Dirigi-me ao campo de treinos de manhãzinha. Os sinais da guerra começavam a ser demasiados para ignorar, por isso pedi ao meu sensei que treinasse comigo naquele dia. Corri, ou melhor, quase voei para o campo, ansioso. O rapaz de cabelo cinzento já lá esperava por mim, deitado na areia de barriga para cima.
- Finalmente! – ralhou brincando.
- Olha, sou sempre eu quem espera!
- Não interessa, atrasos são punidos. Pagas 40 flexões, para começar.
Pus o corpo em prancha e deixei-me cair, exercendo depois força nos braços para me voltar a erguer. Repeti isto vinte vezes sem dificuldade. À vigésima-quinta, contudo a força começou-me a faltar. O suor já escorria, combinado com o sol abrasivo que me cansava ainda mais. À quadragésima parei, estafado. Ou melhor, caí.
- Levanta-te mandrião, agora trinta abdominais, siga!
Sem descanso, cruzei as pernas, levantando-as depois ligeiramente. Depois comecei a flectir os abdominais. Os braços descansaram cruzados, contudo. Completei os primeiros quinze, até que o ácido láctico me atingiu e as dores nos braços se espalharam, além do evidente cansaço. Não consegui completar os trinta com sucesso, quedando-me nos vinte e sete.
- Tsc. Estás a regredir a olhos vistos. – lamentou-se – Endireita-te pedra velha!
E ao bater com o pé na areia surgiu um pilar de terra que me mandou contra uma árvore próxima, com um estrondo.
- Impressionante, sem selo algum.
E ainda não tinha acabado de falar já vários espigões de terra emergiam em direcção a mim. Desviei-me com um shunshin, apenas para ver como outros tantos me eram atirado, da areia. Agarrei num bocado de areia e embuti-lhe o meu chakra, soprando-a de seguida em direcção ao sensei. Em seguida, com alguns selos desfiz-me eu próprio em pétalas, misturando-me com as que já flutuavam por lá. Sem se espantar, o rapaz quebrou ambas as ilusões e com alguns selos criou vários pilares de terra à minha volta. Depois preparou-se para me incinerar.
Espalhei chakra pelo corpo e deslizei dali para fora, entre as barras. Depois juntei as pernas e enquanto me dirigia a ele arremessei algumas kunais. Com algum chakra e humidade multipliquei-as. Sem um movimentos, o Jounin cobriu de metal a zona onde elas batiam, escapando ileso.
- Só isso? – gozou ele rindo-se.
Com algum chakra e selos, projectei para ele a minha vontade de assassinar. Agiu como paralisado, mas mal me aproximei socou-me com o punho envolvido em metal, quase deslocando a mandíbula.
Mas ainda não era altura de desistir. Concentrei chakra uma vez mais e com alguns selos desapareci de vista. Ramos surgiram do chão, prendendo o meu sensei numa árvore, da qual surgi eu.
-Não me consegues cortar ou magoar, Selim.
- E achas que eu vinha sem planear isso? Não me conheces bem sensei.
- O que queres dizer? É impossível magoar-me.
- Algo que criei, Genjutsu dentro de Genjutsu.
Juntei as mãos e criei uma esfera de chakra À minha volta, envolvendo Takashi também. Activei a ilusão e no mesmo segundo um grito escapou da boca do Jounin, enquanto as dores se espalhavam pelo seu corpo.
Afastei-me de um salto, apoiando os pés nas costas cobertas de metal e impulsionando-me de lá para fora. Agarrei numa kunai invertida e fiz o chakra correr sobre ela, embutindo-lhe a minha vontade de assassinar. Takashi já corria para mim. A sua pele negra refulgia à luz do Sol. Atirei-lha enquanto saltava para trás, paralisando-o momentaneamente. Depois atirei cobras de ambas as mangas e ergui-o no ar. Com uma chicotada, todas as serpentes desceram, atirando-o contra o chão, abrindo uma pequena cratera. Não propriamente devido à força, mas devido ao metal que o protegia.
- Tsc.. um osso duro de roer, literalmente.
O jounin levantou-se sem um arranhão, enquanto me olhava ameaçadoramente.
- Não estás a abusar puto? Eu ofereci-me para treinar contigo e ainda não ataquei. – replicou ele sorrindo.
- Oh… merda.
O Jounin desapareceu e reapareceu atrás de mim numa velocidade estonteante pontapeando-me para longe em seguida. Mal me voltei a erguer nos pés voltei a ser socado contra uma árvore. Os meus olhos não o acompanhavam. Quem diria que Takashi era tão rápido?
Seiji olhava-me da extremidade do campo. Ou melhor, a serpente no seu ombro descrevia o que se passava. Seiji. Sim, a resposta era essa. Eu tenho um ângulo de visão limitada, por isso sou sempre atacado por trás. E contudo, é possível sentir o que está atrás de nós, Seiji ensinou-mo. Puxei então a fita que tinha na testa e usei-a como uma venda. Concentrei chakra e analisei o que me rodeava. Sentia cada pequena gotícula. Primeiro todos os corpos me pareciam difusos. Mas depois, os contornos foram ganhando forma, e já conseguia pelo menos discernir onde estavam as maiores concentrações de água. Uma enorme aproximava-se de mim às seis horas. Voltei-me concentrando chakra e fazendo alguns selos e mostrei-lhe a palma das mãos. Cordas surgiram do chão prendendo-o. Saquei da tripla foice que tinha no pergaminho e rodei-a na corda, arremessando-a contra Takashi. Este revestiu o pescoço de metal, libertando-se também das cordas ilusórias.
Como o sentisse a aproximar-se de novo, concentrei chakra no punho e libertei um sabre de trovão. O raio ribombou e ecoou, perdendo-se no deserto e atingindo Takashi, que se desfez em terra.
- Tá bonito tá. – resmunguei concentrando chakra uma vez mais.
Algo se aproximou a uma velocidade estonteante, mas o seu teor em água era baixo. Desviei-me de um shunshin e substituí-me por um calhau próximo da segunda vez. Desembainhei Asura, por fim e corri chakra por ela. Projectei a sua ilusão e arranquei a venda, correndo na direcção de que tinha vindo o primeiro espigão. Ao destapar o olho esquerdo uma dor intensa surgiu instantaneamente. Ergui o olhar para o Jounin, projectando para ele os seus medos. Estava finalmente a aprender a controlar aquele poder.
Quando distava alguns metros dele, surgiram espigões da terra, acompanhados de um rio de fogo, mas nada me parecia afectar estava demasiado próximo. Então, surgi verdadeiramente atrás de Takashi e, com a ilusão de Asura a desfazer-se, atingi-o. Substituiu-se por um calhau enquanto me encostava uma faca ao pescoço.
- Estás a evoluir – murmurou sorrindo.