Grama para o ritual
_ Entendido filhinha? - pergunta a rainha do País do Demônio para sua filha.
_ Sim, mamãe, já falastes zilhões de vezes para eu tomar cuidado, não precisa se preocupar, que espírito em sã consciência faria algum mal à uma possuidora do Mangekyougan? - sorri Elizabeth bastante entusiasmada.
_ Estou orgulhosa de ti. - sorriu Shion para a garota.
_ E nada de intervenções, estás a ouvir Sebastian? - diz a garota a olhar o mordomo a intima-lo.
_ Claro, Hime-sama, nem eu, nem a Guarda Real iremos intervir em sua primeira missão. - diz o mordomo a colocar a mão no peito e abaixar.
_ Até mais, mamãe. - sorriu Elizabeth um pouco triste por seu pai não estar presente, mas sabia que ele tinha muito trabalho a fazer.
A garota sai do grande palácio a correr, o extenso jardim frontal parecia não terminar, era possível ver o General Love a colher (roubar) algumas flores provavelmente para conquistar mocinhas inocentes, porém Elizabeth apenas observa com uma feição brava e continua a correr. Seria provavelmente a primeira vez que sairia sozinha de casa (já havia fugido algumas vezes, porém essa foi a primeira vez com o consentimento dos pais), mal se aguentava de emoção.
Era estranho ver uma pessoa a correr pelas ruas de Kami no Sato, a vila tinha grandes prédios e meios de transporte evoluídos em relação à outros lugares, as pessoas muito bem vestidas achavam vulgar alguém correr em vias públicas, o normal era andar com graça e delicadeza. Elizabeth estava com seu longo cabelo loiro solto e vestia roupas típicas de miko: hakama vermelho, haori (tipo de kimono) branco e uma fita a prender apenas uma pequena porção do cabelo.
_ Olha mamãe, uma sacerdotisa. - sorriu um garotinho a puxar a blusa da mãe a chamar atenção dela.
_ Sim querido, no próximo mês te levarei para o festival da Academia Sacerdotal e verás muitas sacerdotisas e também sacerdotes. - sorriu a mãe para a criança, ambos com roupas luxuosas.
_ Sayonara, Hime-sama! - gritou o garotinho a acenar para a princesa, nesse momento todos olharam a jovem sacerdotisa e perceberam o olho lilás próprio do Mangekyougan.
_ HIME-SAMA!!! - uma multidão começava a perseguir a garota, mulheres de salto alto e vestidos pesados, homens a deixar bengalas e chapéus cairem, crianças a largar os doces, todos queriam ver Vossa Alteza Real a correr pela rua.
A garota então salta em um poste, de lá ela (com chakra concentrado nos pés), pula para um toldo (cobertura) que protegia a porta de uma loja, depois salta para outro poste, depois em cima de uma carruagem luxuosa, de lá vai para outro poste e enfim encontra uma sacada para pular. Com dificuldade consegue subir, escala pelos adornos da fachada até chegar na cobertura, graças ao chakra nas mãos e pés foi possível se fixar bem.
_ Ai céus, vida de princesa é tão cansativa. - fala com arrogância a jovem, depois ri de si mesma e continua a correr por sobre os prédios da vila.
_ Hime-sama, estás a fugir novamente? - grita um policial na rua a avistar a garota.
_ Calado, estou em missão. - responde a garota com desprezo. O caminho pelas coberturas dos prédios era bem mais tranquilo, estava cansada já que a vila era bem grande, deveria ter pego o caminho mais próximo, mas não conhecia bem a região e preferiu a via principal.
_ Finalmente. - diz ela a saltar do telhado para uma sacada e da sacada para outro toldo e então para a calçada. A entrada da vila estava à sua frente, tinha em mãos o pergaminho entregue por sua mãe para que os guardas permitissem a saída de sua filha.
_ Hime-sama, cuidado e boa sorte. - sorriam os guardas a abaixarem em seguida, a menina apenas os ignorou.
Caminhava agora por um caminho em meio à natureza, tudo fora da vila era preservado, muitíssimas árvores e alguns pequenos animais se mostravam pelo caminho, a garota olhava tudo aquilo encantada.
_ Hime-sama, devias olhar para a frente. - diz uma voz desafinada e engraçada, como se estivesse a falar enquanto apertava o nariz.
_ AAAAAAAAAHHHH! - grita a menina de susto, tropeça em uma pedra e acerta o rosto em um pouco de fezes de algum animal.
_ Eu disse para olhar para a frente. - novamente aquela voz.
_ Chihu-chan... não me assuste des... - e a garota percebe em que tinha caido.
_ AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH! NOJO NOJO NOJO NOJO NOJO! - gritava ela insandecidamente a correr de um lado ao outro.
_ Isso é de um pequeno gorila que temos por aqui, não vais morrer por isso. - tenta acalmar a garota.
_ NEM SABIA QUE TÍNHAMOS GORILAS POR AQUI! - gritava ela enojada até que pega um lenço em sua bolsa e limpa o rosto.
_ Quero achar logo um rio ou alguma água para me limpar. - falava ela ainda com a respiração difícil.
_ Então, para onde estás a ir? - pergunta a companhia.
_ Para um espírito és bem curioso, não? - responde Elizabeth já de pé.
_ Não fales assim comigo, sou sensível. - diz o espírito. Chihu é um pequeno yōkai do tamanho de uma criança de dez anos, é careca e possui apenas um olho bem grande no rosto.
_ Para um Hitotsume-kozo (Garoto de um olho) és muito falador. - fala Elizabeth a continuar sua caminhada.
Hitotsume-kozo são seres bondosos que gostam apenas de assustar as pessoas ou gritar para que se calem, eles adoram o silêncio. O encontro com um deles é visto como má sorte._ Há boatos que estás em uma missão ninja. - fala o pequeno yōkai.
_ Não acredito que mamãe pediu à vocês para cuidarem de mim. - e a garota para a caminhada.
_ Nhá, quem espalhou a fofoca foi uma sombra que você já conhece muito bem. - responde Chihu.
_ Ah, tinha que ser ele... aquele fofoqueiro, se aproveita que não podemos encontra-lo facilmente e fica a espionar. Quando eu encontra-lo ele vai se ver comigo. - diz a princesa a franzir a testa.
_ Ah, estou a feder cocô de gorila! - lembra-se ela.
_ Continue reto que encontrarás um curso d'água, só passei para confirmar a fofoca. E cuidado, Mori-sama não está de muito bom humor hoje. - fala o espírito a dar as costas.
_ Sayonara, Chihu-chan. - diz Elizabeth sem nem olhar para trás. Assim como dito pelo yōkai havia um curso d'água à frente, ela se limpou bem, tomou alguma água e depois de um breve descanso continuou sua jornada.
A floresta era um lugar fantástico, muitos espíritos a brincar, muitos animais a passar e muita vegetação a embelezar, Elizabeth se lembrava das vezes que fora levada para visitar a floresta e sentiu certa paz de espírito, até que sente algo estranho.
_ Quem está aí? - pergunta ela a sacar três senbous e adquirir postura ofensiva.
_ Saia de perto da minha árvore. - responde uma voz a sair de uma árvore.
_ Eu não quero nada com sua árvore, pode ficar com ela. - e a garota ignora e apenas continua a caminhar, mas ela vê um grande clarão se formar e um raio vem em sua direção, porém ela dá alguns saltos para a direita e desvia.
_ Não vais me enganar, humana, saia de perto da minha árvore. - fala a voz.
_ É o que eu estou a tentar fazer! - diz a princesa.
_ E acho melhor você rever a forma como me trata, sou uma usuária de Mangekyougan e minha mãe não ficará nada feliz se souber que - dizia ela quando uma bola de fogo a assusta fazendo ela saltar em uma árvore.
_ MINHA ÁRVORE! - e um canino todo branco com cinco caudas (uma de cada cor) aparece furioso.
_ Como eu ia saber que essa é sua árvore se sua voz estava a vir da outra!?!?! - fala nervosa a princesa que logo depois analisa aquele espírito.
_ É um Hōkō, possui cinco caudas, uma de cada cor a representar os cinco elementos (fogo, água, terra, vento e raio). Vive dentro de uma árvore e faz de tudo para protege-la... dizem que se ele utilizar os cinco elementos ao mesmo tempo é capaz de criar um terremoto. - preocupa-se Elizabeth após analisar consigo mesma a situação.
_ Saia de cima de minha árvore! - e o Yōkai vai em fúria para cima da garota, tenta investir um golpe, porém ela desvia, tenta bater nela com uma das caudas, ela também desvia.
_ Ele não está a lutar com tudo... - e os seus olhos arregalam enquanto sorria.
_ Não podes me atacar com tudo enquanto eu estiver em sua árvore, correto? - pergunta ela a sorrir. No fundo Elizabeth tinha vontade de fazer com que o yōkai destruísse seu próprio lar e assim perdesse o que tinha de mais precioso, porém ela tinha muito medo de fazer maldade com os espíritos, pois sua mãe ficaria furiosa caso fosse descoberto.
