Mais uma vez acordei bem cedo e dirigi-me para o campo de treinos mal os primeiros raios de sol se começaram a fazer sentir na vila da folha. Tinha de me pôr em forma rapidamente pois estava a meros dias de participar num torneio que se iria disputar em Iwagakure e onde iria ter a hipótese de ascender ao rank de Chuunin caso fizesse uma boa performance. Assim que cheguei ao descampado onde havia meia-dúzia de estacas de madeira, peguei num livro de capa acastanhada e abri-o. Tinha encontrado aquele livro no estabelecimento prisional de Konoha, provavelmente algum prisioneiro o deixara cair na ânsia de escapar pelo meio da confusão. Eu já o tinha lido antes, por isso sabia exactamente aquilo que agora procura naquelas páginas gastas: era um jutsu Doton chamado Ramine Enban. Coincidentemente, havia descoberto há pouco tempo que possuía uma afinidade com o elemento terra e este jutsu, de entre os vários que o livro contia, despertara o meu interesse.

Já tinha memorizado os selos, por isso consegui realizá-los sem grande dificuldade, fazendo depois todo o meu chakra fluir pelo meu corpo, como se fosse uma água estagnada na banheira cujo ralo tinha sido destapado. Concentrei-me o máximo que consegui, tentando imaginar a forma dos discos de terra mas tudo o que aconteceu foi a levitação de pequenas pedras que se encontravam junto a mim. Foi assim o primeiro fracasso mas não foi nada que eu não esperasse e voltei a tentar sem desanimar. Desta vez, fiz o chakra circular mais rapidamente, sentia a tensão a acumular-se nos meus músculos e o coração a bater mais depressa. Mal acabei de realizar os selos necessários, as pedras que antes haviam levitado fizeram-no mais uma vez mas agora aglomeraram-se de maneira a dar forma a apenas um disco que permaneceu em levitação junto a mim. Usando o meu chakra, percebi que o conseguia mover desde que o mantivesse perto de mim e fiquei a divertir-me um pouco: com uma ligeira oscilação no controlo do chakra fazia-o mexer-se para cima, depois para lado e, em breves instantes, já conseguia fazer com que este ficasse a rodar à minha volta sem ter de me concentrar tanto nas oscilações do chakra. Para finalizar, peguei nele como se de um disco olímpico se tratasse e, contraindo e rodopiando sobre o meu corpo, arremessei-o contra uma das estacas que estavam espalhadas naquela área de treinos. Dada a minha força e técnica, não fui capaz de perfurar muito a madeira mas ainda assim consegui provocar um corte maior do que o que esperava.
Estava contente com os progressos que tinha feito ao ser capaz de criar pelo menos um disco mas sabia que ainda conseguia fazer melhor, contudo iria precisar de ter mais pedras que pudesse usar como matéria-prima. Tive então a ideia de usar o Katon Hakkei para destruir um pouco de solo e fazer as pequenas pedras virem ao de cima. Reuni bastante chakra na palma da mão esquerda até esta ganhar um tom avermelhado e depois bati com força no chão, resultando numa explosão que levantou bastante poeira e, tal como esperado, deixou visíveis as pedras que eu queria. Comecei novamente a realizar outra série de selos ao mesmo tempo que me esforçava para reunir o chakra necessário. À medida que ia juntando mais chakra, via as pedras a unirem-se como se de um puzzle se tratasse e rapidamente dei comigo rodeado por três discos de rocha. Tentei movê-los usando as ondas de chakra e reparei que era um pouco mais difícil coordená-los todos ao mesmo tempo mas era algo perfeitamente exequível com um pouco de prática. Sem perder muito tempo, arremessei um disco de cada vez contra a mesma estaca que tinha acertado anteriormente. Devido à minha fraca pontaria, um discos nem sequer rasou o alvo, enquanto outro lhe tocou de raspão e apenas o último ficou espetado no tronco.

[Depois de almoço]

Agora com a energia recuperar, voltei ao campo de treinos e decidi que estava na hora de ver como o jutsu que treinara durante a manhã se portava durante um combate: efectuei uma sequência de selos e, após concentrar uma boa dose de chakra, criei três clones a partir de corvos que se encontravam nas redondezas. O trio de clones rapidamente se colocou em formação de ataque e eu, após activar o meu Sharingan, decidi experimentar a nova técnica. Realizei os selos com a maior rapidez que consegui e concentrei bastante chakra. Apercebi-me que desta vez os três discos levaram menos tempo a serem formados, talvez devido à prática ou pelo facto de estar sob maior pressão. Vi um dos clones aproximar-se de mim pelo lado esquerdo e movi imediatamente um dos discos nessa direcção, colocando mesmo na frente do murro que vinha a caminho. O disco atingido desfez-se num ápice mas eu teria conseguido contra-atacar se não fosse um outro clone a atingir-me com um pontapé no abdómen, projectando-me para longe. Arranhei-me um pouco nos braços ao ser arrastado pelo impacto e tinha agora um pouco de sangue a escorrer sobre os mesmos. Peguei nos dois discos que me restavam ao mesmo tempo e arremessei-os contra o clone que se encontrava mesmo à minha frente e aproveitei essa distracção para preparar o próximo ataque: reuni todo o chakra que consegui no peito e, com uma breve sequência de selos, expeli algumas bolas de fogo pela boca para impedir que os outros dois se aproximassem. Mais uma série de selos e, com um pouco de chakra reunido num dos antebraços, fiz com que duas pequenas serpentes esverdeadas surgissem e se lançassem contra o clone que se encontrava no meio. Felizmente, os répteis apanharam-no de surpresa com aquele ataque de ambos lados e conseguiram mordê-lo, resultando na dissipação do mesmo numa série de corvos.

Agora restavam apenas dois clones mas o meu chakra também começava a atingir o seu limite. Depois de delinear uma estratégia para terminar o combate rapidamente passei à acção lançando uma granada de luz. Fechei os olhos antes que esta explodisse mas os clones não foram capazes de fazer o mesmo e deram-me a abertura que precisava. Com um movimento ágil e rápido, lancei-me na direcção de um deles e quando estava suficientemente próximo saltei contra ele, rodopiando sobre mim próprio em pleno ar e acabando por lhe acertar com um potente pontapé na parte lateral do rosto, sendo suficiente para o fazer desaparecer. Contudo, durante este tempo, o último clone já se tinha recuperado e lançava-se agora na minha direcção com uma kunai na mão. Ainda me consegui virar e olhá-lo nos olhos mesmo antes de este me espetar com a arma na barriga. Tal como eu tinha planeado, o genjutsu que usara segundos antes fez o seu efeito e eu desfiz-me num pequeno bando de corvos, os quais se voltaram a juntar logo de seguida mesmo por trás do oponente. Recorri às minhas últimas reservas de chakra e concentrei todo o chakra que consegui na palma da minha mão, batendo depois com força no tronco do clone. Uma forte explosão ocorreu com o impacto e o clone desfez-se em corvos, declarando-me vitorioso e pronto para enfrentar o torneio que se avizinha.