O sol tingira o céu com as suas mil cores, dando pinceladas de luz em tudo o que tocava. O exterior parecia um quadro com tonalidades quentes, transmitindo uma tranquilidade inigualável. Dava gosto olhar pela janela naquele fim de tarde…
Kristea pousou o tabuleiro com as chávenas e o bule de chá na mesa da sala e abriu a porta que dava para o jardim para deixar entrar um pouco de ar enquanto apreciavam aquela paisagem e conversavam.
- Está uma tarde linda, não está? – perguntou Kristian, ajudando-a a servir o chá.
- Sim, está… Fora o que aconteceu há pouco… - admitiu ela, levantando-se para ir buscar os biscoitos de manteiga que havia preparado no dia anterior. Pousou o pequeno cesto na mesa e sentou-se novamente.
- Seria um verdadeiro crime perder tudo isto… Se este mundo deixasse de existir… Se a humanidade desaparecesse…
A rapariga olhou para ele, intrigada. Aquele devaneio levaria a algum lado ou estaria ele apenas a divagar?
- Nós estamos aqui por meio de um milagre. Tudo isto que nos rodeia existe devido ao milagre da vida. Não é maravilhoso? Mas há aqueles que querem destruir este mundo. Os Shirohoshi. São um grupo de pessoas que querem recomeçar tudo do zero. Segundo eles, há um novo e melhor mundo depois da renovação, pois podem fazer tudo à maneira deles… E a única maneira de o fazerem é colidindo este mundo com o do nosso pai.
- Mas isso é inaceitável! Destruir tudo? Recomeçar? E nós? Onda paramos nós no meio de toda a história? – exclamou ela, engolindo um trago de chá à pressa.
- Bem… Nós temos o nosso método de retaliação, intitulado de Kurohoshi. O nosso único objectivo é proteger a vida, este mundo e o outro e tudo o que neles existe. Afinal, existe um futuro para cada um de nós. Estaríamos a tentar ser Deus se decidíssemos matar tudo para reconstruir. Apenas Ele tem esse poder – explicou Kristian, enquanto brincava com um biscoito com os dedos. Mordiscou-o e bebeu mais um gole de chá.
- Kurohoshi e Shirohoshi… Dois grupos tão diferentes… - murmurou Kristea, perdida nos seus pensamentos.
O silêncio apoderou-se da sala por momentos. O único barulho que se ouvia era o chilrear dos pássaros lá fora e as vozes longínquas dos habitantes de Konoha.
O sol estava quase posto. O céu tomara uma cor mais avermelhada do que a anterior e a lua tornou-se mais visível no céu ainda diurno.
Kristian pousou a chávena na mesa de madeira, o que emitiu um baque seco, despertando Kristea dos seus pensamentos.
- Não te queria apressar, mas… - recomeçou ele. – Os teus 18 anos estão quase aí. E tens que tomar uma decisão até lá. Ou ficas connosco, os Kurohoshi, ou vais para os Shirohoshi.
Ao ver que a irmã queria já dar uma resposta imediata, continuou:
- Não digas agora, pois podes vir a arrepender-te do que disseres. Ainda tens tempo para pensar.
- Mas é tão óbvio! Eles é que são os maus da fita!
O rapaz de cabelos encarnados levantou-se e, sem olhar para a irmã, pegou na sua chávena usada e no resto da louça que podia levantar, levando-a para a cozinha. De uma outra divisão, disse:
- Eu disse o que tinha a dizer. Não quero de maneira alguma influenciar a tua decisão. Tu é que sabes o que queres fazer. Proteger ou destruir para reconstruir do nada. Dar-te-ei tempo para pores os teus pensamentos em dia. E tenho a certeza que serás contactada por alguém dos Shirohoshi, pois também eles sabem da proximidade do teu aniversário…
O som da porta da entrada a bater fez-se ouvir bruscamente. Ele parecia incomodado… O facto de ter sido obrigado a contar-lhe aquilo não o tinha agradado de modo algum e isso notava-se perfeitamente. Talvez tivesse receio que ela escolhesse o lado errado…
- Hum… Podemos falar por uns momentos? – perguntou uma voz feminina inesperada junto da porta da sala, fazendo Kristea voltar-se rapidamente.
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- Spoiler:
Algumas indicações:
- Kuro significa negro e Shiro significa branco. Assim sendo, Kurohoshi é Estrela Negra e Shirohoshi é Estrela Branca.