- Suki! – chamei, abrindo a porta do apartamento e correndo lá para dentro, nem me dando ao trabalho de a fechar á chave. – Suki! Onde é que estás? Acabei de saber, vais participar no Torneio Gennin!! Yeeee, estou tão feliz! – paraticamente guinchei, correndo pela casa, dando uma vista de olhos a cada divisão, á sua procura. A minha irmãnzinha ia agredir tótós! Eu sabia que ela ia arranjar motivação nalgum lado! – Porque é que não me contaste mais cedo? Teve de ser a senhora do talho a- Suki aonde é que estás?- chamei, assim que me apercebi de que havia chegado á ultima divisão da casa, o quarto dela. Suspirei. Talvez ela ainda não tivesse chegado.
Estava prestes a virar as costas e a sair quando algo me chamou a atençaõ – um vulto azul para lá da janela, a fazer contraste com os tons do pôr do sol.Olhei mais uma vez e reconheci Suki vestida no seu pijama, sentada no telhado com o queixo encostado aos braços, um par de corvos a fazerem-lhe companhia. Não demorei a perceber que algo estava errado.
- Suki, o que se passa? – perguntei eu, abrindo a janela e encostando-me ao parapeito. Ela demorou alguns segundos a responder-me.
- Nada Jin. Acho que vi uma das tuas rosas azuis a florescer.
- A sério?! Mas era quase impossível! Tenho de ir ver como é que – estaquei – hey, espera ai... Estás a tentar livrar-te de mim não estás?
- Eu? Claro que não. – respondeu-me ela inocentemente.
Raios, a minha irmãnzinha tinha aprendido bem as artes da mentira. Mas, infelizmentemente para ela, eu era melhor.
- Não me mintas. – ralhei eu, saltando para fora da janela e trepando pelas telhas escorregadias. – Algo se passa, e estou disposta a apostar a minha colecção de cactos em como tem alguma coisa a ver com o Torneio Gennin. Agora, - disse, sentando-me ao lado dela – dispara! – e virei-lhe a cara na minha direcção, obrigando-a a olhar para mim. Ela tentou afastar-se mas eu não deixei. Quando viu que eu não ia desistir, suspirou.
- Como é que sabes sobre o Torneio Gennin? – perguntou, e eu deixei que ela se desviasse do meu olhar. Sabia que ela ia falar de qualquer das maneiras.
- Pelos vistos é a única coisa de que se fala em Kiri. Contaram-me hoje quando fui ás compras. Porque é que não me disseste que te tinhas inscrito?
- Eu não me inscrevi! – negou com alguma irritação. – O Tatsugaki, o meu sensei,pelos vistos achou que eu já estava pronta... mas não estou Jin! Eu nunca quis inscrever-me no torneio, e agora tenho de lutar até á morte com um ninja claramente muito mais forte do que eu! Eu –
- Espera espera,– interrompi – lutar até á morte?
Esperei que ela me corrigisse. Ela manteve o mesmo olhar expectante.
- Tu achas que o torneio é lutar até morrer? Meu Deus Suki, para quem se acha tão inteligente és mais ignorante do que os novatos da Academia! – não consegui evitar, comecei a rir que nem uma parva, a minha irmãnzinha a olhar para mim mesmo como se tivesse acabado de lhe dizer que o céu era cor de rosa. – Suki, ninguém tem de matar ninguém! É permitido, mas não é obrigatório, e podes desistir a qualquer altura! É por isso que estás tão nervosa? Porque achas que vais morrer? – disse entre risadas. Ela olhou para mim perdidamente durante uns segundos antes da sua boca formar um pequeno “o” de compreensão. Os corvos afastaram-se. Eu ri-me mais.
- Bem... Mas que novidade. – comentou quando parei de rir. – Obrigada Jin, sinto-me melhor. – disse, mas algo ainda estava mal, e eu franzi o sobrolho perante tal sentimento. Ela tinha-me agradecido mas... não tinha sorrido.
- Há mais alguma coisa que eu tenha de saber? – voltei a inquirir, e desta vez ela teve o bom senso de não resistir.
- Bem... Para ser sincera... Tenho medo. – admitiu, e eu podia sentir o peso que isso lhe estava a causar em cada silaba proferida. Ela era demasiado orgulhosa para o seu próprio bem.
- Ainda? Porquê?
- ... Eles dão-nos uma ficha com informação sobre os nossos oponentes. O meu vem de Suna, e as suas habilitações são um bocado assustadoras.
- Tens aí a ficha?
Ela anuíu e atirou-me um envelope que estava ao seu lado. Eu abri-o e reparei que as folhas estavam num estado perfeito, como se mal tivessem sido mexidas depois de abertas. Mas afinal quão assustador era este genin?
