Um novo dia começava em Konoha e, bem cedo pela manhã, dirige-me para o dojo da vila. Felizmente àquela hora o local encontrava-se praticamente vazio e poderia treinar à vontade. Comecei por pegar num halter de 5kg que se encontrava a um canto da sala e, de seguida, dei um grande salto para cima, realizando um pequena cambalhota em pleno ar de maneira a bater com a sola dos pés no tecto. Assim que as minhas sandálias tocaram no tecto, concentrei bastante chakra nos pés de maneira a ficar preso ao mesmo. Agora que me encontrava de pernas para o ar, deixei o meu tronco cair levemente de forma a esticá-lo e coloquei o halter por baixo da nuca para depois forçar todo o meu tronco para cima, contraindo o abdominal. Era um exercício que exigia bastante coordenação na parte da respiração uma vez que só conseguiria sentir o seu efeito total se inspirasse todo o ar quando dobrava o meu corpo para cima. Para além disso, era também necessário fazer bastante força na zona abdominal e da pélvis para impedir que o meu tronco caísse bruscamente quando fazia o movimento descendente.
Após uma dúzia de repetições já sentia o meu abdómen a ficar dorido e começava a ser bastante difícil manter o fluxo de chakra constante para continuar agarrado ao tecto e impedir que me estatelasse no chão. Tentei concentrar-me no movimento dos músculos e forcei um pouco mais até à vigésima repetição: tentativa essa que acabou por não correr muito bem uma que vez que fui incapaz de manter a libertação de chakra necessária para permanecer preso ao tecto e acabei por cair, batendo com as costas no chão. Felizmente o halter caiu antes do meu corpo e já tinha rolado para longe quando aterrei, evitando assim males maiores. No entanto, fiquei com uma ligeira dor nas costas e decidi alongar um pouco a coluna antes de passar ao exercício seguinte.

Passado alguns minutos, peguei numa barra de ferro e coloquei pesos de 5kg em cada uma das extremidades. Pus as mãos debaixo da barra com as palmas viradas para cima e depois puxei-a até ao peito. O objectivo era mover a barra desde baixo até à zona do peito, mantendo sempre os cotovelos junto ao tronco e movimento apenas os antebraços de maneira a forçar os biceps. Fiz um dúzia de repetições e já começava a sentir os braços a "arderem" um pouco, sendo obrigado a fazer mais força nos braços e contrair bem o abdómen para terminar a série correctamente. De seguida, descansei durante alguns segundos e decidi alterar um pouco o exercício: realizei uma sequência de selos e, após concentrar chakra ao longo de todo o corpo, um clone feito de corvos surgiu à minha frente. Voltei a posicionar-me de forma a iniciar o exercício anterior com a barra enquanto o meu clone se afastava de mim, parando ao lado de um cesto cheio de bolas de ténis. Iniciei então o mesmo exercício, concentrando toda a minha força nos biceps e também na zona abdominal para manter a postura mas, desta vez, o meu clone ia lançando algumas bolas visando acertar-me ao nível da cabeça. Assim, eu era obrigado a manter não só a concentração no exercício que realizava bem como na bolas que vinham contra mim, de maneira a conseguir desviar a cabeça sem ser atingido. De início, as bolas eram apenas atiradas para a cabeça e eu conseguia esquivar-me sem grandes dificuldades, no entanto, o clone começou a lançá-las também contra as minhas pernas e vi-me obrigado a mover o corpo todo para me esquivar. Com pequenos saltinhos consegui esquivar-me da maioria dos objectos arremessados, embora não tenha sido capaz de manter sempre a mesma performance no exercício que estava a fazer com a barra. Quando estava na última repetição e vi o meu clone a atirar as duas última bolas de ténis que ainda se encontravam no cesto, coloquei a barra numa posição oblíqua de maneira a defender-me delas com as extremidades da barra e depois larguei-a para o lado, iniciando rapidamente um outro movimento: agilmente fiz uma série de selos de mão enquanto concentrava uma boa quantidade de chakra nos pulmões, expirando tudo de seguida na forma de uma bola de fogo que foi em contra o clone e o desfez numa série de corvos.

Já algo cansado daquele treino, dirigi-me para fora do dojo e decidi fazer algo diferente ao ar livre. Lembrei-me das serpentes enormes que Anko invocava e pensei em tentar invocar algo do género. Sem grandes demoras, mordi o meu polegar e concentrei a maior quantidade de chakra que consegui ao mesmo tempo que realizava mais uma sequência de selos. Senti o fluxo de energia percorrer todas as veias do meu corpo, tentando mantê-lo controlado, e bati com a mão no chão na esperança de ver surgir à minha frente uma serpente de grandes proporções. Contudo, não foi isso que sucedeu: a cobra que surgiu diante de mim era bastante fina, com um comprimento vulgar para a sua espécie e de aspecto até algo delicado. Sem que eu pudesse dizer ou fazer alguma coisa, o réptil rastejou até mim e, num ápice, entrou pelo interior da minha camisola e enrolou-se à volta do meu corpo, contraindo-o com alguma força.

- Não acredito que fui invocada por um rapazito como tu... - Declarou o animal com um ar de superioridade, deitando depois a língua para fora e aproximando-a do meu rosto. - Terás de provar que mereces ser o dono da bela Viperia. - Assim que ela se calou, senti o meu tronco ser apertado com uma intensidade brutal. Tentei movimentar-me um pouco para conseguir respirar correctamente mas foi em vão. Percebi então que teria de libertar antes que ficasse sem ar e fiz um esforço para me manter calmo enquanto o meu coração batia a um ritmo alucinante. Colocando as mãos sobre a camisola tentei agarrar o corpo da serpente e puxá-la mas não consegui: a sua força e flexibilidade eram impressionantes e comecei a desesperar, dando vários murros no réptil. Por vezes sentia as minhas mãos a acertarem no seu corpo esguio mas outras vezes ela movia-se ligeiramente e eu acabava por acertar em mim próprio, causando um pouco mais de dor ao meu tronco que já se encontrava em sofrimento. A minha pele começava agora a ganhar um tom arroxeado devido à falta de ar e vi-me obrigado a recorrer a um último recurso: reuni todo o chakra que me restava em ambas as palmas das mãos até estas ganharem um tom avermelhado e encostei-as com força ao meu abdómen, resultando numa grande explosão que me projectou com bastante força em direcção ao tronco de uma árvore. Mais uma vez senti as minhas costas a gritarem em agonia mas apercebi-me que começava a recuperar a minha respiração habitual. Olhei para baixo e vi a cabeça da serpente caída sobre a minha gola, evidenciando também ela uma cara de sofrimento.

- Afinal és mais forte do que eu pensava, mereces ser o meu mestre... - Murmurou ela com algum custo. - Espero que nos encontremos novamente... em breve... - Concluiu, esboçando aquilo que parecia ser uma sorriso antes de desaparecer numa nuvem de fumo. Fiquei feliz por saber que tinha ganho uma nova "arma" mas aquele não era o momento para festejar: a minha camisola estava completamente ensanguentada e sentia uma dormência dolorosa a percorrer todo o meu corpo.