...Há meio ano atrás... - Este vai ser um dia inesquecível para todos! - Anunciava a professora, alta e magra como um palito, vestindo uma espécie de macacão largo de cor salmão de tecido fino. Falava em voz alta para todo o auditório enquanto caminhava por entre os alunos, distribuíndo pequenas folhas... - Costuma a ser dos vossos favoritos, e dos meus também, confesso. O dia em que cada um de vós descobre a natureza elemental do seu chakra. - Passou em frente a Senshou e deixou-lhe a sua pequena folha arredondada, idêntica a uma vulgar folha de árvore, que o era, mas não vulgar...
Depois da professora de curtos cabelos laranja encaracolados ter distríbuido as folhas por todos os alunos, regressou ao seu pequeno palco na parte inferior do auditório e vociferou-lhes os procedimentos com elequência.
Himura Senshou segurou a sua folha entre o indicador e o polegar da sua mão direita. Olhou para baixo... Os seus dedos saíam-lhe pela proteção vermelha das costas da mão e seguravam na folha castanha-esverdeada com gentileza. Concentrou-se de olhos fechados, fazendo fluir o seu chakra pelo seu corpo até aos seus dedos.
Um toque por trás no seu ombro despertou-o.
- Senshou-kun! - Chamou a sua colega com a sua aguda voz meiga. Para o fazer teve de se levantar e esticar-se para conseguir tocar no ombro dele, evitando assim um chamamento em voz alta. Senshou virou-se para ela... - Mite!!! - Ela estendeu-lhe a sua folha humedecida.
A expressão séria e inexpressiva do rapaz do vale ventoso quebrou-se num sorriso que ofereceu à colega:
- Parabéns! És "Suiton"! Uma manipulação bem versátil, útil e importante!
- A-ham!!! - Ela agitou cem vezes a cabeça com um feliz sorriso de olhos e boca fechada.
Senshou estendeu o braço para lhe devolver a sua folha, mas ela mostrou-lhe a palma das mãos...
- Não! É para ti! Guarda-a para nunca te esqueceres de mim, por favor, Senshou-kun. - Ela estava corada e uma expressão envergonhada, mas o seu pedido foi sério e sincero.
- Claro que sim! - Senshou, com um novo sorriso. - Mas eu nunca me esqueceria de ti de qualquer forma! - Depois virou-se vasculhando os seus materiais escolares numa sacola emprestada pela Academia de Suna. Retirou uma bolsa transparente justa ao tamanho da folha e colocou esta no seu interior. Voltou-se depois para a colega com uma expressão desiludida... - Eu oferecia-te a minha, mas... - Mostrou. - Ela ficou cortada ao meio. Não acho que seja um presente bonito para te oferecer em troca, nem o suficientemente digno de ti.
Ela agitou as mãos frenéticamente:
- Não! Se é o que achas, não a quero. - Pousou os cotovelos na pequena escrevaninha de madeira à sua frente a apoio as suas faces nas palmas das mãos. Senshou achou-a, como a achava «super fofa e super linda». - Ofereces-me depois em troca um presente que vejas e que sintas com a tua certeza que é um presente para mim.
- Combinado, Arya-chan! - Como a tratava vulgarmente num tom de divertida convivência.
- Spoiler:
Descrição física: Tem cabelo loiro com um corte simétrico e arredondado pelo pescoço. Usa uma máscara oval apenas com duas ranhuras a revelarem os seus olhos azuis, dividida verticalmente em duas cores: Vermelho e Azul-escuro. Dessa forma, esconde a sua identidade e o seu Hayate de Sunagakure. A sua face é arredondada e a sua pele "branca" e lisa. É baixa, e "rechonchuda", com uma constituição típica do seu clã. Usa um colete preto por cima de finas camisolas, vermelhas ou beige. As bermudas e as sandálias também são pretas.
Descrição psicológica: Competitiva, sentimental, apaixonada, determinada. Gosta de comer.
Breve História: Migrou para Suna com a sua mãe quando tinha 12 anos. Andou na turma da academia de Himura Senshou e sempre venerou a sua maturidade, tendo um "fraquinho" por ele.
~ ~ ~
Atualidade... Senshou não tirava os olhos da folha protegida pela bolsa transparente.
- Ainda não encontrei o teu presente, Arya-chan...
Voltou a guardar a folha por detrás do seu Hayate de Suna e encostou a cabeça na camisola dobrada que usara como almofada para não sentir tanto a dureza da rocha. Olhou de novo para o céu escuro, uma imagem que ainda o iria acompanhar por algumas horas. Deixou-se cair novamente nas suas recordações...
