Havíamos plantado as armadilhas em volta do acampamento pirata e estávamos prontos para atacar. - Você vai pela frente e eu vou por trás? - inquiri, receoso. O homem me encarou por alguns segundos e concordou que sim, e assim nossos pensamentos tomaram forma no mundo real.

Retirei meu khukri e me colocando por entre a vegetação escura e alta, típica de climas tropicais, me escondi com facilidade conseguindo ganhar uma boa distância sem grandes problemas. Andando alguns metros a mais, parei perto do abrigo, ainda escondido, e varrendo o local com os olhos num sistema de grandes imaginário, visualizei meu astuto parceiro.

Minhas têmporas latejavam num misto de nervosismo e excitação. Meu estômago revirava e minhas mãos tremiam com o medo, o medo de não conseguir ser forte o suficiente, o medo de não conseguir tirar uma vida quando a hora chegasse. Apenas a vida paga a morte. Escutei a voz de meu pai em minha mente, num dia antes de sua morte.

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- Papai, aonde você está indo? - perguntou o garoto de cabelos brancos, puxando a roupa de seu pai.

- Estou indo ver a mamãe, garotão, eu volto quando este ponteiro atingir esse número. - proferiu, retirando um relógio de bolso de prata, abrindo-o e indicando o ponto. Ao beijar a testa do garoto, a porta bateu e este se virou bruscamente. - Agora vá deitar Seiji-kun, sua irmã vai ajudar você a dormir, pode cuidar dela e da nossa casa na ausência minha e da mamãe? - perguntou de forma carinhosa.

O garoto fez que sim com a cabeça e pulou no pescoço do pai, esboçando um sorriso infantil. Os dois se despediram e o homem fechou a porta da casa, encontrando-se com o homem. Enquanto isso, Seiji deitava no mesmo quarto que sua irmã mais velha. - Emi-chan, estou com sede. - disse.

- Vá pegar Seiji-kun, eu estou indisposta. - proferiu em meio a tosses. Não conseguiria se erguer da cama à aquela altura, devido sua doença.  A criança consentiu e prometeu trazer algum remédio para a tosse dela.

Descendo as escadas lentamente, chegou a cozinha e pegou um jarro de barro feito pela mãe do garoto que continha água, e pegando um punhado de plantas, as torceu na água como um chá medicinal para tosses, para sua irmã. De repente, ouviu um barulho na porta e foi verificar da maneira mais sorrateira possível.

- Você está de brincadeira Akihiro? Ele escapou?! Seus incompetentes! Ele matou minha mulher e vocês o deixaram escapar? - vociferou, já sem controle.

- Hey, Kazuo-san, se acalme. Há uma divisão da ANBU trabalhando no caso. Só não faça nada estúpido ok? Tenho que ir. - disse de forma apaziguadora, indo embora logo em seguida num shunshin.

- Só a vida paga a morte... - sussurrou de maneira sombria, Seiji repetiu a frase e no mesmo momento, a porta ss abriu e o pai do rapaz checou o ambiente e fechou a porta, o garoto estava atrás da mesma.

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Semicerrei os olhos analisando o campo inimigo e tentei reunir o máximo de coragem que me era possível, e então avancei utilizando as barreiras visuais em meu caminho para aproximar-me sem alarde do inimigo. De repente, um pirata dobrou a bifurcação da barraca e me encarou, preparou o grito de alerta mas antes armou sua carranca.

- Inimigo!! - vociferou atirando uma lança de madeira rústica em minha direção. Me joguei para trás com um impulso reflexivo, e o homem pulou em cima de mim retirando uma faca feita de lâmina de pedra amarrada com cipó num cabo de madeira, bem rústica, mas que poderia cortar minha carne como aço.

- Por favor... sen... Por favor... - tentei protestar mas o homem não escutou e ergueu seu punhal artesanal, e me vi obrigado a bloquear o ataque com o Khukri. Desferi um corte em sua sobrancelha, me desvencilhando, este recuou e tentou descer numa estocada vertical contra meu peito.

Agarrando a lâmina novamente, movido puramente por um instinto de sobrevivência que dominou minhas ações, o soquei no rosto jogando para o lado direito, mas ele era guerreiro. Tentoi novamente assumir o controle, agarrando o punho que segurava o khukri, forçando minha mão contra minha jugular. Não posso... Emi... Mordi seu pulso aplicando toda força possível, e redirecionei a lâmina contra seu peito num estado de frênesi, esquartejando seu peito num turbilhão de fúria e medo. O sangue do homem jorrava e respingava em meu rosto, tingindo meus cabelos com a essência do pirata.

- HIDEKI!!! CHEGA!! ELE JÁ ESTÁ MORTO! - proferiu, mas não concendi atenção ao homem e num fluxo de lágrimas, parei gradativamente o esquartejamento.

- Seiji-kun... - reconheci imediatamente aquela voz, era...

FIM