Uma brisa fraca colidia contra o homem, fazendo seus próprios cabelos serem remexidos as suas costas. O frio que tal trazia consigo entrava por todas as frestas possíveis de sua roupa fazendo seus pelos se eriçarem. Atrás de si estava a Lua, tão grande como poderia ser e cheia, permitindo a unica iluminação que poderia se ter no local.

O homem se mexeu, estava apoiado com os dois pés no ponto mais alto daqueles telhados de duas águas, com barras de ferro reforçando as suas bordas e o seu centro. Simplesmente ele pulava para um poste erguido ao lado da casa, esse estava rachado nos cantos e alguns estilhaços de madeira ainda se mostravam ao chão. Provavelmente isso significava que ele era usado para treinamentos. O homem encarava a porta, seus olhos negros era a unica parte que se via de seu rosto, a mascara em forma de urso garantia isso. Essa realmente parecia  uma das máscaras ANBU a não ser pelas escritas em vermelho cravado em sua testa "OFK". Em um segundo momento o homem simplesmente não estava mais ali, de dentro da casa pode-se ouvir um último grito.


Adonai estava eufórico, mais do que o habitual. Tinha acabado de passar o seu primeiro dia na academia ninja e a sensação das experiências e treinos que ainda viriam lhe fazia não conseguir esperar pelo próximo dia. A caminhada até a sua casa era longa, apesar de ter apenas seis anos cabia a ele a responsabilidade de voltar para ela em segurança. O Sol parecia que já iria se por para dar espaço a luminosa Lua, uma fraca névoa pairava no ar no momento deixando tudo mais sossegado do que normalmente era.

O garoto foi obrigado a parar em meio ao caminho quando viu uma multidão em frente a uma grande casa, alguns homens ANBU a cercavam enquanto uma fita amarela era posta ao seu redor para impedir os curiosos de maiores aproximações. Em meio a todos estava seu Pai, com seu chapéu pontudo de trabalho na cabeça - Vamos para casa - Sua voz parecia mais severa do que sempre e fez o garoto se apressar a seguir o homem que já se colocava a caminhar pela estrada. Hiroshi era um homem de estatura mediana, tinha músculos bem a mostra por conta de seus anos de trabalhos como construtor, apesar de que se ouvia falar de que havia sido um excelente ninja em sua juventude, tinha agora seus 26 anos e parecia estar "sossegado".

A caminhada até a casa havia sido de um tenso silêncio, o homem liderando o trajeto por todo o caminho. Por fim chegavam ao seu destino, pisando na grama bem aparada ao redor da casa de madeira. A sua porta estavam dois homens desconhecidos ao garoto, tinham roupas pretas largas e um deles uma fita branca segurando seus longos cabelos - Filho, entre - A expressão e o tom de voz de Hiroshi não deixavam espaço para discussão e o garoto obedeceu a ordem adentrando pela porta que rangia com o movimento de ser aberta. Sua mãe, Katsuy, estava la dentro limpando a cozinha. Ela era meiga e gentil, e trabalhava o dobro por conta dos serviços que ainda fazia em casa após voltar da pequena loja de mercadorias ao qual trabalhava - Mãe, cheguei - A voz fez a moça erguer a cabeça para reconhecer o som e sorriu para o garoto que agora corria para o seu quarto e para a janela. Colocando o ouvido contra ela, o curioso estudante tentava agora escutar a conversa que se estava tendo ali fora.

A tentativa fora praticamente em vão, apesar de próximos os homens conversavam em um tom baixo o bastante para nada ser ouvido, mas quando um dos homens de preto ergueu a voz um pouco, provavelmente exaltado, uma frase pode ser distinguida - E o que faremos quanto ao garoto? - Adonai ainda percebeu seu Pai fazendo gestos para o homem calar-se. Mil perguntas agora se formavam na cabeça do pequeno, de que garoto falavam eles? - Shalom, me ajude com o serviço - Sua Mãe quebrava a expectativa do garoto, que agora fazia uma estranha cara de desanimo - Não me chame por esse nome - Mesmo carrancudo ele se dirigia para fora do quarto.

Não se sabe por que, mas passando pelo corredor que levava para fora da ala dos quartos, o garoto arriscou uma simples olhada para dentro do quarto de seus Pais, o qual tinha a porta meio aberta. Encima de um criado mudo no outro lado, viu algo que lhe chamou a atenção: Uma máscara branca - O que está fazendo? - Dizia sua mãe, desconfiada enquanto o garoto olhava para dentro de seu quarto - Nada - Disse ele simplesmente, seguindo o caminho até a sala.

Com o tempo, a máscara e a conversa do seu Pai foi esquecida, assim como as memórias do garoto.  

Spoiler: