- Olha lá, nunca tiveste curiosidade em saber dos teus pais? – Perguntou Touya a Mo, enquanto esperavam por Sasame e Kuwabara para mais um treino de equipa.
- Oh, eu sei dos meus pais. – Respondeu Mo fazendo o pino e andando com as duas mãos em círculos.
- E onde eles estão? – Perguntou a rapariga com curiosidade.
- Por ai. – Respondeu impulsionando-se no ar, aterrando de pés no chão e sacudindo a terra das mãos.
- Por ai?
- Sim. Eles morreram. E decompuseram-se. – Respondeu com um sorriso. – Logo, andam por ai fazendo parte do ecossistema.
A rapariga apenas olhou a estranha criatura, incrédula não só pela indiferença em relação à morte dos pais, quer ao conhecimento do funcionamento dos ecossistemas. Quando se preparava para dizer algo simpático, Mo olhava com curiosidade uma enorme macaca verde que acabara de tirar do nariz.
- Que nojo! – Gritou aflita, ao mesmo tempo que chegava Sasame acompanhada por um rapaz, o que fez Touya estranhar.
- O Gordo ainda não chegou? – Perguntou a sensei.
- Parece que não. – Respondeu Touya afastando-se o mais possível de Mo e a sua macaca verde.
- Olá, Hyuuga Taro. – Cumprimentou o rapaz, beijando Touya na face.
- Touya. – Disse a rapariga, retribuindo o cumprimento. – E aquilo é Mo.
- O que é aquilo verde que tem no dedo? – Perguntou Taro.
- Uma macaca. – Respondeu Touya, meio envergonhada.
- É a macaca Marta! – Declarou Mo, aproximando perigosamente a macaca verde e asquerosa repousada no indicador do nariz do Hyuuga, que deu instintivamente dois passos atrás.
- Como queiras. Tenho vontade de arrear em alguém. Mo, treinas comigo. Taro, importas-te de treinar a Touya? Centra-te no Taijutsu, ela tem umas arestas por limar. – Pediu Sasame, Taro assentiu.
- E o Kuwabara-san? – Perguntou Touya.
- Se ele não aparece, não vos vou prejudicar. – Respondeu Sasame com ar sério, que surpreendeu os três espectadores daquela demonstração de responsabilidade que julgavam que Sasame nunca possuísse. Até Mo desviou as atenções da Macaca Marta e olhava a sensei com a confusão espelhada nos olhos vermelhos. – Ah, vão para o caralho!
- Voa macaca Marta! Voa! – Exclamou Mo atirando a macaca verde ao ar, que desceu pela força da gravidade aterrando na manga do casaco de Sasame. – Oh. Ela não voa.
[…]
- Vá lá maninha, estou com vontade de sair à noite! – Exclamou um rapaz alto loiro, apoiando-se numa rapariga da mesma estatura e cabelo encaracolado da mesma cor, enquanto caminhavam por uma rua comercial de Kumo.
- Sabes que eu não gosto, Rippa. – Resmungou a rapariga.
- Vá lá maninha querida. – Pediu o rapaz fazendo olhar de cachorrinho abandonado, a rapariga deixou escapar um sorriso. – Vais comigo, Kin?
- Sim. – Assentiu revirando os olhos divertida, enquanto o irmão gémeo a abraçava com fervor. – Mas não é para fazer disto um hábito.
- Claro Kin. Claro. – Assentiu com um sorriso maroto.
- Vá, mas tenho de comprar uma toilette para a ocasião. – Disse a rapariga, desfazendo o abraço do irmão.
- Eu também! E que tal irmos de
pendant?
- Como quiseres Rippa. Como quiseres. – Respondeu a rapariga, sentindo-se cansada só pelo entusiasmo do irmão.
[…]
- Já foste! – Exclamou Sasame, acertando na cabeça de Mo com um potente pontapé em rotação que deixou a criatura inconsciente. – Porra que isto soube-me mesmo bem.
E enquanto Sasame tratava das feridas de Mo mais superficiais, Taro e Touya acabavam o seu treino. Ela visivelmente exausta e com algumas mazelas e ele sem uma única gota de suor.
- Bem, acho que foi proveitoso. – Declarou o rapaz, ajudando Touya a levantar-se do chão com um sorriso.
- Sim, obrigado. – Agradeceu a rapariga educadamente, sacudindo alguma poeira dos calções distraidamente.
