- Kurotsai-sama, apresento-lhe Takeshi-san, da Vila da Folha. - Anunciou Mitsuki, mantendo uma vênia enquanto proferia o anúncio. Quando terminou ergueu o tronco, no entanto manteve a cabeça baixa.
Do outro lado do pálido escritório, sentado numa imponente cadeira branca, estava Kurotsai. Um homem careca nos seus 50-60 anos, de inexpressivos olhos acinzentados e expressão serena. Os seus dedos magros cruzavam-se em frente ao seu nariz e este mantinha-se silencioso enquanto avaliava os dois "intrusos":
- É um prazer estar aqui, Kurotsai... - Takeshi limpou a garganta e engoliu a seco -
...-sama.Utilizar títulos honoríficos não faziam parte da sua personalidade, mas havia qualquer coisa naquele homem que o fazia quase sentir-se obrigado a tratá-lo com tremendo respeito. O líder da organização trajava um requintado manto branco, adornado de elegantes detalhes dourados que se espalhavam desde da gola ao restante tecido. Num curto exalar de ar, Kurotsai afastou os dedos da cara e relaxou o corpo. Com um gesto das mãos, pediu para ficar a sós com Takeshi:
- Quero falar em privado com o nosso convidado. Aguardem a minha chamada lá fora.- Hai! - proferiram os quatro guardas e Mitsuki, deixando a sala rapidamente.
Quando apenas restou Takeshi e Kurotsai, este pediu que o konohanin se sentasse numa das cadeiras na sua frente. O Uchiha anuiu com a cabeça e correspondeu ao pedido:
- É uma honra estar perante alguém tão...peculiar como tu."Peculiar?! Ele chamou-me peculiar? Que raio quer ele dizer com isso?"O Uchiha ergueu uma sobrancelha, aguardando pela continuidade do discurso:
- Tenho a certeza que nunca tinhas ouvido o meu nome e muito menos o da nossa organização. - Takeshi confirmou com um aceno de cabeça -
Ótimo. É assim que deverá ficar. Não procuramos fama, muito menos da indesejada. Os nossos colaborados são todos escolhidos meticulosamente e todos têm um objetivo específico para com o restante grupo, tudo no intuito de seguir a nossa missão. - Kurotsai sorriu brevemente -
De certo que te perguntas qual é essa missão. Nós procuramos, recolhemos, protegemos e estudamos vários artefactos afim de utilizar os seus benefícios nos nossos shinobis. Não olhes para nós como uma força militar, mas como uma unidade de defesa de emergência. Ao longo dos anos, a nossa reserva tem impedido atentados políticos a atentados contra a humanidade. Os quadros que tu viste? Pode-se chamar de "recordações" ou "troféus de guerra". Os "grandes ataques", como da Kyuubi ou da Akatsuki, todos eles foram impedidos por shinobis formidáveis - não lhes posso retirar os créditos - mas a nossa reserva foi uma grande peça no jogo. Ocultados nas sombras, agindo nos bastidores...Nós movemos as nações. - levantou-se e começou a andrilhar pela sala a passo lento -
Queríamos ter reduzido as baixas e claro, haviam meios para isso. No entanto, no mundo bélico, querer e poder são duas coisas bastante parecidas e simultaneamente opostas.- E qual é o meu papel para a organização? - indagou o Uchiha
Kurotsai retornou à sua cadeira pálida, mantendo-se no silêncio por breves momentos:
- Nós soubemos da tua existência assim que entraste no sistema, a partir dos registos da Shin no San.A garganta do konohanin enrolou-se num nó bastante apertado ao relembrar-se da tão infame organização Uchiha que, durante 3 anos, fora o seu pior pesadelo:
- S-Shin no...San?! - balbuciou
- Hai. É do nosso conhecimento as atrocidades que a Shin no San pratica ao longo dos anos, mas não nos é possível acabar com tal movim...- Como assim "pratica"? Eu e Katsu-senp...Katsu Imagawa destruímos o complexo onde fui cativo! Acabámos com eles! - interrompeu Takeshi
Kurotsai começou a barba bastante, acabando por abanar a cabeça em reprovação:
- Receio que não. Vocês apenas arranharam o tronco de uma grande árvore. - o facto do seu feito (embora ilegal) acabar por não valer praticamente nada, fazia o estômago de Takeshi revirar-se -
Mas isso é outro assunto que podemos discutir mais tarde.- Porquê eu? No meio de milhares de shinobis, porque fui eu o escolhido? - Takeshi bateu na mesa e apontou o dedo a Kurotsai. A fúria que sentia dentro de si fazia despoletar o Karyuka, incinerando parte da sua cara.
Kurotsai não se mostrou preocupado com a situação, muito pelo contrário:
- Acabaste de responder à tua pergunta com essa demonstração de poder excepcional. Combinando o doujutsu que te corre no sangue com o dom que os Deuses te deram...Tu és a Visão e a Purificação. Um Guardião. - o líder mostrava-se bastante entusiasmado com as suas próprias palavras. Por sua vez, Takeshi congelou (se é que isso lhe era possível) na cadeira com as palavras que lhe assaltavam a mente -
Tu és a chave para a libertação de um dos nossos maiores artefactos. Vou deixar-te assimilar tudo o que ouviste até agora, mas no fim preciso de saber se aceitas juntares-te à nossa causa.Takeshi não sentia malícia ou falsidade nas palavras de Kurotsai, no entanto, havia algo que ele não lhe estava a contar. Havia tanto para processar, tanto para compreender e aceitar. O rasto de morte que seguia A Fundação era inevitável, mas necessário. E da mesma forma que eles o usariam para atingir um determinado objetivo, Takeshi também os usaria para acabar de vez com a Shin no San.
O sonho...A cara do Uchiha cerrava-se numa expressão determinada e, escondido, o seu punho direito fechou-se pelo misto de raiva e desilusão que sentia dentro de si.
As chamas que cobriam parte da sua cara desapareceram e a sua respiração e batimentos cardíacos voltavam ao regular, no entanto a sua cabeça parecia papa. Mas essa era decisão correta - pelo menos por agora - e Takeshi tinha que, finalmente, tomar uma posição para com o mundo. Esta era a hora em que vinculava de que lado estava. Inspirou fundo e enfrentou Kurotsai nos olhos:
- Eu aceito, mas eu faço as MINHAS regras.- Desde que estas respeitem a Fundação...estou de acordo. Bem-vindo, jovem Uchiha. A mudança para a sede pode ser feita de imediato ou, se preferir, dentro de alguns dias.Takeshi levantou-se, fez uma vênia:
- Irei resolver uns assuntos rápidos em Konohagakure, mas voltarei assim que possível.- Mitsuki-chan irá acompanhar-te para facilitar os afazeres. Por agora é tudo.Esta era a deixa para o konohanin abandonar a sala. Quando já estava junto à porta, virou-se para um última pergunta:
- Eu sou a chave para libertar o quê, em concreto?Kurotsai levantou os olhos do pergaminho que estava a escrever. Embora a sua resposta pudesse ser levada como uma piada, a sua cara séria não transparecia nenhuma comédia ou intenção jocosa. Ao ouvir a resposta à sua pergunta, Takeshi engoliu a seco aquela "chapada sem mão":
- Tu és a chave para libertar um Deus. - e voltou à sua escrita.
Eu 'tou fodido... - EUZINHO escreveu:
- Eu não estava à espera que o filler ficasse tanto deste tamanho como com tanto diálogo. But, oh well....Espero que tenhas gostado Convidado
- Subscritores: