- Kami–sama, se existes, por favor, diz-me aonde estou!!! – implorei aos céus que até aquele momento só me tinham estragado o dia.
Tendo poucas esperanças nas minhas orações, olhei á minha volta.
Tudo continuava imóvel enquanto o corredor escurecia, aproximando-se lentamente do ponto em que já não conseguia ver uma parede á minha frente sem antes esbarrar com ela. Haviam algumas pequenas janelas, mas já tinha aprendido que tudo ali era á prova do Apocalipse. Cada janela feita com vidros grossos estava bem fechada, bem como as intermináveis portas que precisavam de um cartão qualquer para serem abertas, coisa que eu não tinha.
Imediatamente lembrei-me da Torre do Mizukage, com segurança de ponta e tecnologias bizarras. Aquelas portas eram usadas para esconder tudo o que era top secret. Aparentemente, também o exterior desta casa era para VIPs only. Havia mudado a minha opinião sobre aquele sitio – não era uma base secreta, era um esconderijo
- Por favor? – tentei implorar mais uma vez, pondo toda a minha esperança em cima das poucas boas maneiras que tinha. Aliás, podia jurar que tinha ouvido o som de passos...
O som de passos! Alguém vinha em meu socorro! Alguém no meio da noite, numa mansão enorme, deserta, impenetrável, assustador-...dor...dourada...?
.....
O quê? Assustadora?A mansão não é assustadora, quem disse que era assustadora? Apenas dá uma pequena sensação, de, uhm, desconforto...
Tendo a noção que estava a ficar estupidamente morta de medo, bem como a enlouquecer (ninguém me podia culpar depois de toda aquela socialização com a familía Natsuri), levantei-me e fui na direcção dos sons, com esperança de encontrar algum empregado que me pudesse tirar dali.
De repente, memórias de filmes de terror penachosos vieram-me á cabeça, e não pude deixar de me perguntar donde é que tinha vindo tanta pessoa estúpida para gastar dinheiro naquelas coisas. Ou havia muita gente com graves doenças de alucinações, ou então aqueles monstros horripilantes e fantasmas existiam mesmo...
Abanei a minha cabeça, tentando parar tanta parvoíce de fluir pelos meus neurónios. Eu estava a ser idiota, ponto final.
Mas, mesmo com os meus esforços, não consegui deixar de sentir uma enorme necessidade de fugir dali enquanto forçosamente me aproximava cada vez mais do som, cada eco dos outros passos fazendo um arrepio correr pela minha espinha.
De repente, esbarrei contra uma parede.
Sim, muito oportuno, eu sei.
- Ack! – queixei-me, enquanto caía de rabo no chão e esfregava a minha testa.
Olhei para o lado e vi uma luz amarela reflectir-se na parede. Foi a única coisa que consegui registar antes de alguém pegar em mim e emagar-me contra a parede. Dei um pequeno grito sufocado, mantendo-me imóvel e esperando que a dor nas minhas costas se dissipasse, enquanto a minha cabeça andava á roda.
- ...Tu? – murmurou o meu invasor, um tom de surpresa na sua voz.
Lentamente abri os meus olhos. Por entre a luz ofuscante, consegui distinguir o cabelo preto e olhos verdes de Keyo, que olhava perdida, estúpida e espantadamente para mim.
Tão surpresa como ele, limitei-me a corresponder o olhar durante uns segundos antes de processar o que tinha acontecido e raiva substituir as minhas emoções iniciais.
Dei-lhe uma subtil joelhada no estomâgo. Ele largou-me, e, queixando-se, baixou-se e agarrou a barriga.
Limitei-me a cruzar os braços e esperar que parasse de se lamuriar, olhando para ele irritadamente.
- Donde é que isso veio? – perguntou-me finalmente, endireitando-se. Também ele parecia estar um bocado chateado.