_ És esperta, garota, mas não preciso toca-la para atacar. - e o Hōkō altera o fluxo de chakra de Elizabeth a coloca-la em um genjutsu. A garota então vê muitas borboletas a voar ao seu redor e começa a sentir um sono sem igual.
_ Não se preocupe, eu tenho bom senso, não faria mal à uma sacerdotisa que possui Mangekyougan. - sorriu o yōkai a pegar a jovem adormecida com uma das caudas.
_ Se bem que se aqueles ataques acertassem eu estaria em maus lençóis... - pensa ele em voz alta.
(...)Elizabeth acorda em uma cama feita de lindas flores brancas, os olhos abriam devagar e com preguiça, porém ela se assusta e levanta de uma só vez.
_ Onde está??? Onde está o Hōkō? - se pergunta ela ao olhar para os lados e perceber que se encontrava em um local diferente.
_ Droga, aquele maldito me levou para algum lugar diferente... AGORA NÃO SEI ONDE FICA O SANTUÁRIO!!!!!! - grita ela nervosa com o espírito.
_ Vamos analisar... o sol está mais inclinado para lá, nessa época ele se inclina mais para o sul, então vou seguir para o norte que é onde o santuário se localiza... ou ao menos ficarei mais próxima do que a seguir para o sul. - pensa ela em voz alta, não era a melhor ideia por não saber exatamente onde se encontra, mas seguir o norte parecia a coisa mais sensata no momento.
_ Não é aconselhável uma garotinha andar pela floresta sozinha. - sorriu uma mulher de cabelos castanhos que estava acompanhada de uma garotinha de aproximadamente doze anos. Quando Elizabeth se vira para olhar quem era as duas mulheres arregalam os olhos.
_ Sensei... aqueles olhos... - diz a menina com cabelos loiros na altura do ombro para a mulher que a acompanhava.
_ Elizabeth-hime... - conclui a mulher de cabelos castanhos.
_ Prazer em conhece-la Vossa Alteza Real, me chamo Hinako e essa é minha aluna Michelle, estou a traze-la para aprimorar nosso treinamento ninja. - ao falar nisso Elizabeth ergue uma sobrancelha a demonstrar interesse.
_ Então também é uma das poucas professoras ninjas desse país... não me parece assim tão forte, se bem que Sebastian também parece um idiota à primeira vista. - diz Elizabeth para as estranhas.
_ A sensei é muito forte, ela poderia derrotar esse Sebastian em apenas um golpe! - briga Michelle a defender sua professora.
_ Duvido, dizem que ele é um dos melhores ninjas já conhecidos, minha mãe nunca contrataria alguém fraco para ser meu sensei. - esnoba a princesa.
_ Crianças, acalmem-se. - pede Hinako a sorrir.
_ QUEM ESTÁS A CHAMAR DE CRIANÇA? - perguntam Elizabeth e Michelle em uníssono.
_ Haha, vocês são muito parecidas. - sorria Hinako com os olhos cerrados.
_ Tenho uma ideia, o que acham das duas duelarem? Soube que acabastes de conseguir sua licença ninja, Hime-sama. Michelle está quase a conseguir a dela, julgo que ambas estão em um nível semelhante. - diz a mulher que havia encontrado uma boa chance de treino para sua aprendiz.
_ Não tenho interesse, pouco me importa lutar com uma plebeia de sensei desconhecida. Tenho uma missão a cumprir. - e Elizabeth empina o nariz e dá as costas a fazer o cabelo balançar lindamente ao virar.
_ Não poderás cumprir a missão se não souber onde fica o santuário, correto? - sorri Hinako que ouvira a garota reclamar sobre não saber a localização do santuário. Elizabeth, ainda de costas, fica imóvel por alguns segundos...
(...)_ Comecem! - dá a ordem a professora para que sua aluna e a princesa começassem o duelo. Já havia passado as regras.
Elizabeth saca algumas senbous, porém enquanto fazia isso Michelle já havia lançado algumas kunais.
"Ela é rápida", se assusta Lizzy a concentrar chakra nos pés e dar alguns pequenos impulsos para ajudar a saltar mais rápido para a direita, conseguindo assim se desviar dos projéteis. A princesa então joga suas senbous na garota, Michelle dá um salto ao alto a girar.
"Elizabeth-sama ainda não é tão habilidosa com as armas, ela joga várias, mas só foca uma. Se essa única senbon acertasse Michelle talvez a batalha estaria decidida, já que o foco era um importante nervo de sua perna", analisa a professora os movimentos da princesa que não eram tão habilidosos, porém perspicazes.
