Selim surgiu atrás da cadeira acinzentada num flash, avançando em direcção a esta com a sua fiel Asura em punho. O líder do acampamento saltou da cadeira e ergueu-se no ar. Selim sentiu, como a massa de água que compunha o seu braço se movia.
“Kunai ou shuriken, coisa de crianças”, pensou. Desviou-se de um shunshin, pensando já no próximo movimento. Não era sensato usar água ou raios num adversário que não conhecia, poderia voltar-se contra ele.
“Nesse caso…”. Ergueu o braço esquerdo do qual emergiu uma imensidão de serpentes. Sentiu o adversário desviar-se e que as serpentes o perseguiam. Então, concentrou chakra na mão direita e apontou-a na direcção do jovem Chuunin. As serpentes emergiram de todo o lado, desde a cara de Selim, até à sua própria roupa. Apanhado como estava na ilusão, não poderia prever, ou sequer ver o que o esperava, mas apenas sentir, quando a katana de Selim atravessou o seu ombro.
- E puseram-te a ti, em frente a um acampamento? – riu o jovem de Suna num tom sádico – Okashii não sabe quem tem, de…
Foi violentamente erguido no ar e arremessado contra a barreira, no minuto seguinte. O estalo dos ossos fez-se ouvir, bem como o som mais baixo do seu corpo a tombar, no outro extremo da sala.
O seu adversário moveu os braços de forma desenfreada e, no instante seguinte, o vento ergueu-se dentro da barreira, trazendo consigo uma rajada de shurikens. Uma enorme serpente branca emergiu da manga de Selim, protegendo-o dos shurikens, desaparecendo em seguida. Era hora da retaliação.
O rapaz de cabelos claros avançou, movendo as mãos em selos complexos a alta velocidade. No momento em que sentiu o braço do adversário ir na sua direcção, saltou, erguendo a mão em que tinha concentrado chakra, deixando o trovão ribombar e atingir a aventesma à sua frente. Mas… algo estava errado. O braço do adversário parecia ter aumentado, para uma espécie de círculo e este não parecia minimamente afectado pelo ataque.
- Selim-sama! – gritou um dos seus soldados – Ele é!
Mas Selim não o ouviu. Foi erguido pela cabeça e lançado violentamente pelo chão, de tal modo que a sua venda se rasgou e lhe permitiu ver o que enfrentava. A cara do jovem Chuunin estava… rasgada? Por debaixo da “máscara” surgia uma nova face. Um homem, com talvez 40 e poucos anos, de cabelo grisalho, vincado. Que raio se estava ali a passar?
- Achavam mesmo que o nosso general entregaria qualquer posto de comando a um mero Chuunin? Achavam que não me tinha apercebido já dos vossos pequenos jogos pela minha mansão? Mas não faz mal, deixei-vos soltos porque sabia que assim reuniria aqui todos os traidores e todos vocês vão morrer aqui! – exclamou num sorriso de loucura.
Os Chuunin fizeram menção de desfazer a barreira e intervir, mas pararam lestamente.
- Não saiam de onde estão – ordenou o rapaz com um sorriso – Watshi wa Puraido o motte iru (Eu tenho o meu orgulho) – e ao trocadilho com o seu nome sorriu de novo.
Inesperadamente, avançou para o homem com um pergaminho na mão, de onde surgiu a sua tripla foice, brilhante e aguçada. Sem dificuldade alguma, o ninja de Kirigakure agarrou na foice pelo espaço entre as lâminas e socou Selim no peito. Ele, coitado, lá foi a voar e aterrou de gatas, mas, ao invés de se levantar, baixou ainda mais a cabeça. A sala foi invadida por meia dúzia… dez mil serpentes, compactadas naquela sala, por grande que fosse. Esperava desta matar efectivamente o adversário, por constrição ou asfixia, se o veneno das cobras e os seus dentes não o fizessem antes, mas não correu como pretendia. Uma onda de calor projectou-se do centro do tsunami, incinerando todas as serpentes. Rapidamente, o rapaz cortou a mão numa lâmina da foice enquanto concentrava chakra e antes que a onda o atingisse ajoelhou-se, efectuando selos rapidamente.
- Kuchiyose no Jutsu!
A onda de calor passou, incinerando todas as serpentes e deixando apenas vestígios de cinza por toda a sala e, no lugar de Selim, apenas estava um pequeno monte, composto por duas serpentes de pele esbranquiçada, chamuscada, que desapareceram em fumo alguns segundos depois.
Selim, incólume das chamas, ainda assim pingava o chão com grossas gotas de sangue escuro. A necrose já se espalhara e consumira toda a sua mão direita. Ergueu a mão esquerda com esforço e, concentrando um pouco de chakra, repetiu a ilusão do poço de serpentes. Está claro que mais uma vez foi quebrada sem esforço, mas quando voltou a si, o ninja não viu o rapaz. É que este, com apenas um selo, materializara-se nas suas costas e, com dificuldade preparava o ataque final.
Mal o seu inimigo se voltou, lançou a ilusão final. Deixou o chakra fluir uma última vez para os olhos e envolveu-o num sentimento de felicidade e paz, do qual não se libertaria facilmente, pois a quem desagrada a felicidade?
Juntou-se a ele, que o olhava embasbacado. Asura estava longe e tinha deixado todas as suas armas fora da mansão. Entrelaçou os seus dedos nos do inimigo, primeiro os da mão morta, com a ajuda da mão esquerda. Quebrou o fluxo de chakra, impelido pelo seu orgulho e observou enquanto a cara do seu inimigo se retorcia num espasmo de medo.
- Tu vais morrer aqui – admitiu sorrindo – comigo – afirmou, esgotando as suas reservas de chakra.
Duas serpentes emergiram suavemente, sibilando e mostrando a língua bífida. Depois lançou-se de forma selvática sobre os pescoços. O corpo de Selim desvaneceu-se, surgindo um azulejo no seu lugar. O homem caiu sobre os joelhos, em asfixia.
- É o fim. – afirmou Selim sorrindo.
E então, a pele onde a cobra tinha fincado os dentes tornou-se negra. Necrose. E o seu adversário ergueu-se, ofegante, mas ainda vivo. Selim caiu de joelhos, fraco e quase sem chakra. Era o fim.
Assunto: Treino 23 - O líder! 
Ter 3 maio 2011 - 22:49
