Rima despertou ao som do irritante despertador, levantou-se com cuidado para não acordar a pequena Sora e deixou sair um bocejo descomunal. Tomou um banho rápido e depois de se vestir e tomar o pequeno-almoço, no momento em que me preparava para sair chegou Ishimaru que estava encarregado de cuidar de Sora enquanto ela estivesse em missão.
- Oi Ishi! – Cumprimentou a kunoichi, o Jounin limitou-se a olhá-la com frieza, Rima suspirou com tristeza mas continuou o seu caminho até aos portões da vila.
Aburame Hikari, a sensei de Rima, olhava fixamente por detrás dos seus óculos de lentes negras para o príncipe do País da Lua, Hikaru. Este parecia assustado e uma pequena gota de suor corria-lhe face abaixo, enquanto isto Kenichi divertia-se a criar pequenos animais com a sua argila e Tenshin segurava um pequeno espelho enquanto arranjava as sobrancelhas com uma pinça. Rima estava atrasada, para variar.
A kunoichi saltava o mais rapidamente possível de telhado em telhado, tinha a consciência que estava atrasada e de que ia apanhar forte e feio da sensei, amaldiçoou Zero por a ter retido em sua casa mais do que o previsto. Na sua correria pensava no quanto Ishimaru mudara, não só fisicamente mas também interiormente. Passou de um rapaz extrovertido, divertido, simpático e sociável para um bicho anti-sociável da pré-história, que nem a barba se dá ao trabalho de fazer.
Sasame, por seu lado, não parecia muito afectada e comportava-se como sempre, e agora estava em casa dela… Deu graças a Kami-sama por estar em missão e não ter que levar com Sasame.
- Estás atrasada. – Ouviu a sensei declarar na sua voz impessoal, ao aterrar em frente do grupo junto de uma carruagem puxada por quatro cavalos. Rima fechou os olhos aguardando a pedra ou alguma coisa que a sensei lhe fosse jogar à cabeça, mas surpreendente não foi agredida e suspirou de alívio. – Não penses que te safas, quando regressarmos serás severamente punida.
- Logo vi… - Resmungou baixinho dando um pontapé numa pequena pedra.
- Podemos partir? Não quero chegar atrasado ao Festival. – Declarou uma voz máscula vinda da carruagem, um rapaz de cabelos negros, olhos castanhos atrás de um par de óculos de armações redondas. As camisola azul sem mangas evidenciava o corpo bem trabalhado do rapaz, e sem Rima dar conta, um pequeno fio de sangue começou a jorrar do seu nariz ao olhar com cara de parva para o rapaz à sua frente. – Porque é que ela está a sangrar do nariz?! Façam alguma coisa.
Rima, apercebendo-se da sua figura retirou um lenço da mala e apressou-se a estacar a hemorragia pervertida, agradeceu a Kami-sama ninguém ter reparado na real causa da hemorragia. Quer dizer, exceptuando Kenichi que olhava Rima de esguelha, reprovadoramente.
- Bem, partiremos imediatamente. – Declarou Hikari, dando sinal ao rapaz que recolhesse à carruagem e o cocheiro chicotear os cavalos, mal tinham saído da vila avistaram, ao longe um monte de poeira que se aproximava cada vez mais. – Cuidado!
- Hai! – Disseram os três alunos, posicionando-se à frente da carruagem, no caso de ser alguém com o intuito de magoar o príncipe, Rima avançou e de kunai em punho preparava-se para travar quem quer que ai viesse, mas eis que…
- KONOHA SENPUUU! – Um pontapé na cabeça, mandou Rima ao chão, começando a formar-se um galo palpitante no sítio onde a kunoichi fora atingida, como ela conhecia aquele pontapé.
- Ouch Lee-sensei… - Lamuriou-se Rima, Lee ajudou-a a levantar-se com um sorriso “colgate” nos lábios.
- Não era suposto termos começado? – Reclamou o príncipe assomando-se à janela da carruagem, os seus olhos abriram-se ao reparar na inesperada visita e os seus lábios desenharam um sorriso de orelha a orelha. – Lee-san!
- Hikaru-san! – Cumprimentou Lee abraçando o príncipe com uma cumplicidade que apanhara a equipa de Rima totalmente desprevenida. – À quanto tempo…
- Muito mesmo! E o Naruto? E a Sakura? – Perguntou com o entusiasmo de uma criança.
- Estão óptimos! Tens de passar por Konoha qualquer dia! – Respondeu Lee com a sua habitual jovialidade.
