A figura esbranquiçada murmurava sons inteligíveis, com as suas pernas curvadas. Os braços enrolavam-se sobre as pernas como num abraço, enquanto se quedava imóvel no seu reino. Não apresentava feições de qualquer espécie. De facto, dele parecia emanar uma quase invisível aura de escuridão. Naquela imensidão de luz e brancura plena, era a única coisa que o tornava diferente do chão, do céu e do infinito.
À sua frente erguia-se um majestoso portão esculpido, cravejado de cintilantes pedras negras. Um olho demarcava-se, enorme, no centro, cuja íris e pupila eram apenas uma pedra maciça, preta como azeviche. As ramificações emergiam dele como uma árvore, formando sempre padrões simétricos. Entre a entidade branca e o portão fechado estava Selim, sentado, nu, na mesma posição que o humanóide à sua frente.
- O que se passa aqui? – inquiriu pondo-se de pé rapidamente – onde estamos?
- Não o sabes? – inquiriu a figura pondo-se de pé também. – A nudez incomoda-te.
Não era uma pergunta. Era uma constatação. Um facto. Instantaneamente, a cor pareceu envolver o rapaz, que se apresentou em vestes brancas, límpidas.
- Quem és tu? – inquiriu assustado, recuando em direcção ao portão.
A figura ergueu a fronte, apontando para mim a porção da sua face onde deveriam existir olhos. Mas eles não estavam lá, nem tampouco as covas onde deveriam estar.
- Eu sou…
Uma voz tumultuosa ergueu-se sobre a resposta. Como que assolado por sucessivos sismos, o mundo vibro e reverberou. Os contornos da curiosa entidade esbateram-se na luz e desapareceu como diluídos na brancura. O portão rodou nos gonzos abrindo-se a meio e finalmente as palavras que tanta destruição já tinha causado fizeram-se ouvir, claras.
- Onii-sama!



Acordei sobressaltado no breu da câmara onde estava. Alguém me abanava e puxava incessantemente. Mas eu estava demasiado cansado. Demasiado farto. Afinal tinha treinado a noite toda. Mas quem era? Quem era esta entidade? O que era aquela figura branca?
- Onii-san - repetiu Seiji já positivamente frustrado com a minha impassibilidade – despacha-te! Está alguém lá em baixo para te ver!
Dirigi o olhar para as janelas abertas. A noite escura ainda envolvia Sunagakure. Não seriam mais do que quatro horas, talvez. Levantei-me de um salto para dar uma olhadela ao espelho. O meu aspecto estava, sem outra forma de o descrever, um nojo, salpicado de areia, com profundas olheiras demarcadas pelas noites sem sono, que tão mais se notavam em virtude da minha pele de tez tão clara.
Alguns minutos e litros de água depois, deslizei pelo corrimão das escadas e saltei no último momento, aterrando na sala onde Seiji já me esperava com um jovem ruivo.
- Bom dia! Ah…
A figura esbelta virou finalmente a cara e eu… caí sobre um joelho em sinal de respeito. Afinal, se havia uma única pessoa naquela vila a quem eu admirasse, era sem dúvida a ele.
- Gaara-sama! – exclamei, caindo sobre um joelho de olhos postos no chão.
O ex-Kazekage dirigiu-me os seus penetrantes olhos azulados.
- Selim. Arashi enviou-me para te vir buscar. A missão começa agora. Há algo que tens de fazer antes de ir para Konoha. Vamos, segue-me.
- Mas, era suposto ir apenas amanhã… o meu irmão… - balbuciei.
- Não te preocupes rapaz, eu olho por ele enquanto estiveres fora – e… oh espanto! Era Takashi quem falava!
- Está tudo bem. Boa sorte, onii-san. – desejou-me o rapaz de olhos cerrados – Volta.
- Claro Seiji. Claro que voltarei sempre. – confirmei com um sorriso que ele não podia ver.
Saí para a rua onde Gaara já aguardava. Mal pisei a estrada lisa senti-me ser levantado no ar. O ex-Kazekage era dos muito poucos ninjas que ainda admirava naquela vila. O último tinha sido Sasori, mas desse só conhecia a morte e todos os seus feitos eram anteriores ao meu nascimento.
Levantei a venda para ter uma perspectiva panorâmica. Embora eu próprio tivesse aprendido a “voar” nunca tinha feito um passeio daqueles sobre a aldeia, no ocaso da alvorada. Não queria perder um único detalhe. A verdade é que, embalado pelo bloco de areia sensação de liberdade era fenomenal. Levantei-me, sobre a nuvem alta velocidade, ignorando até as correntes de ar frias que se faziam sentir, lá no alto. Durante longos minutos apreciei apenas a brisa no cabelo, o silêncio fenomenal, exceptuando o próprio rugido do vento.
Foi Gaara quem quebrou o silêncio, por fim.
- Gostas muito do teu irmão? – perguntou ele com naturalidade.
- Sim. Mais do que tudo. – gritei-lhe.
- Mais do que Suna?
Fitei-o durante um momento antes de responder. Não sabia se estava a ser testado ou não, mas a liberdade e o vento toldavam-me o juízo como uma droga.
- Mais do que Suna – reiterei com certeza.
Contrariamente ao que esperava, o ex-kazekage limitou-se a sorrir.
- Isso é bom. – afirmou ele sorrindo – é bom que tenhas algo por que lutar. É bom ter alguém por quem lutar.
- Por quem luta, Gaara-sama?
- Eu… - respondeu ele com uma certa hesitação – eu luto por ti, Selim. Pelo teu irmão, pelo teu sensei e por todos os que chamam a Suna a sua pátria.
Com estas palavras, embalado, deixei-me cair no doce esquecimento do sono, vendado.



