Dia 9 (Segunda-Feira) Noite
Querido diário, o dia de hoje foi certamente o mais movimentado de toda a minha vida. Aconteceu tanta coisa que fiquei extremamente mal disposta. Sinto uma enorme dor de cabeça e febre. Estarei doente? Queria escrever o que aconteceu mas não aguento esta náusea, prefiro ficar parada. Além disso, eu não sou estúpida, não quero percorrer o risco de alguém ler o diário e descobrir.
Dia 10 (Terça-Feira) Noite
Acordei mais mal disposta que ontem, sinto que a minha pele arde e vai rebentar a qualquer momento. Não consegui comparecer à minha primeira missão com a Kumo Nove. À tarde a mãe deu-me um comprimido que me aliviou bastante a dor, mas depois disse-me que não devia tomar mais nenhum por mês, que devia continuar em casa a recuperar naturalmente, mas eu não posso. Tenho de encontrar onde eles escondem estes calmantes.
Dia 11 (Quarta-Feira) Manhã
As dores voltaram a ser insuportáveis, os pais informaram Darui da minha situação. Disseram-me para ficar em casa e aguardar um médico que seria enviado à tarde.
Aqui vem o problema: Preciso de angariar quarenta e cinco mil ryous até à próxima segunda, ou os superiores que nos fornecem os produtos vão punir nos.
Tarde
Sozinha em casa acabei por encontrar onde guardam os comprimidos, uma reserva no valor de quilos. Decidi-me a arriscar, enchi a bolsa ninja com uns quantos e deixei-os restantes escondidos no mesmo local, estou certa de que ninguém vai notar a diferença.
Sinto-me bem melhor, vou arriscar apresentar-me ao Raikage, dizer-lhe que recuperei, e que estou disposta a executar uma missão.
Dia 12 (Quinta-Feira) Noite
Os efeitos da droga são maravilhosos... enquanto duram. Mas parece que o efeito é cada vez mais curto. Ontem tomei três comprimidos, sempre que o efeito acabava a dor era tão insuportável que era forçada a tomar mais um.
Hoje tomei seis comprimidos, mas realizei a minha primeira missão com a Kumo Nove. Foi divertido porém no meu estado preferia ficar parada em casa a morrer. O meu corpo tem fome mas a minha cabeça não sente vontade de comer.
Junto com o dinheiro da farmácia conseguimos 4000 ryous, só falta 41000. Na segunda ás 10 devia receber de Jouhyou 40000. Mas Jouhyou foi assassinado pelo Esfolador de Mentes. Serão esses os meus últimos dias?
Dia 13 (Sexta-Feira) Noite
Realizei duas missões de rank D hoje, os meus companheiros tem notado que eu estou a agir de forma um pouco estranha mas os comprimidos permitem-me manter de pé, apesar de não aliviarem mais a dor. Mesmo depois de tomar 10 continuei a sentir uma dor, pergunto-me se um dia vou adquirir tolerância total à droga. Os meus pais ainda não sabem que estou a tomá-los e são a única razão para eu aguentar-me.
Ao final do dia Takino convidou-me a mim e ao Aidam para visitá-lo sábado a tarde, apenas para relaxar na sua casa. Quero aceitar mas o tempo não me deixa.***
O forte sol do meio dia manifestava-se num campo rochoso do país do trovão onde Sagiri estava sentada solitária. Antes de resumir o seu caminho sacou do seu diário. Reveu as suas entradas anteriores enquanto planeava como escrever a próxima.
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"Falta-me 30000 ryou e só tenho dois dias, eu não devia ir à casa de Takino. Devia estar na farmácia e tentar angariar mais dinheiro." - Pensou para si mesma, infeliz na sua situação. Retirou de um comprimido e num movimento subtil consumiu-o. -
"Esse foi o sexto hoje. A verdade é que a minha disposição para trabalhar esgotou-se. Realmente preciso relaxar, de qualquer maneira do que vale eu estar na farmácia se não vai haver clientes suficientes?"Devido ao seu extremo cansaço e mau estado corporal, fechou os olhos e imediatamente caiu em sono, libertando o diário e bolsa ninja que rolaram pelo chão. Empurrados pelo vento e inclinação, os comprimidos fugiram todos montanha a baixo.
Na mente de Sagiri deparou-se novamente com a sua reflexão, que representava o seu espírito e instintos, funcionando como outra consciência.
- Finalmente soubeste agarrar a oportunidade.
- Talvez. Tenho de ser cuidadosa, se for minimamente arriscado não vou tentar nada.
- Estás com medo? Não te preocupes, toda a gente acha que és boa pessoa, és perfeita a mascarar a tua inteligência. Faz apenas aquilo que eu te disser.
- Responde a esta pergunta primeiro e eu posso concordar.
- Pergunta?
- A primeira vez que falamos, no dia que EM se apresentou. Disseste-me que eras eu, mas não eras a Sagiri. O que realmente querias dizer com isso?
- Eu gostava de me lembrar, apenas sei que algo do nosso passado foi oculto. E julgo que o nosso verdadeiro nome não é Sagiri. Nunca estranhaste que a maioria dos habitantes de Kumogakure, aliás, ambos os teus país são de pele escura? No entanto a tua pele é branquíssima. Como se pertencesses a uma linhagem proveniente de um país frio.
A verdadeira Sagiri, que representava o corpo e os valores da sociedade que ela aprendeu estremeceu, silenciada.
- Posso não ser natural de Kumo mas foi aqui que cresci. Se eu roubar um cidadão da minha própria aldeia, estarei quebrando múltiplos ideais ninja que escolhi seguir.
- A vida em Kumogakure realmente limpou-te o cérebro. Estúpida, entende que é uma questão de vida ou morte, agora acorda, já chegaste tão longe, não podes desistir aqui. - Gritou os seus instintos ao entregar uma chapada à outra entidade que compunha a sua mente.
- Toma, deixaste cair este livro ao chão. Estás cá com umas olheiras... - Através da sua visão desfocada devido a ter acordado recentemente enxergou Aidam a entregar-lhe o seu diário. Num movimento doloroso pegou nele e armazenou-o numa pequena mala que portava ás costas.
- Obrigado.
- Chegaste aqui antes de mim, vejo que tás' entusiasmada! - O ninja de cabelos prateados apontou para uma colina não muito distante. - A mansão do Takino é ali, é awesome! Ele tem todo o tipo de regalias e mais divisões que um palácio!
- Fixe, vamos. - Respondeu-lhe tentando disfarçar um tom entusiasmado, mas as dores impediam-lhe de suceder na sua farsa, revelando como estava cabisbaixa e relutante.
- Estás mesmo mais calada que eu. Bora.
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"Óptimo, agora só tens de agir normalmente por momentos, diverte-te com eles enquanto que avalias a mansão dele. Procura por coisas leves que se possam esconder na roupa e que sejam valiosas. Talheres é sempre uma boa ideia." - Ouviu os seus instintos a guiarem-na. -
"É fácil dito, mas Takino e Aidam são provavelmente mais experientes que eu, treinaram muito mais com Kenai ao longo da semana do que eu. E o meu maior problema... perdi os comprimidos, sinto uma dor dilacerante no coração."