- Atacaste-me. - resumi, e, não esperando por uma resposta, passei por ele e agarrei-lhe a manga da camisola – Agora anda que eu estou aqui há quase três horas e ainda não consegui arranjar uma porcaria duma saída! – não costumava resmungar, mas estava sinceramente farta daquilo tudo. Uma dor de cabeça como extra também não ajudava nada.
- O que é que estás aqui a fazer? – voltou a perguntar, ignorando o meu pedido e estacando no corredor, como se só agora se tivesse lembrado de alguma coisa muito importante.
- Vocês convidaram-me para jantar e eu fugi, não te lembras?
- Fugiste?? – desta vez olhou para mim ainda mais estupidamente, o que me fez ainda mais irritada. Porque é que só me calhavam idiotas? Porque é que os deuses insistiam tanto em lentamente enlouquecer-me?
- Sim, fugi. Tu estavas lá, devias saber. – esclareci, mas ele continuou a olhar para mim daquela maneira idiótica. Metia pena vê-lo tão perdido, a sério que sim. Ele pensou durante mais uns segundos.
- Ah... Okay, mas nós não estávamos lá. – disse, desta vez mais seguramente. – Nós também fugimos antes de ir para a cozinha, aqueles que viste eram clones.
Agora foi a minha vez de ficar com cara de parva. Processei a informação durante uns segundos, um olhar incrédulo lentamente substituindo a minha expressão anterior.
- NANI??!! VOCÊS SABIAM QUE O SENSEI IA FAZER AQUELA COMIDA HORRENDA E MESMO ASSIM DEIXARAM-ME Á SUA MERCÊ???? – eu julgava que era cruel, mas isto?? Nem eu! Era um ultrage, uma maldade sem precedentes!!! – EXPLICA-TE! – bradei, agarrando-o pela camisola e encostando-o á parede numa maneira semelhante á que ele tinha feito anteriormente. Os seus braços cruzados e a sua expressão indiferente não fizeram nada para dissipar a minha irritação.
- A culpa não é minha. O Tatsu-sensei não contava com um visitante extra e nós só tinhamos um comprimido de criação de clones para cada um. Certamente não esperavas que fossemos sacrificar-nos por uma completa estranha que deu um monte de nódoas negras á Kiyo, não achas? – respondeu-me defensivamente. Tentava não mostrar as suas emoções, mas eu conseguia ler-lhe o medo nos olhos como se ele fosse um livro. Não estava feliz com a sua resposta, mas, não vendo uma razão para continuar a ameaçá-lo, larguei-o.
Ele continuou a olhar para mim, mas desta vez hesitante e desconfiadamente, como se eu fosse uma bomba imprevisível.. Por sua vez, a minha raiva dissipava-se e eu ficava cada vez mais divertida com a sessão de aterrorização que lhe tinha incubido.
- Saída, já. – ordenei, um sorriso troçeiro a surgir-me na cara enquanto ele suspirava e começava a andar pelos corredores. Segui-o.
No entanto, não me escapou á vista um pequeno sorriso que lhe dançava nos lábios enquanto um brilho traiçoeiro lhe iluminava os olhos. Continuei o caminho não tão segura de mim o quanto gostava.
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((O meu favorito... Mas talvez não seja o melhor, por isso, apelo á votação entre este e o próximo (o outro está fora de questão).
Titulo Alternativo: Kami-sama + Filmes de Terror = Sopa de Legumes + Peixe Cozido
...
O alternativo nao faz sentido, pois não?
Talvez
Kami-Sama + Orações = O Terror
Edit: Vou escolher este, por isso aqui vão os créditos.
Créditos de inspiração vão para o Killer (que me fez um desconto na arma - eu estava toda feliz até perceber que me faltavam 0,75 pontos de constituição para a ter xDxD), ao Madeira (que me inspirou a escrever na 1ª pessoa... aliás, balelas, a ideia é dele,
) e ao Ghost ( cujas conversas dão-me sempre vontade de escrever :3).))