Sophia sentou-se no parapeito da janela, contemplando a vila. Vitan, escondeu-se debaixo dos lençóis.
- Porque é que ela teve de ficar aqui… - Pensava Vitan só com os olhos destapados. –Uma pitada de bom humor é que não fazia mal nenhum. Eu cumprimentei-a e ela nem olá disse. Deve ser uma chata. – Vitan olhava desconfiadamente para Sophia, enquanto esta se limitava a olhar pela janela. – Mas porque é que eu sou tão tímido na presença de raparigas…
- Queres um desenho? Dura mais tempo… - Respondeu a rapariga sem se virar.
- Eu? O que? – Atrapalhou-se Vitan, enfiando-se todo debaixo do lençol. – Eu não estava a olhar para ti, tava a ver… ahhh… um pássaro que passou ali a voar.
- Chama-lhe pássaro…
- Pois estava! Porque raio havia de estar a olhar para uma mal feita como tu? – Disse Vitan saindo ligeiramente debaixo dos lençóis.
- O que é que disseste? Mal feita? Mal feita é a tua avó! – Respondeu a rapariga.
- Eu pensava que eras muda… - Atirou Vitan. – Mas já vi que falas é demais…
- Ahiii, que irritante. – Disse Sophia, virando-se novamente para a janela.
O silêncio encheu a sala, o ambiente era quase palpável, Vitan permanecia deitado na cama, tapado com os lençóis, e Sophia sentada no parapeito da janela, de lado para Vitan. O silêncio foi quebrado:
- É verdade aquilo que o Sensei Hiagushi me disse? De teres nascido… sem alma.
- Sim, não sei exactamente o que te disse, mas calculo… - Disse Vitan, sentando-se na cama, saindo debaixo dos cobertores. Sophia virou-se para Vitan, saltando do parapeito, e encostando-se á parede.
- Não deve ser fácil…
- Já foi pior…
Um novo silêncio percorreu a sala, Vitan olhava para os dedos enquanto os rodava em círculos, Sophia limitava-se a olhar para o chão. Vitan voltou a esconder-se debaixo dos lençóis, enquanto Sophia voltou ao parapeito da janela. Ficaram ali, especados, sem fazer nada de nada, Vitan ressonava sonoramente, enquanto Sophia saltara para o telhado, fugindo do roncar de Vitan.
Vitan foi acordado por um estrondo vindo do corredor.
- Eu tenho de falar com ele! Imediatamente.
- Mas não pode, ele não pode receber visitas neste horário!
- Não quero saber! É aqui não é? Vou entrar!
Dito isto, a porta do quarto de Vitan saltou da parede, passando por cima de Vitan e esbarrando-se na parede. Sophia saltou do telhado, e voltou ao quarto, quando chegou viu que Vitan já não estava sozinho.
- És tu o Vitan?
- Ssssim…
- É verdade que viste o Ankuko? Diz-me!
- Vi, falei e combati com ele…
- A sério!?!
- Já disse que sim. Mas quem é você afinal?
- Ele estava bem?
- Parece que sim… - Disse Vitan olhando para o braço.
- Que alivio.
- Mas quem é você, porque esse interesse no Ankuko?
- O Ankuko foi dado como morto no Torneio Gennin, 45 minutos depois, desapareceu da sala de operações do recinto!
- Eu lutei contra um zombie?
- Se era zombie isso já não sei, mas que ele desapareceu, desapareceu!
- Ele estava com um homem… um tal de Antetsu.
- Antetsu? Não pode ser!
- O que tem?
- Antetsu é o tio paterno de Ankuko, ele há algum tempo tentou rapta-lo para se apoderar da sua rara Linhagem. Mas como é que Ankuko aceitou ir com ele? Ele matou os seus pais, Ankuko odiava-o.
- Isso já não te sei dizer…
- Porque…
- Mas por favor… podes-me dizer que és? É que eu nem sei com quem estou a falar.
- Eu? Sou conhecido por Ero Cuh Eka! – Disse, desaparecendo numa nuvem de corações.
- Mas que gajo estranho…
Entra uma enfermeira no quarto.
- Senhor Vitan, esta na hora de retirar-mos as ligaduras.
- Senhor? Ah, ok ok.
A enfermeira retirou a ligadura, desvendando uma cicatriz que ia desde o ombro ate ao cotovelo, atravessando o bíceps.
- Ainda lhe dói?
- Não, está tudo ok. – Disse Vitan rodando o ombro.
- Então… pode ir.
- Ai é? Fixe!
- Vitan, vamos! – Chamou Sophia da janela.
- Para onde?
- Vamos ter com o Sensei.
- Já?
- Achas cedo? Ou estás com medo? – Gozou Sophia, abalando.
- Anda cá! – Disse Vitan saltando atrás de Sophia.
Um novo capitulo na vida de Vitan começava…
De cinco, uma nasce... para trazer Vida ou Morte...