- Perdoem-me a interrupção, mas que faz o Lee-san aqui? – Perguntou Hikari.
- Vim como reforço para a missão! Não é que ache que precisam mas ordens são ordens! – Respondeu com uma pose “nice guy”. – Se não se importam eu vou na carruagem com o príncipe, temos de por a conversa em dia.
- Claro que não. – Assentiu a sensei, Lee e Hikaru entraram na carruagem, e o cocheiro chicoteou os cavalos, dando assim início à sua jornada.
Meia hora de caminho decorreu com normalidade, os pensamentos de Rima oscilavam entre Sora e a estranha vinda de Lee.
- RIMA! – Gritou Kenichi, despertando Rima do seu transe a tempo de se desviar de uma kunai, estavam a ser atacados! Eram cerca de 5 homens com ar de bandidos de armas na mão, Rima não hesitou e começou a concentrar chakra no seu punho.
- JISHIN OUDA! – Gritou socando o solo à sua frente, o solo tremeu e formaram-se diversas rachas, a kunoichi aproximou-se velozmente no mais corpulento dos bandidos e aplicou-lhe um pontapé ascendente fazendo-o voar alguns metros, e saltando aplicou-lhe um cotovelada no peito, projectando-o violentamente contra o solo, ao aterrar aplicou um pontapé no estômago do atacante, deixando-o inconsciente.
Os outros 4 bandidos olhavam surpreendidos para a kunoichi, em simultâneo atacaram com tudo o que tinham, desatando a lançar kunais e shurikens. Rima criou dois clones de terra que apanharam as armas e as mandaram de volta. Rima avançava perigosamente, servindo-se do Shunshin, ao primeiro atacante que apareceu deu-lhe pontapé em pleno ar no pescoço que o deitou por terra.
Em seguida pega nas cabeças dos dois assaltantes que se seguiam e fê-las colidir, a tempo de travar um soco do último atacante com o braço e socando-o no nariz, aplicando-lhe um pontapé no abdómen e deixando-o inconsciente com uma cabeçada.
- Pronto, continuamos? – Perguntou Rima sacudindo as mãos com a maior das tranquilidades, o grupo prosseguiu caminho pela areia ardente de Suna.
[Em Konoha]
Orihime encontrava-se frente ao portão de entrada da propriedade do clã Kurohoshi, precisava de falar com Isshin mas não conseguia reunir a coragem necessária para ordenar às suas pernas que se movessem. Não que temesse o ex-marido, antes pelo contrário, mas aquele local trazia-lhe recordações que não lhe eram muito queridas.
- Olha, olha quem é ela. – Embora não visse quem lhe falava, Orihime reconheceu imediatamente a dona daquela voz.
- Tatsuke… - Murmurou, provando um gosto amargo na boca. – Parece que continuas coxa.
- E parece que continuas a mesma gaiata impertinente e insolente que teve de se associar ao nosso clã com os pais para conseguir sobreviver. – Respondeu venenosa.
- Não me admira que o teu marido te tenha deixado. Ir para a cama contigo deve ser igual ou pior que enfiar a pila num cubo de gelo. – Devolveu trocista.
- Vadia! – Rosnou Tatsuke pegando na sua bengala e apontando-a a Orihime disparando uma data de Senbon que Orihime apanhou aparentemente sem qualquer dificuldade.
- Senbons com veneno? Hum, vejo que tens a bengalinha toda “kitada”, hein? – Comentou irónica com um sorriso provocador fazendo Tatsuke apertar o cabo da bengala cheia de raiva. – Suponho que tenhas também fraldas para a incontinência? Olha que podem vir a dar jeito!
- Sua.. – Começou, mas calou-se ao ver que o irmão acabava de chegar.
- Que fazes aqui? – Perguntou Isshin a Orihime.
- Preciso de falar contigo sobre a Rima.
- Certo, vamos para um lugar mais apropriado. – Declarou ignorando a irmã, e encaminhando-se para o interior da mansão seguido por Orihime.
- Vais pagá-las vadia. – Rosnou Tatsuke baixinho lançando um olhar assassino na direcção da mulher que seguia o irmão.
[ Kirigakure/ Missão do clã Niirokamen]
Uma figura de aspecto senhorial jazia nas sombras sentada de uma poltrona majestosa, o salão onde se encontrava era gigantesco mas praticamente desprovido de decoração. Apenas uma longa carpete vermelha que seguia desde o pequeno alter onde jazia a figura e a enormes portas de carvalho enegrecidos, com pilares de mármore escuro talhado com as figuras dos antigos líderes do clã a suportarem o tecto da sala. Esta era iluminada apenas pela pouca luz que conseguia penetrar os cortinados que cobriam as grandes janelas com vista para Kirigakure no Sato.
