Acordei. Não queria, pois nesse dia iria (mais uma vez) ver os meus novos pais adoptivos. Tem sido a minha vida. Andar de uma casa para a outra, ver novas pessoas que dizem que vão cuidar bem de mim, e fazem-no, até eu fugir. Acabem sempre por me encontrar, e mandam-me para outra família.
Mas, na noite anterior, estive a pensar. Desta vez seria diferente. Não iria fugir, e iria tentar manter-me na minha nova casa. Rapidamente fomos até a uma residência com uma entrada grandíssima. Talvez desta vez estes fossem ricos.
- JACKPOT! – gritei eu.
A senhora que vinha comigo ficou a olhar para mim e perguntou:
- Por que raio é que disseste isso?
Limitei-me a ficar calado sem dizer nada. Não gosto de ser ganancioso, mas algum dinheiro vinha mesmo a calhar. Passamos pelo portão, que tinha enormes picos por cima. Era verde escuro, com um ar muito rígido. Depois de o transpormos, um grande relvado estendia-se até às escadas da entrada. A casa era grande, espectacularmente linda, com uma daquelas portas de correr como a principal da casa. A assistente bateu à porta. Começaram-se a ouvir passos, que se foram começando a ouvir casa vez melhor. Num instante a porta abriu-se. De lá saiu uma senhora com um grande sorriso estampado na cara. Atrás dela, vinha um homem de estatura media, que eu estimava que tivesse para aí 1.65 metros. Tinha uma cara rude, quadrada, com um grande nariz. A mulher não reparei muito bem, devido ao escuro que se fez. Apenas sei que vi, através do vidro da casa, uns quantos ninjas a passar. Corri até à base da casa e escondi-me. Fiquei ali durante vários dias. Havia comida e bebida. Até parecia que já estavam à espera. Ouviam-se barulhos de vez em quando. Quando saí, apenas me lembro de ver casas destruídas, algumas ainda a arder. Não podia acreditar. A minha amada aldeia destruída. Fui vivendo do que encontrava, pois os ninjas já não se encontravam naquela cidade.
Exactamente um ano depois, pessoas chegaram à cidade. Traziam materiais, portanto percebi que quereriam reconstruir a cidade. Eu fiquei nas sombras. Apenas algum tempo depois, não me lembro bem quando, um senhor encurralou-me na cave da casa, da qual saí da primeira vez depois do ataque.
-Como te chamas? – perguntou-me ele.
Eu não repondi.
- Diz alguma coisa rapaz. – forçou ele.
Voltei a não responder.
- Estás imensamente magro. Toma lá este pedaço de pão. – ofereceu ele.
Depois de algum tempo de hesitação, acabei por pegar no pequeno pedaço de pão. Estava a come-lo, e o senhor aproximou. Fiz um pequeno gesto de desaprovação, mas deixei. Uns minutos mais tarde, saí com o senhor. Não sei porquê, fiquei com ele.
Fui ajudando-o a reconstruir a casa. Peça a peça, a casa ficou completa. No último dia, o homem falou comigo.
- Quero falar contigo sobre um assunto importante. – e suspirou, para tentar controlar a voz – Queres ficar comigo? Cuidarei de ti, e irei pôr-te na academia ninja. Tou a fazer isto, pois acho que me apeguei a ti.
Fiquei sem palavras. Mas lá no fundo, eu sabia que também me tinha apegado ao senhor que me salvou de uma vida de vagabundo. Acabei de responder depois de algum tempo de silêncio.
- Ficarei sempre em divida contigo, e aceito essa proposta.
Dois anos passaram, onde muita coisa se passou. O meu pai adoptivo encontrou o seu amor, a minha actual mãe adoptiva, e temos vivido felizes juntos. Vou ter um pequeno irmão ou irmã. Andei na academia e agora estou a sair. Estou a pensar pôr a minha fita ao pescoço, pois acho que dá estilo. Amanhâ quando acordar, vai ser um novo dia, com um árduo treino pela frente.