- Queres ir beber um copo esta noite? – Perguntou o rapaz.
- Sim, a Sasame-sensei e Mo também devem querer. – Respondeu a rapariga distraída, Taro sorriu e esta olhou-o.
- Eu estava-te a convidar para um encontro. – Esclareceu o rapaz com um sorriso galante, que fez Touya corar.
- Oh.
- Queres ou não? – Insistiu o rapaz, com o mesmo sorriso sedutor.
- S-sim. – Respondeu meio atrapalhada, ainda com a face enrubescida.
- Óptimo! Apanho-te às sete. – Declarou o rapaz com entusiasmo, beijando a rapariga na face antes de abandonar o campo de treinos.
- A Touya e o Taro são namorados! Ahahah! – Riu-se Mo, Touya mais vermelha que um tomate descalçou uma bota e atirou-lhe à testa, mas a criatura desviou-se rindo cada vez mais alto.
A equipa de Sasame acabou por sair do campo de treinos, e no fundo da rua atrás de um poste de electricidade um velhote com um casaco grosso velho e coçado, com os olhos tapados pelas abas do chapéu castanho sujo que os observava.
Uma rapariga de pele negra, de corpo atlético passou pelo velho torcendo o nariz ao sentir o cheiro de quem não toma banho com regularidade. Suspirou distraída, enquanto as suas memórias vagueavam pela sensação de tocar uma pele de um corpo do qual não se lembrava o rosto.
[…]
- Com que então a Touya? – Perguntou Sasame sorrindo maliciosamente para o Hyuuga que brincava com a pequena Sora no colo no sofá de casa da amiga.
- Sabes, ela é gira. Eu sou fantástico. Era inevitável. – Respondeu o rapaz enquanto fazia cócegas à pequena, que se ria à gargalhada.
- Sempre pensei que estivesses interessado na Rima. – Declarou a rapariga recostando-se no sofá.
- E de certa forma sempre estive.
- Hum?
- Oh, nós envolvemo-nos. Nada de especial.
- Nada de especial? – Questionou a rapariga, meio curiosa, meio ciumenta.
- Bem, éramos amigos, mas a tensão sexual era de cortar à faca. Então resolvemos o assunto. – Sasame adquiriu uma expressão ainda mais carracunda, o que surpreendeu o rapaz. – Estás chateada?
- Acho que invejosa seria a palavra certa. – Respondeu cruzando os braços. – Digamos que sempre tive uma paixoneta por ela. Mas depois descobri que éramos primas, e o Zero sempre no meu caminho.
- Paz à sua alma. – Concluiu o rapaz, ao que Sasame fez uma careta de desagrado. – Pois bem, está na hora do meu encontro. Adeus Sora-chan!
- Sim, pisga-te ó pinga-amor. – Despediu-se Sasame, e a pequena Sora acenou ao rapaz enquanto este saia porta fora. A rapariga pegou a pequena ao colo e sorriu-lhe. – Quem diria que eu trocaria uma noite de engate para ficar a brincar com uma gaiatinha.
A pequena sorriu e saltou do colo de Sasame, encaminhando-se para a cozinha, a rapariga seguiu-a divertida. Colocou um bule de chá ao lume e tirou um copo do armário, mas antes que pudesse colocar o copo sobre a mesa, este escapou-se-lhe das mãos e desfez-se em cacos ao cair no chão. Os cabelos da nuca da kunoichi arrepiaram-se e esta olhou a garotinha com ar preocupado, que lhe respondeu com um olhar triste.
Não podia ser um bom presságio.
[…]
Mo caminhava por um muro, a dar ares de equilibrista, com uma cara de satisfação que apenas a criatura envergava sem razão aparente. O som de cascos de cavalo fez com que parasse a sua marcha, ao ver Rev a passear-se pela vila montada no seu garanhão negro Kuroi Keisei com ar satisfeito.
A rapariga olhou a criatura com um sorriso maldoso que arrepiou Mo até às entranhas.
Algo não estava bem.
..::Continua..::
A Saga vai agora entrar em Hiatus, para escrever a Mini-Saga da Rima. Aproveito para deixar umas perguntas para vos aguçar o apetite.
- Que andará o Emo Gordo a fazer para não aparecer nos treinos?
- Será que é desta que a Touya arranja um rapaz decente?
- Quem será o vagabundo que anda a perseguir a equipa de Mo? Um pedófilo?