Um ranger arrepiante indicava que alguém abrira umas das portas, um ninja mascarado espreitou e pediu licença para entrar, o homem escondido nas sombras esboçou um gesto com a mão, dando sinal ao ninja que entrasse. Este atravessou a sala, olhando nervosamente em volta enquanto os seus passos ecoavam, fazendo com que os seus cabelos da nuca se eriçassem.
- Já descobriram o paradeiro da criança? – Perguntou o líder numa voz cavernosa, tudo menos agradável, o ninja estremeceu levemente mas falou com confiança.
- Um dos nossos assassinos perseguiu-a, mas foi morto, mas conseguiu feri-la com gravidade. Perdemos-lhe o rasto durante uns tempos mas soubemos à pouco que chegou a Sunagakure onde acabou por sucumbir aos ferimentos e entregou a criança a uma kunoichi.
- E sabem onde mora essa tal kunoichi?
- Sim, vimo-la a sair de uma casa antes de entrar em missão.
- Óptimo, envia um assassino para me trazer a criança, que seja discreto. Não quero problemas com Suna. – Declarou, o ninja apressou-se a encaminhar-se para a porta mas o líder mandou-o parar. – Não tolero falhas.
- H-hai. – Assentiu o ninja antes de sair, pálido e a suar.
Enquanto isso o líder recostou-se na poltrona ricamente ornamente e uniu os dedos longos esguios, enquanto um sorriso tudo menos agradável se desenhava na face na semi-obscuridão.
[Rima e Companhia]
A travessia pelo deserto do pais do Vento decorrera sem grandes sobressaltos, sem contar obviamente com os pequenos rufias e bandidos que surgiam de tempos a tempos e uma zona de areias movediças a que escaparam mesmo à justa.
Encontravam-se de momento num navio que os levaria à Paradisíaca Ilha da Lua, onde deixariam o Príncipe Hikaru são e salvo, enquanto Tenshin e Lee vigiavam as imediações do camarote onde o príncipe estava instalado, a restante equipa patrulhava o exterior do navio, ou pelo menos assim o deveria ser.
A sensei de Rima, Hikari, adquirira um tom esverdeado no momento em que o navio começara a balançar com mais frequência devido à ondulação do mar, e encostara-se a uma parede. Um balanço mais forte fez com que Hikari tivesse de despejar todo o conteúdo no seu estômago para o Oceano enquanto Rima lhe dava palmadinhas nas costas.
- Estamos a chegar! – Anunciou Kenichi apontando para um pequeno porto verde. - Já dá para ver a ilha.
Hikari murmurou algo indecifrável antes de ter começado a vomitar outra vez, Tenshin apareceu com ar bastante aborrecido, a vociferar algo sobre Lee que de certeza não eram elogios, Hikari levantou novamente a cabeça e preparava-se para lhe pregar um raspanete, quando este solta um gritinho enfeminado.
- Isso é vómito? Que nojo! – Guinchou agoniado desviando a cara, Hikari preparava-se para responder mas o navio oscilou e foi assomada por mais uma onda vómito. – Eww!!
- Deixa de ser menina. – Resmungou Rima sem olhá-lo, ainda segurando a sensei que tremia cada vez que voltava a vomitar.
De súbito saltaram dois ninjas desconhecidos da água, um destes apanhou Kenichi desprevenido e deixou-o incosciente com um soco, Tenshin lutava com o outro o melhor que conseguia. Vendo que a sensei não estava em condições de lutar apressou-se a levá-la para o camarote do príncipe e informou Lee que optou por ficar junto destes e Rima regressou junto dos colegas de equipa invocando a sua katana e impedindo Kenichi de ser atingindo por um par de kunais.
- Pirralhos! – Rosnou um dos ninjas, de cabelos arroxeados compridos pelos ombros e olhos vermelhos que empunhava duas espadas curtas. – Entreguem o príncipe e ninguém se magoa!
- Querias! – Devolveu Rima empunhando a Zetsumei Hoshi com ambas as mãos e com um sorriso desafiador.
Continua…
E eis o primeiro capítulo da Mini Saga [Tsuki no Kuni]! Espero que tenham gostado. ^^
Comentem e … coise. X)