Filler 2 – A partida…
“Hoje eu ia receber uma notícia estranha e alarmante. Kusagakure deixou de ser o meu lar, vou ter que abandonar a minha mãe e encaminhar-me para uma vila neutra, à procura de ajuda, ou simplesmente refúgio…”Pela manhã…Os primeiros raios do sol invadem o meu pequeno quarto incomodando a minha cara. Um a um, abro os olhos, sou instantaneamente cega pelos raios do Sol, os quais me levam a virar a cara para o sentido oposto, no sentido de não ser mais incomodada enquanto praguejava para aquele bem essencial. Mas já tinha perdido o sono, agarrava fortemente na almofada enquanto olhava para o tecto e soltava suspiros.
-Não sei porque… - Pensava enquanto apertava com o travesseiro ao meu peito - … hoje sinto que algo vai acontecer de mal… - Solto mais um suspiro, pensar muito nisso não ia fazer com que aquele pensamento desaparecesse.
Levanto-me, mostrando o meu pijama que não passava de cuecas e soutien, verdes claro, e direcciono-me até ao quarto de banho. Por acaso a porta deste quarto de banho ficava dentro do meu quarto, tendo um chuveiro só para mim, e para o que eu bem entendesse. Entro para dentro do pequeno aposento, retiro a pouca roupa que eu portava e enfiava-me por debaixo do chuveiro, começava a tomar um banho quente e relaxante.
Quando acabo de tomar banho desligo o chuveiro. Saio e pego numa toalha, a qual eu aperto à volta do corpo cobrindo desde o peito até aos joelhos, e dirijo-me até ao meu quarto, pronta para trocar de roupa no armário.
-OK, qual roupa é que devo de levar se algo de mal acontecer? – Pergunto-me enquanto olhava para o espelho do meu armário exibindo inúmeras peças de roupas, as quais eu colocava à frente do meu corpo para me ver como eu ficava.
Acabo por escolher o típico vestido verde que tanto me caracteriza, e que por acaso combina com os meus olhos de igual cor. Acabo por sair do quarto, toda pronta e dirigir-me até à cozinha, onde a minha mãe já estava ajoelhada à frente da mesa e a tomar o seu chá serenamente.
-Bom-dia mãe! – Cumprimento ajoelhando-me à frente dela esboçando um sorriso querido.
A vila de Kusagakure sempre foi fraca militarmente, e quando o Daymou morreu numa revolta pela parte do povo, outro senhor estranho e misterioso subiu a Daymou de Kusa. Com a nova ascensão ao poder, este homem louco introduziu um novo método de treino na pacata vila, as crianças que atingissem os cinco anos seriam submetidas ao treino para se tornarem “crianças super-soldado”. Obviamente fui submetida a esse treino, e fui das poucas que sobrevivi. Mas isso tornou-me uma das crianças muito temidas na vila, quase como seu eu fosse um demónio. Nunca tive amigos, a não ser a minha mãe que sempre me apoiou, ela até comentou que sempre defendeu que eu nunca devia de ser submetida a esse treino, mas até o meu pai queria que a sua filha fosse uma arma, e agora só como uma arma me vê.
-Bom-dia querida. Dormiste bem? – Pergunta mostrando-se sempre atenciosa e querida comigo, das poucas pessoas que sorri para mim, diria a única.
-Mãe, eu hoje estou a sentir algo estranho… Algo muito estranho e que não me está a agradar… - Explico.
-Estás num daqueles dias, os “Dias Azuis” não é? – Pergunta a minha mãe falando em “Dias Azuis”, um tema totalmente desconhecido pela minha pessoa.
-“Dias Azuis”?
-Hai… É naqueles dias do mês em que começa a vir-te o perío—
-Não são azuis, nem verdes, nem VERMELHOS! – Grito interrompendo a conversa a tempo, bebo o chá depressa e pego em duas bolachas que logo enfio a boca, levanto-me e apresso-me a sair – D-depois falamos! – Nem espero para cumprimentar o meu pai, não que eu tivesse com muita vontade de o fazer…
Não consigo confrontar a minha mãe quando ela se põe com estas coisas então apressei-me o mais que pudesse, só para poder escapulir daquele momento constrangedor. Ainda antes de sair de casa, coloquei o meu leque às costas. Só para me certificar que ia ficar segura. Mas se eu soubesse que esta era a minha última conversa com a minha mãe de jeito… Tinha ficado mais tempo em casa.
O resto do dia foi normal, o Daymou não me envia em missões há muito tempo, era estranho mas igualmente gratificador. Como não tinha amigos eu passava o meu tempo todo em campos enormes de flores, sempre acompanhada pelas borboletas que polinizavam as belas flores que os constituíam. Eu passava lá tardes, o que levou as borboletas a habituarem-se a mim, tem casos em que estas pousam por cima do meu corpo e começam a tentar “polinizar-me”, faz-me cócegas e eu acabo por rir-me tendo de as afastar. As borboletas sim, divertiam-me. Quando o Sol começa a pôr-se eu levanto-me, todas as borboletas já foram para casa, então eu não tinha muito mais que fazer. Chego a casa, abro a porta, retiro as sandálias e encosto o leque à parede da entrada.
