Era quase meia-noite e ele estava deitado de costas, na cama, com Yuki quase a tapar-lhe o corpo todo. Suzaku pegou no maço de tabaco, tirou um cigarro e acendeu-o, tentava ao máximo evitar acordar Yuki, pois quando era acordada ficava bastante aborrecida e chata, Suzaku atravessa a escuridão do quarto, para abrir a janela do seu quarto. Encostou-se ao peitoril, sentido no rosto o agradável ar fresco da noite, depois de bastante calar que apanhará por Yuki estar literalmente deitada em cima dele. Perscrutou o céu cheio de estrelas, á procura de algo, algum sinal, olhando absorto sobre os telhados, recortada contra a lua dourada e aumentando de tamanho a cada momento estava uma criatura grande, estranhamente desequilibrada em direcção a si.
Ficou muito quieto, vendo-a descer a pouco e pouco. Hesitou durante uma fracção de segundo, com a mão no puxador da janela, perguntando-se a si próprio se deveria fechá-la, a criatura grande cada vez estava mais perto e Suzaku afasta-se mas no preciso momento em que entrara pela janela desaparece. Suzaku volta-se para a cama que vê uma estranha imagem em cima da sua cama, saltando para a cama endireitou e leu:
Ainda agora estás no Caminho da Morte… Serás o próximo? Olha e toma muita atenção as pessoas que estão ao teu lado.Suzaku pôs o estranho bilhete na mesinha-de-cabeçeira, olhou indignado para ele durante alguns segundos, olhou para o despertador: eram duas da manhã. Tomou a decisão de deixar aquela preocupação para o dia seguinte, Suzaku voltou-se a meter na cama, deitou-se com os olhos abertos, fixos naquele bilhetinho sinistro. Era extremamente comum sentir-se assim, como naquele momento, solidário, enraivecido e preocupado.
No dia seguinte, Suzaku desce para o pequeno-almoço, encontra Yuki já sentada à mesa da cozinha, serviu-se de uma torrada e de seguida olhou para a Yuki.
- Bom dia meu amor. – Suzaku disse.
- Bom dia paixão. – Yuki responde, com um toz de voz mais preocupante.
- O que se passa Yuki? Conta-me… - Suzaku pergunta logo de seguida.
- Vi o bilhetinho que tinhas na mesinha de cabeceira, o que foi aquilo? O que se passa? – Pergunta Yuki.
- Não te posso dizer nada, aliás não vi quem deixou esse bilhetinho. Secalhar alguma brincadeira de putos. – Tenta Suzaku traquilizar Yuki.
Suzaku sabia que não era brincadeira nenhuma, mesmo assim acaba de comer a torrada levanta-se e sai de casa. Já estava a várias ruas de distância, quando, uma sombra passa-lhe a frente fazendo-o cair de cara ao chão. Deixou-se ficar muito quieto, a raiva ainda a percorrê-lo, ouvindo as batidas descompassadas de algo. Passando alguns minutos sozinho e deitado naquela rua, uma nova emoção tomou posse dele: o pânico. Cada vez ouvia as batidas mais perto dele, para onde quer que olhasse não via nada, absolutamente nada, um pequeno formigueiro na parte de trás do pescoço dera a Suzaku a sensação de estar a ser observado, mas na rua parecia deserta. Ouve-se um grande estrondo, Suzaku levanta-se rapidamente do chão, olha para todos os lados para tentar perceber de onde veio o estrondo, avista uma grande mancha de fumo.
“Espera ai, o estrondo vem da minha casa!”
Suzaku começa a correr em direcção a sua casa, empurrando as pessoas para passar no meio delas, quando está quase a chegar a casa uma pessoa agarra-o e diz:
- Não podes ir para ai miúdo.
- Deixe-me em paz, esta casa é minha e da minha namorada, deixa-me passar. – Responde enraivecido Suzaku a pessoa que lhe estava agarrar impedindo-o de entrar em casa.
As chamas da casa chegavam aos 20 metros, estava tão calor que Suzaku sentia que estava a ser queimado vivo, de repente começa-se a ouvir gritos. “Esta voz é da Yuki” Suzaku descai ligeiramente e quando roda apoiado a um pé dá uma cotovelada no estômago da pessoa que o agarra conseguindo soltar-se corre para dentro de casa. Sobe as escadas como um relâmpago, mesmo com a madeira a partir-se cada vez que ele mete um pé no degrau consegue subir ao cimo da escada, Suzaku assim que se vira para o seu quarto fixa-se para uns olhos sombrios, a única parte do rosto e do corpo que parecia estar viva, só tinha visto estes olhos uma única vez. Yuki estava deitada no chão com a sua cara coberta de sangue, Suzaku fica completamente surpreso por ver aqueles olhos ali e a fazer mal a quem ele amava.
- Deixa-aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa… Não tens esse direito! Que mal eu te fiz para me estares a fazer a vida num inferno? PAAAAAAAAARRRRRRRRRRRRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. – Grita Suzaku.
- Penso que o bilhete tinha sido explícito, não quiseste ligar a ele por isso tens aqui a consequência.
Com esta conversa toda, Yuki consegue pôr-se de joelhos e invocar a Kuchiyose. Suzaku fica estúpido a olhar para Yuki que ainda parecia ter esforço para alguma coisa, de repente o fumo da Kuchiyose começa a desaparecer vê-se um gato todo preto com 1 risca de cada lado do seu corpo, o gato junta-se a Yuki que parece que lhe está a sussurrar algo ao ouvido. O gato afasta-se e Yuki encosta a cabeça no chão, olha para Suzaku e diz:
- Tens aí um bom companheiro e não te esqueças que te amo muito. Vou estar a olhar por ti de lá de cima
.
Dizendo isto Yuki suspira a sua ultima vez e morre, Suzaku corre para a socorrer mas a estranha forma difere-lhe um Daitoppa, Suzaku percorre uns bons metros até que bate na parede do seu quarto partindo-a e atravessando até a casa de banho onde acaba de desmaiar.