando em pouco tempo. Seiji ao ver a cena ameaçou a vomitar, conseguindo evitar a catástrofe que iria acontecer. Terminado, o homem jogou um khukri em direção do rapaz e acenando, o fez empunhar a arma.

- Esta arma se chama Khukri, é uma arma ancestral que existe antes mesmo da Era dos Estados Combatentes, quando os clãs guerreavam entre si e os Estados feudais como conhecemos hoje não existiam. Alguns ninjas em particular desenvolveram a habilidade de manipular tatuagens para utilizar em ninjutsus, podendo ser criados desde bestas e correntes com as tatuagens. Geralmente as pessoas tem que treinar antes de obter a tatau mas você, bem... Foi uma situação extraordinária. - explicou, realizando alguns selos e retirando a camisola de algodão do dorso fazendo as tatuagens se transmutarem e ilustrarem a história que contava.

- Eu treinei na Academia Ninja de Tsubagakure, mas não consegui me formar. Conheço alguns jutsu básicos, então talvez não seja tão difícil você me treinar. - proferiu excitado com a história que seu novo mestre lhe contara.

- Garoto não se iluda, eu não sou seu mestre, eu vou te ajudar até você ficar bem e pegar seus amigos, depois, essa tatuagem vai desaparecer. Agora vamos dormir, amanhã será um longo dia. - falou, enrolando-se na cama de folhas entrelaçadas que fez, entregando-se ao mundo dos sonhos, e assim o fez também o albino.

- Ven...ha... Meu...

● ● ●

Os jovens conversavam e brincavam na sala de aula da Academia Ninja sem se importar com o fato de o professor não estar presente e não estarem aprendendo algum jutsu ou como lançar uma shuriken. Seiji conversava com uma garota e um garoto, demonstrando certa alegria e jovialidade que anos depois perderia. A porta da sala irrompeu e o sensei entrou na mesma indo em direção de Hideki, pegando-o pelo braço e arrastando o jovem para outro lugar lançando os outros alunos num breu.

- Sente, Seiji. - indicou o homem a cadeira diante da mesa que tinha um homem sentado. Em cima da mesa estava uma bandana, uma máscara e uma capa negra manchada de sangue.

- Eu não fiz nada, só pr... - o homem misterioso ergueu a mão direita e falou secamente.

- Seu pai morreu, Hideki Seiji. Como sabe ele era da ANBU de Tsubagakure, ele foi capturado em uma missão de espionagem e morto. Minhas condolências, vamos manter a moradia de seu pai até você se formar, depois disso terá sua renda e terá que se sustentar... - o homem foi interrompido quando o rapaz pegou a máscara e a capa negra de cima da mesa retirando-se do recinto. Continuando a caminhar sem parar, abriu a porta do apartamento onde antes habitava uma família, não demorando para a irmã do rapaz recebê-lo e ver o que este carregava.

- Não...

Continua...