-Cheguei! – Gritava enquanto entrava pela casa à procura de alguma alma viva.
Logo dois vultos aparecem pelas sombras e colocam-se à minha frente. Agarro no cabo da minha katana pronta para defender qualquer acção brusca dos dois sujeitos que eu não reconheço, já que o meu leque estava muito longe eu vejo-me obrigada a recorrer à lâmina.
-Nadeshiko Tsukuda, agora vens connosco! – Brame um dos Jounnin enquanto me começa a agarrar no braço.
-Não! Larguem-me! – Grito enquanto fazia gestos bruscos na tentativa de resistir à força do Jounnin.
-Hei, fá-la parar! – Brame um dos Jounnin enquanto continua a tentar agarrar.
O outro Jounnin aproxima-se de mim, mas desembainho a katana de imediato enquanto aponto-a para a barriga dele. Tentava conter as lágrimas, tinha medo do que eles me queriam fazer, eu nunca fiz mal a ninguém, e se o fiz não foi intencionalmente. Não sei porque é que me queriam levar com eles.
-Calma rapariga, não te queremos fazer mal! – Tenta acalmar o Jounnin que tinha a minha lâmina apontada à barriga, enquanto o outro Jounnin larga o meu braço.
Os restos dos raios de Sol daquele dia entram pela janela de casa, incidem sobre as hitaites dos Jounnin mostrando o símbolo de Kusa. Não entendi o porque dos Jounnin de Kusa forçarem-me a algo, mas por dentro algo me diz que nunca me fariam mal. Desço a lâmina calmamente até voltar a embainhá-la, e paro de resistir confiante que eles não me iam fazer mal… Ingénua…
-AGORA AGARRA-A! – Grita um dos Jounnin, enquanto o outro me empurra contra a mesa, caio sobre ela e o vestido acaba por levantar exibindo a minha roupa interior de baixo para aqueles dois seres bruscos – O-olha-me para aquilo!
-P-parem! Por favor parem! – Gritava enquanto tentava resistir aos Jounnin, um deles estava a forçar-me contra a mesa enquanto me agarrava nos dois braços e outro Jounnin agarravam-me nas pernas, contemplando a vista que estavam a ter, apesar de não verem grande coisa por o que eles queriam ver estar tapada.
-M-meu Deus! Eu… Eu QUERO! – Gritava um dos Jounnin enquanto começava a retirar o cinto das calças às pressas.
-Nani? Não me digas que vais…? – Pergunta o outro enquanto olhava para o companheiro quase com as calças de fora, pronto para me fazer algo.
O outro companheiro acaba por não responder, lentamente este ajoelha-se no chão e depois cai de barriga em pleno solo. Atrás dele surge a silhueta da minha mãe a segurar numa frigideira com ambas as mãos.
-Nani? Hei, acorda! – Gritava o homem ao ver o companheiro inconsciente. Para socorre-lo este larga os meus braços e começa a sacudir o corpo dele, bruscamente sento-me em cima da mesa e pego no que me vem à mão acertando com um jarro na cabeça do homem fazendo com que este desmaiasse de igual forma.
Levanto-me e abraço a minha mãe com força, ainda a tentar conter as lágrimas. Eu sabia o que é que o Jounnin me queria fazer, e senão fosse pela minha mãe. A esta hora eu…
-Filha, por favor tens que sair de Kusagakure! – Gemia a mãe enquanto soltava uma lágrima que descia pelo corpo até se perder nos meus cabelos castanhos.
Depressa a largo enquanto a encaro espantada e ao mesmo tempo revoltada – Nani? Porque? Explica-me! – Gritava enquanto a minha progenitora apenas conseguia soltar mais lágrimas, cada vez mais constantes. Ao vê-la chorar eu fico ligeiramente mais nervosa, e nada pronta do que podia vir daí.
-Por favor filha, se confias em mim, foge de Kusagakure. Vai até Iwagakure e fala com a nova Tsuchikage de lá. Ela é uma conhecida minha, com certeza vai te ajudar a habituares-te à tua nova vila. Não fiques cá… Por favor… Não fiques cá! – Gemia a pessoa que eu mais adorava no mundo, ajoelhando-se e começando a chorar a sério. Aproximo-me dela e tentava limpar as lágrimas do rosto dela e ajudá-la a sorrir – VAI-TE EMBORA! POR FAVOR, SALVA-TE! – Gritava ao ver-me a socorrê-la, levanto-me de susto enquanto olho para a minha mãe tristonha – Por favor, não te quero ver sofrer… Por favor!
Não hesito, volto a caçar as sandálias e coloco o leque às minhas costas. Abro a porta e olho para trás, a minha mãe ainda estava ajoelhada e a chorar, esta era a última vez que ia vê-la. Algo a abalou, algo que ela não tinha tempo de me explicar. Saio de casa, umas lágrimas correm-me da face caindo no chão. Não sei o que se passou mas eu agora tinha que ir para uma vila chamada de “Iuagakure no Sato”, uma vila que eu nunca ouvi falar.
-Ela já saiu… Sigam-na…
CONTINUA…