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Me levantei da rocha com muita dificuldade, meus ferimentos não me ajudavam no quesito mobilidade quanto mais em força. Estava exausto, cheio disso tudo a única coisa que me movia era realmente ódio crescente que começava a arder dentro de mim. Arrastei-me pelos escombros empurrando alguns entulhos, o caminho foi difícil se não fosse o sentimento de proteger ela também.

 

— E então quem é você sua vadia?_ Perguntou apontando a lâmina que ardia em chamas, chutou-a novamente no estômago fazendo ela expelir saliva e sangue, não podia aguentar aquilo diante minha frente, fui tomado pela raiva...

 

— Kisama, eu vou te matar!_ Gritei realizando selos com certa pressa. Convergindo meu chakra em energia elementar, uma fissura surgiu a minha frente e cinco espigões mortais de terra surgiram da saliência. Comandados por mim eles avançaram contra o samurai ancião, vorazes, sedentes por sangue.

 

Katsumoto se virou para o meu jutsu, manejando sua katana flamejante em cinco cortes diagonais cortando os espigões no meio com uma destreza invejável. Já Inoue se movimentava para uma cambalhota para trás invocando suas lâminas de pulso e concentrando seu chakra espetou o solo dispersando o chakra Raiton no velho (Ikazuchi no Utte). Aquela corrente fluiu em segundos e atingiu as pernas do homem, que, até mesmo sua armadura não conseguia proteger. As pernas dele vacilaram, vi uma oportunidade de atacar com tudo que tinha, fiz um sinal com a cabeça para ela se afastar, retirei a katana que consegui preservar na bainha e concentrei meu chakra nas pernas e nos braços aumentando a velocidade de corrida e o tempo do corte.

 

A um metro desapareci com um shunshin (Shunshin no Jutsu) re aparecendo em suas costas, saltei flexionando os joelhos ao máximo que pude e então desci a lâmina. Todo o peso e chakra acumulado nos braços foram usados  no golpe (Kumo-rÿu: Omotegiri). De repente o homem virou-se, suas pernas já não estavam bambas, terror me invadiu o coração, vi ele balançar aquela maldita katana em chamas e já previa a minha morte... Meu corpo seria carbonizado e também...Inoue, ela também, não isso não! Mudei a trajetória do corte para atingir o ombro direito e parar o movimento de sua espada.

 

— Grrrrrr... Seu... me... acertou._ Vociferou o ancião ao notar que a minha katana tinha atravessado a proteção de sua armadura e chegar a carne, cortando-a numa profundidade de exatos seis centímetros para dentro. Estava em pleno ar, examinei a situação, tinha que recuar e planejar um ataque conjunto com ela, deslizei a lâmina como se estivesse a cortar um frango causando mais dor ainda a meu adversário, quando puff. O ancião me agarrou pela gola parando meu movimento de fuga e levantando a mão direita com certa dificuldade desceu a lâmina sobre meu braço esquerdo, o filete atravessou como uma tesoura atravessa uma folha de papel. Senti aquelas chamas cauterizarem aquele ferimento e queimar o sangue presente que jorrava como uma mangueira, a dor foi tão intensa quanto o horror que senti. Estava acabado, estava sem um braço como lutaria naquele estado? E Inoue ainda estava lá, parada, observando tudo, virei a cabeça e pude ver em sua face o horror estampado suas pernas bambas, com a mão na boca chorava contendo os soluços, parecia uma garotinha. Olhei para o chão e pude ver meu braço caído, a manga de minhas vestes esvoaçando naquela brisa congelante da madrugada, não resisti, chorei também num misto de agonia e tristeza.

 

— AAAAAAAAAAAAAAAAAARRRRGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! GRRRRR, NÃO! AAAAARRGHHH._ Gritava assim em dor, até os ninjas do deserto poderiam ouvir meus gritos de agonia talvez, mais isso não importava, fui derrotado devido ao fracasso de um golpe vencedor. Minha visão ficou turva e tremulante, meu braço sangrava (graças as chamas uma parte do ferimento foi cauterizado portanto o sangramento era menos intenso), não conseguia parar de balançar o corpo me contorcendo. Eu respirava ofegante, tão ofegante que parecia um cachorro de rua com sede, olhei para ela com as lágrimas a escorrer de meus olhos, levantei a mão que ainda me restava acenando para que fosse embora, para que fugisse para que... Qualquer coisa! Apenas que sobrevivesse, talvez buscasse ajuda não sei, relatasse essa luta qualquer coisa!

 

— Corra! Corra! O que está fazendo...menina tola? CORRA!_ Gritei com a voz tremulante, vacilando entre as palavras. Aquela altura tudo era difícil, falar, respirar, se mexer tudo! Meus pulmões já começavam a vacilar e sentia meu coração diminuir seu ritmo cardíaco.

 

— Não vou desferir um golpe final por respeito ao tempo que passamos garoto, mais espero que entenda que não posso deixar testemunhas disto..._ Proferiu ele em tom sombrio guardando a katana e cancelando o fluxo de fogo nela. Sua face estava completamente obscurecida devido a falta de luz, seus cabelos cobriam a maior parte dos olhos, olhei nos olhos dele, não sabia se estava realmente a lhe encarar mais eu sentia isto. Ele iria matá-la para não deixar testemunhas e sair impune.

 

— Por favor... deixe ela, ela não vai contar nada, por favor._ Falei soluçando e com a face encharcada de lágrimas. Ele me ignorou e retirou uma wakizachi caminhando na direção dela. Eu não podia deixar isso, eu podia atrasá-lo para ela fugir para a sensei ou para casa não sei, afinal, eu já iria morrer mesmo eu pelo menos iria salvá-la, se eu a salvasse morreria em paz. Não importa os planos da ordem deles e da minha, sempre vai existir bem e mal, é a vida.

 

Me rastejei no chão usando minhas pernas, o sangue delineava meu caminho pela grama pintando-a macabramente. Agarrei seu tornozelo com uma força que nunca tinha presenciado, o que era essa força? Bem, não sabia, mais não adiantou. Recebi um chute na face que me desmaiou. Meus olhos foram fechando gradativamente, a visão turva e as pálpebras pesadas não ajudavam.

 

— NÃO!_ Falou uma voz feminina.  Desmaiei.