A vila estava deserta. A explosão tinha criado um rastro de destruição nos edifícios em volta do ponto de impacto. Eu, Misuko e Kaori estávamos os três a olhar para um velho rival e conhecido.
O Inuzuka ria-se após uma troca de investidas com Misuko. Parecia satisfeito com a nossa vinda, e até parecia que nos esperava a já algum tempo. Kaori já tinha-se recomposto do susto inicial do homem que quase a matou.
- Ora, ora… Servos de Konoha, chegaram bem na hora de eu terminar com esta vila desprezível.- Dizia ele, com o sorriso habitual. Misuko estava apenas quieta, enquanto eu já tinha agarrado as duas adagas na minha mão.- Parece que desta vez, poderei matar uns Shinobis dessa desprezível vila. Esta será o vosso túmulo.
Ele batia insistentemente a suas garras metálicas, enquanto falava, ameaçando um ataque. A minha respiração era forte, mas mantinha-me calmo.
-O Presidente, Misuko-san?- Perguntei estando lado a lado dela.
-Está vivo, consegui afastá-lo para um lugar seguro.- Dizia ela, sem desviar o olhar do oponente.- Está preparado para a luta, Takashi-Kun? Sabe o que fazer.
Apenas acenei com a cabeça, e com um salto coloquei-me acima de um pilar que estava solto. Os meus olhos já transpareciam o olhar avermelhado, enquanto as adagas na minha mão eram circundadas com Chakra azulado e cortante.
-Hum… Vejo que aprendeu o Hien. Veremos do que é capaz, pirralho.- Dizia ele sorrindo, enquanto desaparecera de seguida. A batalha iniciara-se.
A velocidade dele era assombrosa, mas como da primeira fez o Sharingan permitia que eu o conseguisse acompanhar. Ele tentou entrar pela minha esquerda, com a garra direcionada ao meu rosto, mas com apenas um levantar de adaga consegui prende-la entre o metal.
Sem desviar o olhar para ele, sorria. Ele não imaginava o quanto tinha melhorado durante aqueles dias de treinamento, e missões antes da minha vinda aquela aldeia. Com apenas um movimento, acertei uma joelhada no queixo, deixando ali uma marca.
Continuei, usando o impulso da queda, em mais um salto enquanto ele recompunha o equilíbrio. Golpes de metal simbolizavam o ataque e a defesa de ambos os ninjas, e nenhum de nós cedia. Até que um erro, fez com que eu conseguisse acertar-lhe com um pequeno arranhão. Nesse mesmo momento, ele provocou um distanciamento entre ambos.
Já no chão, ele olhava para mim, ofegante. Ainda assim, aquele parvo sorriso não saia do seu rosto.
- Tenho que admitir, melhorou imenso a sua técnica, mas ainda não é suficiente para mim.- Dizia ele arrogante, enquanto emitia uma gargalhada estranha. Enquanto olhava em redor, parou o olhar em Kaori, que estremeceu.- Então a garota sobreviveu ao meu ataque… Pena, morrerá hoje mesmo.
Ele desapareceu da minha visão, e reapareceu por cima de Kaori e Misuko a uma velocidade sensacional. Porém, enquanto descia uma bola de fogo foi ao seu encontro, forçando-o a esquivar acrobaticamente. Esse fora o seu erro.
Ao iniciar o ataque direto contra as duas garotas, Misuko colocara-se a frente da Gennin e fazendo um gesto rápido de selos, emitiu de imediato uma luz fortíssima vinda do seu corpo. Aquilo obrigara-me a tapar os olhos.
Aos poucos o clarão que estava em meus olhos foi-se dissipando. O homem, antes convencido e falador, agora contorcia-se de dor tentando respirar. Aparentemente nada ao redor dele estava a “segurá-lo”, mas Misuko sorria, enquanto Kaori permanecia imóvel e algo medrosa.
- Hanachiri Nuko!– Dizia ela sorridente, enquanto andava a volta dele.- Para saíres desse sufocamento. Basta contares-me o motivo desde ataque com bombas a uma vila comum. Pensa bem, a tua vida pode estar em perigo.
A Jounin circulava em volta do Nukenin, enquanto Kaori voltava aos poucos do susto inicial. Afastou-se um pouco dela e observou a cratera, enquanto eu vigiava de perto o Inuzuka com a Sensei a tentar apertar com o bandido.
- Não me mates, por favor!- Dizia ele, ofegante. Sentia o seu ar a comprimir cada vez mais nos seus pulmões. A Sensei não mostrava compaixão e esperava com o tempo que ele desabafa-se ou morreria.
- Takashi, Sensei!- Gritou Kaori do nada. Tinha passado algum tempo desde que ela examinava com cuidado a cratera. Ambos desviamos a nossa atenção para ela, e ela reaproximava-se de nós.- Estava a pensar e não têm como este aqui ter efetuado uma explosão tão forte e localizada do nada.
Era verdade, aquele ser não tinha nenhum poder até ali para causar uma explosão daquela dimensão e continuava a negar-se a responder as questões. A Yamanaka estava farta de esperar, e resolveu então aproximar-se dele.
Os passos lentos, atormentavam o Nukenin, que parecia temeroso de ser morto. O ar já lhe faltava pouco, e aquela tinha sido a rapariga que ele tinha tentado matar. Kaori não parecia nervosa, ou tensa na situação. Pelo contrário, colocou a mão na cabeça e fechou os olhos por alguns segundos.