Olhei de relance para a descrição dele, rapidamente percebendo porque é que ela estava tão assustada – este suposto “genin” dava bem para chuunin, ou mais! Estava prestes a comentar o que vi quando Suki decidiu falar.
- Se todos os gennins são assim, imagino a figura patética que vou fazer. – murmurou ela, suspirando - Agora já percebi porque é que se obcecam tanto com treinos. Se soubesse que tinha de lutar á frente de milhares de pessoas talvez até me tivesse esforçado mais.
- Na verdade, eu acho que este ninja aqui deve ter algum problema para ainda não se ter tornado chunin. Mas uma coisa sei dizer – ele não é um genin ordinário. A maior parte dos genins não passa de meia-dúzia de jutsus rank C, e ele já tem vários a nivel B. Foi apenas má sorte Suki. E não precisas de ter medo. O máximo com que vais sair de lá é com um par de nódoas negras.
- Como é que podes ter tanta certeza? Não és tu que vais enfrentar um gajo que não conheces de lado nenhum mas que sabes que é quatro vezes mais forte e que pode fazer-te num churrasco apenas com um jutsu. Tenho sorte se sair de lá com um dedo inteiro... – resmungou, e eu sorri perante a sua ingenuidade.
- Sim, mas também não foste tu que participaste no torneio gennin de há 11 anos atrás. – respondi, rindo-me quando ela olhou para mim, surpresa. Não costumava contar-lhe muito de meu passado, mas quando o fazia os resultados eram sempre divertidos. – Sim, ouviste bem, a tua irmãnzinha participou no torneio gennin de há onze anos atrás. Perdi, mas ainda cheguei á final, e posso dizer-te isto: o pessoal, por muito assustador que aparente ser dentro da arena, lá fora é tão inseguro como tu és. Se não for, então perde como consequência da sua arrogância. Quanto ao teu medo de pareceres patética, não percebo as suas fundações. A única maneira de pareceres pátetica é chegares lá e desistires sem dar o teu melhor. Desde quando é que te interessas tanto com a opinião dos outros?
Ela continuou a olhar para mim, queixo ligeiramente descaído e olhos a saltarem das órbitas. No entanto, alguns segundos depois, desviou a cara e falou.
- Eu não me interesso pela a opinião dos outros... interesso-me pela tua opinião. E a do meu sensei. – acrescentou, suspirando – Não vos quero desiludir.
- Por amor de Deus Suki, já sabes que não seria por perderes uma estúpida luta com um genin fora do normal que eu ficaria desiludida, e tenho a certeza que o teu sensei também não. Se gostas assim tanto dele pelo menos por uma coisa tem de o merecer. Simplesmente dá o teu melhor e vê o que acontece. – e vi sua cara contorcer-se em inúmeras expressões, como se estivesse a ter uma luta com ela própria.
- GAHH! Odeio-te Jin, aqui estava eu, tão feliz no meu canto a ser deprimida e patética, e vens tu e decides que não posso viver afundada na minha própria depressão! – e puxou os cabelos frustradamente – Vês, agora sinto-me culpada por ter uma irmã tão boa!
- Awwww, és tão fofinha, posso dizer o mesmo de ti! – e abracei-a, sorridente. O meu dever como irmã mais velha estava cumprido!
- Hey Jin... eras forte antes de ficares doente?
A pergunta apanhou-me desprevenida, e o meu sorriso quase descaiu. Porque é que ela tinha de me fazer mentir logo agora, em que eu estava tão feliz?
- Nem por isso Suki. Não era nada de mais.
- Estás a mentir. – o quê? Como é que ela tinha percebido? Ela nunca tinha descoberto, o que é que eu tinha deixado escapar desta vez? - Para chegares á final alguma coisa tinhas que valer.
Quase que suspirei de alivio.
- Ah, isso. Talvez. – respondi, mas não acrescentei mais nada, e ela já sabia que não o ia fazer. Por isso, decidi aproveitar o ambiente que também já não podia ficar muito mais quebrado. – Já agora Suki... Há uma coisa que tenho de te contar.
- O que foi?
- Sabes é que eu... quando descobri que ias participar no Torneio Gennin fiquei muito feliz... e... uhm...
- Sim?
- Fiquei tão feliz que... pedi ao pai e á mãe para virem vêr-te.
- NANI!?
... Talvez eu devesse imitar o par de corvos que estavam a fugir.
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Oh my, do i see a little hint of plot development?
I must be going crazy.
Anyways, um filler antes do duelo, porque eu não posso mete-la na arena a tremer de medo, ou então não há luta para ninguem.
(Não consigo evitar que ela esteja um bocado out of character no bar... é mais forte do que eu. >.<)