Olho para o meu lado direito, vazio, olho para o meu lado esquerdo, vazio. A única coisa viva naquele bar era eu e um empregado de balcão repugnante que enquanto eu bebia o meu chá limpava os copos com um pano velho e cheio de nódoas de café.
- O miúdo tenho que fechar o bar – dizia o empregado na sua voz alta e grossa.
A única coisa que fiz, foi pousar umas moedas em cima da mesa em que estava a tomar o chá e sair pela grande porta escura e suja que dava para a entrada e saída do bar.
Mais uma vez sozinho na rua escura, só com a luz da lua a iluminar o meu caminho, passo dias fora de casa, a dormir em bancos dos jardins, só porque não consigo esquecer aquele dia …
Sim, aquele dia que marcou a minha infância, o dia da morte do meu pai. Sempre pensei que ele fosse de ferro, que nunca ia morrer, que todos os dias ia chegar a casa e ia me dar um beijo na minha bochecha. Dias felizes, sim senhora, agora não, pareço um moribundo, dias e dias fora de casa, tudo por causa daquele dia estúpido, dia 15 de Agosto, a 5 anos atrás.
A minha mãe nesse dia, como num dia vulgar, estendia a roupa no quintal lá de casa, enquanto o meu pai já tinha saído de casa para ir para mais uma das suas missões, como qualquer shinobi, a minha mãe tinha me dito que aquela missão era bastante importante, qualquer coisa como recuperar uma espada que tinha sido roubada por um grupo de 5 nukenins.
Eu não me preocupava porque, como todos os filhos pensam, eu achava o meu pai forte e destemido, mas até esse sentimento parece que ficou entalado na minha garganta.
Neste momento não me estou a lembrar de pormenores mas consigo dizer com firmeza que após algumas horas de espera ele não aparecia, até que finalmente bateram a porta, a minha mãe ansiosa porque pensava que era o meu pai foi correr em direcção a porta, quando esta a abre de repente ela fica branca, já que eu também tinha ido correr para a porta.
Três homens, dois a porta e um terceiro a frente da casa.
- Mãe porque é que estas assim? – Perguntava eu, por causa da palidez da minha mãe.
- Não se passa nada filho, vai lá para dentro brincar - Dizia ela.
Não obstante lá fui eu para dentro da sala, fechando a porta atrás de mim, mas antes de ir brincar fiquei junto a porta para ouvir o que os homens diziam, já não era a primeira vez que fazia isto.
Comecei a ouvir a voz grossa de um homem.
- Minha senhora, trazemos más notícias
- O que? Passou se alguma coisa com o meu marido? Ele está bem? – Perguntava ela quase atirar se para cima do homem.
- O seu marido morreu numa emboscada quando estava a terminar a missão, lamentamos.
Quando ouvi estas palavras senti um aperto no coração …