Os esqueletos ficaram imóveis no chão. Vira-mos a nossa atenção para o homem que se mantinha concentrado na sua oração, a sua voz era abafada pelo som das labaredas que nos envolviam, o calor no centro das labaredas era enorme, e algumas gotas de suor escorriam-me pelo rosto, olhei para Teshiroi que de olhos fechado realizava alguns selos e pronunciava algumas palavras inaudíveis, lentamente vi as labaredas começarem a serem sugadas para o interior de um redemoinho, mal surgiu a oportunidade ambos saltamos por cima do fosso e das chamas, ficando a salvo daquela prisão de chamas.
- Precisamos de recuperar as partes do Esqueleto. – Disse a Teshiroi, esta olhou para mim com um sorriso confiante e disse:
- Tá tudo controlado.
Novamente, após uma pequena sequência de selos, bateu com a mão no chão e algumas pedras soltaram-se da parede em frente ao homem e caíram na sua direcção. O homem não se moveu, mantendo a sua concentração nos versos que ditava, as pedras caíram violentamente em cima dele, esmagando-o por completo, mas não houve sangue, não houve nada, apenas uma simples nuvem branca.
- Era um Bunshin. – Disse admirado.
- Durante todo este tempo, ele não passava de um Bunshin… - Teshiroi partilhava a minha admiração.
Saltamos na direcção do altar e mal pisamos o primeiro degrau toda a gruta começou a tremer e vários rochedos desprendiam-se do tecto e das paredes envolventes, corremos de imediato ao encontro do Crânio e da Mão de Teshiroi, recolhe-mos os artefactos e rapidamente nos dirigimos para a saída, mas Teshiroi parou antes da escadaria do altar.
- Que foi? – Perguntei perante a hesitação de Teshiroi.
- Não podemos deixar aqui o resto do Esqueleto. – Afirmava Teshiroi, decidida em voltar para trás para resgatar as restantes partes do Esqueleto.
- Não há tempo, acabaríamos por ficar aqui enterrados junto com eles, e eu não faço intenção de abandonar o meu Esqueleto por esse, anda, não sejas parva! – Puxei Teshiroi pelo braço que não ofereceu resistência, e rapidamente nos dirigimos para uma porta à nossa esquerda. Empurrei a porta com o ombro e esta num rangido cedeu à força do impacto e escancarou-se, abrindo caminho para um túnel longo mas estreito e bastante baixo, ao fundo via-se um pequeno fio de luz, provavelmente daria acesso à superfície.
- Vamos, por aqui. - Disse a Teshiroi, empurrando-a para seguir em frente.
Agachamo-nos e de gatas avançamos pelo pequeno túnel, receosos que este desabasse sobre nós e nos soterrasse. Atingimos o fim do túnel e com alguma ginástica lá nos esgueirámos pela estreita saída, o brando sol de imediato nos recebeu, aquecendo-nos com o seu toque quente e uma brisa leve e agradável afagou-nos o rosto.
- Finalmente ar fresco.
Algures…
- Parece que conseguiram escapar… não esperava que se safassem com tanta facilidade… mas havemos de nos encontrar de novo, e desta vez… pessoalmente!
De volta a nenhures…
Olhei em meu redor, tentando perceber onde nos encontrávamos, era uma zona bastante montanhosa, para onde quer que olhássemos só se avistava cordilheiras enormes e um interminável céu azul. O chão sobre nós começou a tremer e fomos obrigados a afastar-nos com receio não voltássemos a cair para o interior da gruta.
- E agora para onde vamos? – Perguntava Teshiroi.
- Não faço a mínima ideia onde estamos, parece que estamos no meio do nada, não se vê árvores, não se vê água ou qualquer sinal de vida, apenas rocha até onde a vista alcança. – Respondia eu à medida que me sentava numa pedra e levava as mãos a cabeça.
- Devíamos procurar um sítio alto onde pudéssemos ter uma boa visão de toda a área. – Sugeriu Teshiroi.
- Sim, é uma boa ideia.
Levantei-me da pedra e procurei um local suficientemente alto que nos permitisse estudar as redondezas. Sem aviso prévio iniciei a marcha para sul, Teshiroi sem fazer perguntas seguiu-me de perto e de pedra em pedra avançamos pela cordilheira em direcção a um monte que parecia ideal para examinar-mos o terreno, à medida que nos aproximávamos começou-se a ouvir água.
A cada passo tornava-se mais audível, parecia um rio, ou uma cascata, mas era água, se havia água, sem dúvida que daria ao mar, ou a uma nascente, e poderíamos ter um ponto de referência para encontrar o caminho de volta. Afinal de contas, o que parecia ser um monte, era um precipício de onde caía uma enorme cascata, ao longe, avistava-se o mar, azul e cristalino, estendo-se até alcançar o céu no horizonte.
- Que vista, lindo… - Admirava Teshiroi.
- Pois… é lindo, mas quer dizer que estamos a andar para trás, que eu sabia Kumogakure não fica ao pé do mar… por isso… vamos voltar para trás… - Ironizei eu…
- Mas começa a ficar escuro… será seguro andar-mos por ai à noite?
- Não temos outra alternativa, eu também não vi ninguém durante todo o caminho…
O nosso coração parou e o sangue gelou, ao longe ouviu-se uma voz… parecia aproximar-se nós, parecia chamar por alguém…