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Tão húmidas… as paredes… não as consigo subir… muito lisas e estreitas. Só me restam duas fatias de pão e pelo menos, 2 litros de água. «Vou safar-me… tenho a certeza.» Eu vou conseguir safar-me… não vou?.
Desconhecido – Manel Kaybodru
Encostado ao canto da parede, coberto pelas sombras daquele lugar fechado, estava Manel. Como uma presença livre de matéria, esta lá, de olhos lacrimejantes e pele mais branca do que o habitual. Estava mal disposto, com fome, e com medo. De tudo pelo que já se tinha metido, esta era a situação mais questionável:
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Vivo, ou morro? –Estas palavras ficavam ali paradas, na sua mente, como objectos por pegar, cada um com desvantagens e vantagens. Se vivesse e lutasse, podia ter um destino bem pior que a morte, porém, também podia sair e safar-se. As vantagens se morre-se, é que deixaria todos os seus problemas para traz, e a desvantagem é… bem, é a morte. Uma vez confiada, não há volta a dar.
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O que farei se sair daqui? Posso demorar anos a fazê-lo… Isto é, se não morrer á fome. Mas se saísse, resolvia tudo, problema por problema, queria descobrir quem é realmente a Sora, e o que é que tenho em comum com o tal Haku e os seus compinchas. Se eu lutasse contra ele, perderia? Ele é muit-Interrompendo os pensamentos de Manel, sai do tecto sombrio da cela, uma porta muito pequena e longínqua, a partir de um túnel que dava até o tamanho de uma estrada. Manel, com os olhos pouco habituados ao sol, olhou para a luz, com os olhos semi-serrados, e por as suas pestanas, conseguio ver a silhueta de alguém.
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Tens 4 horas para sair da cela com vida. Se não o fizeres, iremos fechar paredes da cela, contigo aí dentro. Se não… morres. –Disse a silhueta com uma voz quase como electrónica.
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Espera! Eu…-A porta fechou-se… -
ESPERA!!!! TIRA-ME DAQUI! QUEM ÉS TU!? COMO É QUE SAIO DAQUI!? -… e o pânico de Manel aumentou.
Naquele momento, o relógio electrónico na parede começou a contar, na ordem decrescente a partir do quatro. A raiva de Manel aumenta, e este esmurra a parede com toda a força que lhe restava. Repetidamente, fez aquilo sem parar, até que alguma coisa muda-se.
3:23 no relógio electrónico… Manel esmurrou a parede sem parar, até que não aguentou mais. Ao fim de tantos murros, a parede não apresentava mudança, mas não se podia dizer o mesmo das suas mãos, cujo os nós dos dedos estavam todos esfolados, e a pele das costas das suas mãos, estavam em carne viva. Manel rasgou uma tira da sua camisola e atou á volta das mãos com muita força. Começou a esmurrar as paredes de novo, mas ao fim de alguns murros, desmaia.
1:00 no relógio electrónico… A pressão… em baixo… –Alguém queria falar, mas outras vozes ocupavam a sua vez –
A água… Kaybodru… -Apenas se percebiam algumas frases e palavras –
pressão de água… Em baixo… A parede rebente… pressionar… chão… Manel acorda. Seguido pelas vozes na sua cabeça, Manel pergunta-se por raio pensa confiar nelas. Elas diziam para partir o chão… e ele ia fazê-lo, pois não tinha mais nada em que pensar.
Começou a esmurrar o chão com tremenda força. Já as suas mãos sangravam, continuou até ver alguma diferença no chão. O chão não estava a mudar, mas Manel continuava sempre a ouvir barulhos de choques, coisa que as outras paredes não fizeram, por isso continuou até ver mesmo diferenças.
00:29 no relógio electrónico Faltava já pouco para o tempo acabar. O chão estava já um pouco amachucado e os barulhos de choque tinham aumentado mais. Já cansado, arrisca tudo num ultimo murro, e ouve-se o som de partir. O chão quebrou-se, formando no chão, um pequeno buraco, tapado com uma pequena pedra. Manel, já estafado e com dores nas mãos, tira-a, e do buraco sai um jacto de água. A água vai rapidamente alastrando-se pela cela.
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@/%!, estou lixado… vou morrer afogado. Também porque é que eu fui fazer… espera, posso usar a água para boiar até á saída. Mas se a porta não abrir, então estou mesmo lixado. – Pensa Manel, aí parte as pernas da mesa onde tinha o pão, e arranca o garrafão do depósito de água. Depois, parte a lâmpada do candeeiro para não ser electrocutado enquanto boiava. Estava tudo escuro se não fosse pela luz verde do relógio. A água sai do garrafão, e já com a água pela cintura, Manel agarra-se ao garrafão e começa a boiar.
00:16 no relógio electrónico A água tinha passado pelo túnel estreito para a porta. Entretanto, Manel tinha afiado na parede as pernas da mesa, enquanto esperava que a água subisse. Com um plano preparado, Manel chega com as mãos á saída e começa a pressionar para esta sair. Com as pernas da mesa afiada, tenta arrancar as dobradiças da saída, e com o pé direito, pontapeia a porta até esta ceder.
A água já lhe dava pelo queixo, tinha pouco tempo. Finalmente, esta abre, e Manel sai da cela.
A luz do sol já lhe batia na cara, e o ambiente pesado já tinha mudado. Manel deitava bofes da boca, apercebendo-se só ali, que havia pouco ar na cela. Manel recompõem-se e olha para a cela. Esta estava submersa no mesmo lago em que Manel tinha lutado com a Ninfa da Água.
Tinha percebido agora porque é que aquela voz lhe tinha dito para esmurrar o chão, a pressão da água devia estar mais concentrada lá, por isso fora mais fácil de partir. Mas ainda não sabia como aparecera aquela voz, e de quem era.
Depois de contemplar uma ultima vez, a armadilha em que fora apanhado, Manel volta-se para trás e encontra nem mais nem menos, Sora, sentada ao lado de um interruptor, alguns metros á frente da cela.
-Ahhhhh! –Grita Manel, correndo furioso, com uma das pernas da mesa, até Sora. Esta foge, e começa uma perseguição pelo rio.
-Porquê!? O que é que eu te fiz!? Porque raio andas a fazer-me isto!? –Eram as perguntas de Manel naquela corrida, porém, Sora parecia ignorá-lo, concentrada apenas em fugir.
Mantendo sempre o mesmo passe, ambos chegaram a Kumo. Sora corre para um edifício estranho e desgastado, Manel vai correndo atrás dela e passa por Kaimi e Maka, e ignorando-as, continua a correr.
Chega á porta do edifício, sobe as escadas, que pareciam que iam sempre partir, e entra num corredor. O corredor levava a um jardim circular, com uma erva enorme e flores murchas. Naquela casa abandonada, no jardim, no meio daquela erva alta, estava Sora, encostada á parede, tentando parar uma hemorragia no seu braço.
Derrapando o pé no chão, deixando para trás, uma linha de areia, Manel salta em direcção a ela. No meio do salto, algo explode que impede Manel de atacar.
Este cai para o chão, arqueia as costas, e pergunta:
-Ok… QUEM ÉS TU, E PORQUE ME ESTÁS A FAZER ISTO!?
Continua em…:
(Treino) As 5 Leis do Céu: Lei nº 4-Parte 2