_ Katon: Goukakyou no Jutsu! - diz Michelle a lançar uma grande bola de fogo na direção de Elizabeth.
_ AAAHHH! - se assusta a princesa a rapidamente concentrar chakra nos pés e correr na direção de uma árvore, escalando-a com o kinobiri e saindo do alcance do jutsu inimigo. Uma grande parede de terra se forma para parar o fogo antes que tocasse alguma árvore.
_ Crianças, nada de jutsus que possam ferir a floresta ou seus habitantes. Michelle, lembre-se das regras, primeiro aviso feito, o próximo você será tida como perdedora. - diz Hinako para a aluna.
_ Gomenasai, Hinako-sensei. - desculpa-se Michelle a se abaixar.
_ Não se esqueça de mim! - diz Elizabeth a se aproveitar da distração da garota e saltar da árvore rapidamente, desferindo um soco em sua adversária, porém ela defende no último segundo com o antebraço.
_ Devias ser mais educada e não jogar sujo, Hime-sama. - fala Michelle a tentar dar um chute na cintura de Elizabeth, porém ela levanta a perna e se defende.
_ Não tinha nada nas regras quanto à isso, eu apenas estou a seguir as regras. - sorri Elizabeth a dar um soco no estômago de Michelle com a outra mão, porém a garota acerta a cintura da princesa com o joelho da outra perna e ambas vão ao chão.
_ Elas são muito iniciantes em taijutsu. - ri consigo mesma a professora.
_ Kirigakure no jutsu. - diz Michelle a levar uma mão ao alto e uma névoa começar a se formar no local, dificultando a visão.
"Suiton e katon... essa garota...", assusta-se Elizabeth e toma o dobro de cuidado.
_ Estás morta, Hime-sama. - fala Michelle a aparecer atrás da princesa, a segurar uma kunai em seu pescoço. A névoa então se dissipa.
_ Te falei que minha sensei era melhor que o seu. - sorri a garota de cabelo curto.
_ Conte-me mais. - diz Elizabeth que, logo após um shunshin, segurava uma senbon no pescoço de Michelle.
_ Mas... como... - não entendia a garota, até a princesa à sua frente explodir mostrando ser apenas um bunshin imóvel.
_ Às vezes seu inimigo pode te providenciar as melhores ferramentas para um duelo. - fala Elizabeth que usara a névoa inimiga ao seu favor.
_ Bravo. - aplaude Hinako.
_ Vejo que a joia do País do Demônio está a ser muito bem treinada. E não se preocupe Michelle, ela só é um pouco mais experiente que você, você é mais nova que ela, ainda tem um pouco a treinar. - sorri a sensei a abraçar as duas garotas.
_ Não fique a me tocar, coloque-se no seu lugar. - briga Lizzy a se assustar com a atitude da mulher.
_ Você me fez perder muito tempo já, onde fica o templo? - pergunta a princesa.
_ Você perdeu tempo porque quis, se tivesse me perguntado no início onde ficava o templo eu teria respondido que fica a 50m para o norte, atrás daquele paredão de árvores ali. - sorriu a kunoichi que realmente teria dito onde fica o santuário se a princesa perguntasse.
_ Sua... sua... - tentava se controlar a princesa.
_ Eu estava indo naquela direção! Em um minuto eu tinha chegado lá! - grita Elizabeth.
_ Hahaha, nós estávamos a ir para lá fazer algumas orações. - diz Hinako, e ela e sua aluna começam a rir.
As três kunoichis vão até o santuário, Elizabeth concentra chakra nos pés e escala a grande árvore, era difícil subir porque a gravidade a empurrava para baixo então era preciso grande força abdominal para manter o corpo paralelo ao chão sem cair. Ao chegar no grande galho que se localizava o templo ela pega a grama e coloca na caixa especial.
_ Deverias agradecer um pouco. - aconselha Michelle na porta do santuário.
_ Não acho necess- antes de terminar um grande tremor se iniciava.
_ OK OK OK, acho que não custa nada fazer uma oração. - dizia com muito medo a princesa ao se lembrar do que seu amigo espírito havia dito sobre um dos guardiões Mori-sama estar de mau humor.
Orações feitas, a princesa desce a grande árvore com seu chakra concentrado nos pés, e tem uma volta tranquila até a vila, talvez por agora estar a ser protegida por Mori-sama, ou apenas por sorte.
(...)_ Até que os espíritos furiosos da floresta não me pareciam tão mal. - se lamentava Elizabeth em cima da cobertura de um prédio enquanto corria dos moradores loucos para ver a princesa de perto.[/i][/i]
~ Fim ~