4º Filler - A Cegueira
-- Paaaaai. Paaaaai. Paaaaai. - Gritava Kisuke.
Kisumaro que estava na sala a conversar com a sua esposa e mãe de Kisuke, falavam sobre os factos da vida, sobre o tempo que poderia fazer no dia seguinte e também sobre o seu filho. Assim que ouviu os gritos de Kisuke deu um salto enorme e as suas emoções despertaram, o seu coração tal como o de Alina. Subiram rapidamente as escadas para o quarto do rapaz e encontraram-no sentado sob a cama de cabeça para baixo num ambiente sombrio.
-- O que se passa Kisuke? - Perguntou Kisumaro.
-- Preto. - Respondeu.
-- Preto? - Perguntou Alina - O que queres dizer com isso?
-- Está tudo preto, não consigo ver nada.
O coração de Alina acelerou tanto que duplicou a velocidade com que batia anteriormente, um rasto de lágrimas percorria-lhe o rosto, em direcção ao chão caíam algumas gotas. Kisumaro fechou a mão e fez alguma força, serrou os dentes e socou a parede uma vez. O estrondo ecoava no quarto do rapaz. Kisuke ouvia o silêncio dos pais.
-- Vou ficar assim para sempre?
-- Temos de falar seriamente filho. - Disse Kisumaro que era mais destemido e frio que Alina.
-- Vou ficar assim não vou?
-- Não. Desde há muito tempo que nas gerações do nosso clã muitos ninjas ficam Cegos mais ou menos com a tua idade, graças a um grande médico que ficou assim como tu, hoje é possível usar-mos a nossa Kekkei Genkai para permitir que esses ninjas vejam. Essa visão não é a 100% e deixas de ver a cores. Segundo os ninjas com esse problemas, eles vêem em tons de azul e preto.
-- Azul e preto?
-- Sim, é a única forma.
-- E como posso obter isso, prefiro isso do que nunca mais ver.
-- Há uma pessoa no clã que consegue fazer isso mas são precisas duas semanas.
-- Está bem, deixem-me ficar sozinho agora, se fizerem favor.
Alina ainda banhada em lágrimas saiu com a cabeça encostada a Kisumaro, enquanto desciam as escadas ouviam o choro intenso do filho que se prolongo por vários dias. Exactamente três dias tinham-se passado desde que Kisuke ficou cego, passava os dias a chorar e a sua mãe também. Kisumaro não mostrava o seu lado sensível mas as suas olheiras não enganavam e notava-se que não dormia. À frente dos pais Kisuke tinha-se armado em forte e continuava a fazê-lo sempre que estes o visitavam no quarto para perguntar o que queria comer. A pergunta "Estás bem?" era evitada a todo o custo mas este respondia que estava bem e que não tinha fome. Numas das visitas Kisumaro falou-lhe sobre Hoku, o ninja médico que lhe conseguia dar parcialmente a visão.
-- Queres fazer isso Kisuke?
-- Quero pai.
-- Amanhã falo com ele.
-- Pai, nunca me tinhas falado sobre a Kekkei Genkai do nosso clã, o que faz ela ao certo.
-- Permite que o ninja que a possuí veja através de obstáculos, mas o ponto fraco é que a visão é afectada e passa de normal para tons de Azul e Preto.
-- Então depois vou conseguir ver através de objectos?
-- Sim alguns.
-- Quero já fazer a operação.
-- Está bem filho.
Passaram-se três anos, Kisuke agora tinha 15 anos. Tinha-se habituado à cegues parcial. Tinha feito a operação e o Buraindo, o Doujutsu do clã Fuuin, estava sempre activo permitindo ver azul e preto. Estava mais velho e diferente, não tinha feito missões ou sequer treinado durante este tempo. O seu contacto com Zateru, Kiri e Junko tinha-se quebrado. Apenas falava com Kamio quando este visitava Kisumaro. Devido ao Buraindo, Kisuke conseguia manter a vida quase tão normal como antes, fazia recados à sua mãe, ajudava o pai com tarefas e sobretudo tentava controlar os objectos da sala de casa. Com a cegueira desenvolveu o sarcasmo.
-- Pai?
-- Diz Kisuke.
-- Quero voltar a ser um ninja.
-- Queres?
-- Sim, tenho saudades de tudo, as missões que fazia com a equipa e os treinos com as lontras.
-- Mas tu falas-te com o Kawaku e o Kawatatsu na mesma durante este tempo.
-- Sim, mas nunca cheguei a treinar.
-- Se é isso que queres então fá-lo, tens o meu apoio filho.
-- Obrigado pai.
-- Para não falar que já não eras o primeiro Fuuin a fazê-lo.
-- O avô também era cego não era?
-- Sim, e foi um grande ninja acredita.