Acordei com o sol quente a bater-me na cara. A estrela luminosa emanava o seu brilho e fazia todo o deserto resplandecer dourado. Gaara sentara-se ao meu lado com toda a simplicidade, enquanto vários ANBU se viam na longínqua imensidão do deserto.
- Onde… onde estamos? – perguntei enquanto me sentava também.
- Perto da fronteira com o País do Rio. – elucidou-me o ex-Kazekage – normalmente enviamos aqui a ANBU para treinar.
- Aqui? – inquiri incrédulo – mas aqui está sempre um calor endiabrado!
- Precisamente por isso – respondeu ele – eles vêm aí.
De facto, os ANBU que tinha visto ao longe aproximavam-se, ao contrário do que pensara inicialmente. Esperámos alguns minutos em silêncio, sob o calor abrasivo e sufocante do deserto.
- Selim – disse finalmente com uma expressão quase reconfortada – como sabes tu irás ingressar no nosso esquadrão de operações especiais. Mas eu considero que a tua formação na área da espionagem não é suficiente.
“Obrigadinho”
- Embora sejas óptimo a extorquir informação de pessoas, segundo sei.
Não respondi, visto que não sabia o que seria maior. A minha incompetência na espionagem ou a habilidade no que toca a interrogatórios. Senti algo frio na palma da minha mão. Gaara acabara de lá colocar um pergaminho encarnado, selado.
- Eu encontrar-me-ei com eles agora. Dentro de algumas horas venho-te buscar. – assegurou-me - E prepara-te. Começamos a operação mal anoiteça, caso o inimigo o proporcione!
“Operação?!”

Gostei do filler ^^
E fiquei curiosa para ler tanto os anteriores como os próximos, continua!

Operação, que operação tão misterioso é essa?

Filler bastante bom, quero ver o que o Selim ira fazer a seguir na operação

Aquele pergaminho
Não sei o que é, mas tenho a sensação que é algo util... para o Maiko

Tra-lo a Konoha
Bom filler e gostei das OST's ^^

Manda o proximo

eu fiquei como o selim OPERAÇAO?!
outra coisa, reparei que tu ao começar o filler descreveste primeiro onde a tua personagem se encontrava em vez de começares logo com acçao achei isso engraçado.

Bom filler e continua tenho pena de nao ter acompanhado do inicio

Está bem está bem. Gostei da parte em que o Gaara pergunta ao Selim se gosta mais do irmão do que de Suna.

Gostei bastante da primeira host tbm, já a último achei mais cómica

fiquei quase sem palavras... as únicas que tenho são... és dos meus escritores preferidos. a seguir ao robert muchamore

Ponto alto do filler, sem qualquer dúvida.

Spoiler:

Estou para ver o que vai sair daí, cheira-me que o Selim vai aprender coisas novas
Tens uma escrita excelente, com um vocabulário bastante rico. És dos melhores escritores do fórum, na minha opinião. Continua ^^

A tua escrita levou-me a sentir o calor do deserto!

É incrível... ver como consegues que o Selim tenha uma personalidade muito própria!

A parte que o Gaara "testa" o Selim quanto às suas prioridades.... foi deveras tocante


NÃO PARES!!!!!!!!

Só posso assinar por debaixo do Sennin, sem dúvida que tens uma escrita, e posso confessar, que me dá inveja. Continuar, Continuar.