- Vem, dá-me tudo o que tens! – ordenou sob o capuz.
Selim deixou o chakra fluir para os olhos livremente, não valia a pena esconder nada, não contra aquele adversário. Fez alguns selos rapidamente enquanto concentrava chakra.
- Kuchiyose! Gedo Mazo!
A enorme estátua ergueu-se das areias fumegantes, mas Puraido riu-se na sua cara e desfez a ilusão.
- Aprendeste-a só de a ver uma vez? – riu ele – És muito melhor do que eu imaginava! Mas a cobra não me assusta, lamento.
Selim correu para ele e atirou-lhe a enorme foice. Mas para sua surpresa Puraido defendeu do lado direito.
- Executaste os selos enquanto a sombra ilusória da estátua te cobria, impressionante mas..
Nisto o seu braço desfez-se em partículas negras para se reunir em seguida.
- Quem disse que foi só uma ilusão? – perguntou ele, com Schneizel ao seu lado ciciando.
- Duas ilusões? – inquiriu com uma nota de espanto – bem pensado, contudo…
Selim sentiu o calor ofegante que lhe era imposto. Depois a própria luz lhe chamou a atenção. Uma enorme esfera ardente descia dos céus para terminar a sua ruína. Obedeceu aos seus instintos e fugiu da esfera. Depois uma sensação peculiar espalhou-se a partir do seu olho esquerdo. Genjutsu.
Juntou as mãos e tentou quebrar o fluxo de chakra, mas a bola de fogo continuava a aproximar-se dele ameaçadoramente.
- Que raio?!
E com isto fugiu aterrorizado, afinal de contas seria incinerado. E nisto a cauda de Schneizel chicoteou o ar e lançou-o contra uma parede. A bola de fogo desapareceu , revelando o céu chuvoso uma vez mais.
Puraido estava à sua frente, sério. Levava aquilo como uma responsabilidade sua.
- Não foi mau, para um principiante. – afirmou tentado ofender o rapaz.
Não resultou, Selim continuou a olhá-lo sorrindo como se nada fosse.
- Viste os selos? – perguntou o de vestes brancas relaxando.
- Não tenho um sharingan! – exclamou Selim sorrindo.
Aprendeu rapidamente a sequência de selos e deixou o chakra fluir para Puraido, que o fitava ao longe. O outro não ficou impressionado com a enorme esfera luminosa que ameaçava incinerá-los.
Mas foi distraído. Selim fez alguns selos enquanto o rapaz de branco fitava aparentemente desinteressado aquela bola de fogo. Até que foi atingido pela enorme torrente de água e empurrado para longe, magoando-se, aparentemente.
Sacou da foice que se materializou em pleno ar vinda sabe-se lá donde e correu, ou melhor voou para Selim. Este bloqueou o primeiro ataque com a sua tripla foice, desviando-se do segundo com um rápido shunshin. Depois atirou uma kunai enquanto fazia alguns selos. Utilizando a humidade do ar multiplicou-a grandemente. O seu inimigo ergueu a mão e todas as kunais foram repelidas, bem como Selim que embateu na parede com força.
Fitou Puraido nos olhos e concentrou chakra, projectando para ele a sua vontade de assassinar. Mas uma ilusão daquelas não alcançaria Puraido facilmente, ele apenas tremeu e a quebrou sem se mexer, sequer. Mas enquanto isso já Selim agarrara num torrão de terra e deixara fluir o seu chakra, soprando-o contra o adversário. Os grãos converteram-se em pétalas, que transportavam o rapaz de branco de um lado para o outro, cada vez que lhe tocavam. Depois o próprio Selim se desfez em pétalas e tentou dar a volta a Puraido, literalmente.
Mas o seu inimigo era um mestre, e diante dos seus olhos desapareceu. Vendo a sua estratégia inutilizada Selim quebrou as ilusões e surgiu dum turbilhão de pétalas. E contudo, subitamente, sentiu algo cobrir-lhe a pele. Era duro e desconfortável. Madeira?
Quando se apercebeu estava envolvido no abraço letal de uma árvore. O capuz branco surgiu sobre a sua cabeça, seguido de uma katana negra que foi encostada ao seu pescoço.
- E assim se mata um idiota. - afirmou Puraido calmamente.
Selim fez uma enorme cobra branca sair da sua manga e morder-lhe o braço. Não resultou, por isso puxou-a e partiu o mindinho. A árvore desapareceu, juntamente com Puraido. Selim socou-o então violentamente contra a parede, empregando toda a sua força. O rapaz colidiu com a parede, aproximando-se de seguida do Genin de Suna. Uma aura de chakra surgiu-lhe sobre a mão reparando ossos e articulações nas mãos.
- Isto é um treino – murmurou – e contudo tu partiste um dedo. Estás a levar isto a sério, afinal de contas.
Ensinou-lhe a sequência de selos. Selim concentrou chakra e reproduziu-a rapidamente, projectando a ilusão para o rapaz de branco. Uma árvore surgiu à sua volta, e Selim de dentro dela, como esperado, roubando-lhe a espada das mãos. Depois o rapaz desfez-se em partículas negras e reuniu-se à frente do de Suna, levando a espada consigo.
- Chega, por hoje. Sabes eu nunca fui muito de força mas tu não és eu e acho que estás subdesenvolvido.
Selim murmurou algo como “bárbaros”, o que provocou o riso do outro.
Ordenou-lhe que fizesse alguns exercícios, ao que o High Genin obedeceu.
Começou pelos abdominais. Contou-os lentamente, esforçando-se por completar uma série. Aos 50 uma dor intensa perpassou-lhe por todo o corpo. Intensificando-se sempre, sempre. Aos 60 o suor escorria-lhe por todo o corpo como uma torrente. A dor estava-se a tornar insuportável, mas não podia desistir, só faltavam cinco, afinal de contas. Parou, caindo de costas sob o olhar atento de Puraido.
- És bastante mais fraco do que eu pensava. – comentou ele sorrindo.
- Cala-te, ainda mal comecei.
E com isto partiu para as flexões. Os seus braços iriam certamente aguentar mais. A tensão foi aumentando nas primeiras dez. Depois, às vinte sentiu-se fraquejar, lentamente. Levantou o pescoço para ver a cara triunfante de Puraido, ao ver o esforço na sua fronte, o suor a escorrer pela cara abaixo.
- Kuso.
E à trigésima caiu, sem aguentar mais.
Puraido levantou-o e pô-lo de pé. Inconscientemente concentrou chakra nos olhos, e fitou o rapaz de vestes brancas. A ilusão projectou-se imediatamente para o rapaz, sem intenção. Ele fechou os olhos de Selim, quebrando o contacto visual, e interrompendo o fluxo de chakra. O seu Geass começava já a ficar inconstante. Ironicamente, Puraido não conseguia desligar o seu, por isso roubara da antiga Sin algo para lhe selar o chakra, quando não em combate, para impedir consequências desastrosas.
Mas algo era estranho. Selim conseguira tocar na espada. Envie, por outro lado, por exemplo, quase tinha morrido quando o fizera. Porquê? Não devia haver ninguém além dele, nem do seu sangue que pudesse tocar naquela espada. E contudo ele fizera-o. Aquele rapaz...