Momentos depois, ela começou a suar. Vários pingos caiam da sua face, enquanto o prisioneiro permanecia calado. A sua expressão era de concentração profunda, até que poucos segundos de todo aquele processo, sorriu e retirou a mão estando bastante ofegante.
- Ele não sabe de muito, apenas que foi enviado para aqui por um homem de casaco negro que o cobria totalmente, e lhe disse para esperar algo ocorrer e matar quem o visse.- Disse ela, ajoelhando-se no chão enquanto não recuperava o fôlego.
- Usei o Omoito Bikomi no Jutsu, ainda que só o consiga fazer por meros segundos, é um Jutsu de classe muito elevada.
Cheguei próximo dela, e ajudei-a a levantar-se enquanto ela mesma recuperava do esforço. Enquanto isso, Misuko, já satisfeita invocou umas correntes de um pergaminho que tinha trazido consigo, amarrando-o pelas mãos atrás das costas.
- Genjutsu Kai.- Disse ela, juntando as mãos e liberando o criminoso do seu Genjutsu.
- Vocês vão todos morrer! Ouçam o que vos digo!- Dizia ele, entre respirações e esforços para soltar-se sem sucesso.- Morrerão todos, todos!
- Vamos leva-lo para a Anbu, e eles que tratem dele. Temos que informar a vila do que aconteceu aqui.- Dizia Mizuko, sem prestar atenção no homem. Porém, de um momento para o outro, o ar parecia ter mudado de panorama.
Dois homens surgiam atrás de nós, e atrás do bandido. Sem tempo para reagir, um deles colocou a mão na face do Inuzuka, e saiu uma rajada de poder da sua palma. Forte o suficiente para estourar parte da cara do ex-membro de Konoha.
- Devia explodir estes três com o Bakuton?- Dizia uma voz fina, com um leve riso sarcástico. Nós estávamos cada um parado, e ainda incrédulos com aquilo que acontecera naqueles milésimos.
- Não, ainda não. Ainda que o meu objetivo fosse esse mesmo, não podemos deixar ninguém vivo para contar a história, porém eles merecem sofrer. – Dizia o outro, com uma voz mais grossa. Este era alto, e possuía um casaco preto com um capuz que o tapava completamente. O seu parceiro era ligeiramente mais baixo, e possuía o mesmo tipo de veste.
Recuperado do choque, adiantei-me ao ataque. Com selos rápidos, aspirei algum ar a minha volta e expulsei-o numa bola de fogo.
- Katon: Gōkakyū no Jutsu!- Ambos os ninjas conseguiram desviar do ataque. Mas já estavam sob mira de várias Shurikens arremessadas por Kaori que entrara na briga. Eles apenas conseguiam desviar no ar, enquanto caiam no outro lado da cratera.
O mais pequeno fez uns selos, nos quais me concentrei. Pouco depois, sentia o chão a estremecer:
- Doton: Doryū Taiga!- Gritou ele.
O chão começou a ficar mais lamacento, criando um autêntico rio de lama. Misuko, eu e Kaori caímos no chão, enquanto eles voltaram a saltar sobre nós. Porém algo os fez parar, e caíram dentro da cratera.
- Não olhe para os olhos dela.- Dizia o homem de voz grossa. Sem notar, Misuko já tinha-se levantado e estava a postos para lutar a sério com aqueles dois homens. Apeie-me mais a minha parceira, e concentrando na posição deles, executei os mesmos selos aos quais tinha prestado atenção anteriormente.
- Doton: Doryū Taiga!
Um rio de lama formou-se no meio da cratera, para impressionar os dois homens que saltaram novamente para o posto do outro lado, afim de não serem atingidos pela lama. Ambos agora cochichavam o que fazer. Misuko permanecia apenas expectante, enquanto Kaori olhava para os meus olhos.
Eles tinham mudado, já não possuindo apenas um ponto, mas sim dois pontos. Aquilo tinha-me permitido copiar um Jutsu que não era do meu elemento naquela hora.
- Um Uchiha, uma Yamanaka e uma utilizadora de Genjutsu… Esta batalha ficará para outro dia.- Dizia o homem de voz mais grossa. Parecia que tinha desistido de lutar contra nós, com medo de algo.- Apenas quero deixar uma mensagem, e levem-na ao Hokage: um dia, assassinaremos todos os que estiverem contra nós. Um dia, Dominus e os seus seis servos governarão o mundo.
Após aquilo, ambos desapareceram num abrir e piscar de olhos. Misuko e eu não sentíamos mais nenhuma presença no ar, e as pessoas que estavam escondidas em casa começaram a sair desses mesmos abrigos.
Estava cansado, com a roupa suja e até com alguns cortes na mesma. Ao olhar para o corpo de Inuzuka, pude ver que ele praticamente não tinha cabeça e que aqueles seres aparentavam ser mais fortes do que julgávamos.
- Eles podiam ter-nos morto e não o fizeram, Senpai.- Disse em voz normal, já com os habituais olhos.- Somos mensageiros, o plano deles era exatamente esse o tempo todo.
- Parece que sim, mas não quiseram enfrentar-nos. Temos que voltar a vila imediatamente.- Disse ela, enquanto os homens da aldeia chegavam para averiguar o que se passara. Eu peguei no corpo do bandido, e rapidamente sai dali. As crianças não precisavam de ver o sangue da batalha.
- Vamos ficar bem!- Dizia a voz, que seguia-me nos telhados, amigável e confiante. Por algum motivo, Kaori não tinha-se abalado com aquela mensagem. Talvez porque já enfrentara a morte. Aquilo preocupava-me, mais do que devia naquele momento.
- É... Vamos ficar bem…