~ ~ ~
...Há cerca de 1 ano atrás...A terceira turma de Himura Senshou estava toda reúnida num átrio interno, com coberto, pertencente à academia shinobi de Sunagakure.
- Ohayou! - Cumprimentou a professora em alta voz... ecoou no recinto em "reverb". - Hoje vamos jogar Shino'biri-ball! O jogo é composto por duas equipas que iremos formar de seguida... Joga-se com esta bola! - Mostrou-lhes uma bola com 60 centímetros de diâmetro. - Têm que adaptar o Kinobiri às mãos se a quiseres segurar, como eu estou a fazer, ou então, têm que ter umas mãos muuuiiito grandes! - Fez um arco no ar com a mão livre. - Porquê? Porque as regras são: não se pode segurar na bola com ambas as mãos; não se pode segurar na bola por mais de cinco segundos; não se pode correr se estiverem a segurar na bola; podem usar qualquer parte do corpo para segurar a bola. Resumidamente, a bola só pode circular e ser "roubada" pelo ar. O incumprimento causa a perda da posse de bola para a outra equipa. Agora... - Apontou para cima, para um aro metálico circular na parte central de um ferro ligado a ambas as paredes, pouco mais largo que a bola que segurava, a 6 metros de altura e a 2,5 da parede longitufinal. Havia um outro do lado oposto, nas mesmas condições. - O objetivo é fazer passar a bola, de cima para baixo, pelo aro da equipa adversária, dando isso direito a um ponto. A estratégia consiste em passar a bola a um colega que tenha usado o Kinobiri para subir à parede, e este deve apanhar a bola em salto e fazer um "afundanço". Pode sempre arriscar bater a bola na direção do aro, mas será mais difícil... - Após mais algumas indicações e esclarecimentos: - Vamos agora dividir-vos em duas equipas... Pode ser Marco e... Ruka... ao centro os dois! Escolham, à vez, um membro para a vossa equipa. Os dois garotos dirigiram-se ao centro e começaram a escolher os colegas para a sua equipa...
Após as óbvias opções por afinidade, Himura Senshou foi dos primeiros a serem escolhidos. Ruka reconheceu que a sua agilidade seria útil para a equipa...
Segundos depois, restavam apenas três raparigas para escolher...
- Opah! Eu não quero ficar com a gorda! - Comentou Marco, num riso acompanhado por outros colegas.
Senshou surgiu entre eles e agarrou Marco pelos "colarinhos".
- Retira o que disseste!
- Ei! Larga-o! - Os colegas de Marco afastaram-no. Marco ficou com uma expressão zangada. Sacudiu a camisola olhando de lado, sem nada dizer.
Senshou era um pouco respeitado por ser mais velho...
- Meninos! Comportem-se! - Ralhou a professora.
- Nós ficamos com a Arya - (a "gorda", segundo Marco) - e eles ficam com as outras duas. - Decidiu Ruka, com maturidade e serenidade.
Senshou recuou para junto da sua equipa... «Nunca deixarei que seja como daquela vez...» ~
~
Cinco anos antes...
- Ah! Eles não são dos nossos pai! Além disso, são criminosos!
- Ora, ora! O rapazinho sabe umas coisas!
- Deixem-nos! Já disse!
- E o que vais tu fazer, rapazinho!?
- Vou dar cabo de ti!
- Bahahahaha!!! ...Acabou a brincadeira! ... ~
Senshou recordou-se do momento em que foi incapaz de ajudar o seu pai e em que este o escondeu atrás de si...
Durante o jogo distinguiam-se os colegas de turma: uns mais ágeis que outros... uns com maior habilidade a usar o kinobiri nas mãos, outros nos pés, para subir a parede e marcar, outros quase sem habilidade em ambas as situações, e outros que nem conseguiam efetuar um bom passe ou bater na bola devidamente...
Marco lançou bola num passe e Ruka saltou, desviando-a para Senshou que tinha já o Kinobiri preparado para a receção com a sua mão direita. Marco, frustrado, correu para ele e placou-o! Senshou agarrou-o e lançou-o no ar, para trás, fazendo com que ele embatesse com as costas no chão. Os fiés colegas de Marco avançaram sobre Senshou que, sem medo, se colocou à defesa.
- Toma lá! - Arya tinha apanhado a bola perdida e lançado com força à cara de um deles, derrubando-o!
- Ah! Sua g...
- YAMERO!!! - Berrou a professora. - Isto não é "dodge-ball"! Se quiserem jogos de criança podem sempre optar pelo ensino vulgar!
Todos se calaram e Senshou desfez a sua posição de combate. Olhou para Arya e ela piscou-lhe o olho...
...to be continued...