*Bip Bip* Soava a insistente maquinaria que monitorizava o batimento cardíaco do shinobi, aquele som incomodativo já lhe entrava no cérebro pelas longas horas que passara ali. Durante 3 dias fora preso ali dentro do quarto com a ordem de repouso total. Porém aquele repouso havia-se tornado em tortura à medida que as maquinetas lhe massacravam o cérebro com o seu bip infernal.
- Salva-me por favor. Já não aguento mais. - falava ele para a rapariga que se mantinha sentada na cadeira à direita da cama de Zehel.
Soltando um risinho divertido, ela apreciava o desespero do kiri-nin por já não aguentar estar ali naquela sala. Da última vez que lhe pedira misericórdia ao ver que a pálida loira não se mexera tentou levantar-se da cama e aprendeu da pior maneira o que ficar em repouso significava. Logo sem perdoar apareceu Ivy que lhe deu uma marretada na cabeça com a placa de madeira onde guardava os registos da condição do herdeiro. Vendo o rapaz a mover-se debaixo dos lençóis ela manteve-se calada enquanto ele começava a tirar a perna para fora da cama.
- Vamos lá a ver... - falava uma voz feminina abrindo de rompante a porta do quarto do kendoca.
Ele ao ver aquilo a acontecer recolheu a perna rebelde que tentava deixar a cama com tanta velocidade que os dois membros chocaram um contra o outro fortemente, esmagando um pouco o seu material masculino.
- Eu tinha apenas comichão na perna! Não era isso que estavas a pensar. - falava o rapaz abanando os braços tentando ilibar-se.
- Não te preocupes... Já não estás mais sobre período de repouso. - declarou Ivy que trazia apenas uma T-shirt justa e calças de ganga.
Ao ouvir aquelas palavras, Zehel mandou um pulo arrancando o controlador dos batimentos cardíacos voando por cima da cama até cair no chão. Logo sem aviso uma placa de madeira caiu sobre a sua nuca atingindo-o com força fazendo-o ir contra o chão de cara. Uma risca encarnada ficara marcada no seu pescoço e um galo começava a nascer na cabeça. Sendo atingido pela fraqueza o rapaz ficou um pouco caído no chão gemendo como se a sua alma estivesse a querer sair do seu corpo.
- Para que é que foi isso! - gritou com todos os seus pulmões revoltado e com um galo na testa.
- Eu disse que não estás mais sobre período de repouso, não quer dizer que já podes andar ai a correr a maratona, Baka! - retrucou imediatamente Ivy com uma silhueta ameaçadora e a placa de madeira levantada ameaçando-o.
- Hii, Gomenasai gomenasai. - chorava o herdeiro com as palmas das mãos juntas baixando sucessivamente a sua cabeça.
-----------------------------------------------------------------------------------------
-Há tanto que te quero perguntar... - afirmava Zehel para o espírito que o acompanhava.
Levava o tronco nu deleitando-se com os raios de sol e com a brisa que lhe atingia o peito coberto de ligaduras. Ainda sentia por vezes alguma dor no peito. Os dois caminhavam naturalmente por um descampado com relva muito rasteira e ladeado de árvores que quase faziam um caminho.
- Qual é o teu nome? Só agora reparei que te tenho tratado sempre por espírito... - falou o rapaz um pouco envergonhado da situação.
- Diz me tu qual o meu nome. - declarava a menina olhando para ele com um sorriso.
- Heeeeee!? Sou eu que te tenho de dar um nome?? - o kendoca coçava a sua cabeça confuso com a situação.
- Não baka! Como se chama quem tu vês à tua frente? - questionou a rapariga.
- How the hell should I know! - exclamou o rapaz agitando a sua cabeça não entendendo o que ali se passara.
- Tu não me vês com a forma de alguém importante que tenha partido? - tentou certificar-se a rapariga com algum espanto nos seus olhos.
Abanando a cabeça negativamente, o kiri-nin negou a pergunta que o espírito lhe fizera. A rapariga loira arregalou os olhos e abriu a sua boca em espanto ao aperceber-se da situação ficando um pouco reticente, para além de espanto o seu coração também se manchou um pouco com receio.
- Não é normal? O que se passa, conta-me. - pediu Zehel que o espírito da Soul Stone lhe esclarecesse o que a espantava tanto.
- Muito poucos herdeiros me viram sob a minha verdadeira forma, não é normal não adquirir uma forma de alguém que partiu pois geralmente os Zetsubõs têm uma sina um pouco negativa. Os herdeiros quando são conectados comigo já passaram por muita coisa, não costumam ser tão novos como tu e por isso já perderam alguns que lhes eram queridos. - Começou por explicar a rapariga.
- Eu já perdi alguns que me eram importantes, no entanto da minha mãe não me lembro muito bem dela pois era ainda um bebé. Os outros que partiram só no fim me irei reunir com eles, por isso não anseio por vê-los de novo a não ser quando a minha vida cá na terra acabar. - explicava o kendoca o facto de não a ver como alguém conhecido.
- Entendo... Só espero que não aconteça o mesmo. O último que me viu nesta forma foi o herdeiro que se declarou maluco e me afastou com todas as suas forças. Só não quero ficar sozinha e ser pontapeada sempre que tento aparecer. - Os olhos da rapariga começavam a humedecer-se por temer que a história se fosse repetir.
Envolvendo a rapariga nos seus braços, Zehel abraçou-a encostando a cara dela no seu peito coberto de ligaduras, colocando a sua mão na cabeça dela afagou-lhe o cabelo loiro tentando confortá-la.
- Não te preocupes, isso não vai acontecer. - declarou, sentia nos seus braços o calor da rapariga, ele sentia mesmo ela ali, como um corpo físico, ela existia.
- Tsukiko. - disse com a voz rouca.
- O que? - perguntou o kendoca.
- O meu nome baka. - explicou Tsukiko soltando uma risada por causa de Zehel.
Sorrateiramente, uma sombra movia-se nas sombras das árvores que ladeavam o caminho observando os dois abraçados. Nos braços de Zehel ele pode sentir um arrepio a percorrer Tsukiko, desconfiado concentrou-se imediatamente tentando perceber o que ali se passava.
- Não adianta, o que está ali não tem chakra... - declarou prontamente a espírita. - Tudo bem Kishin?
De dentro de uma sombra a raposa cinzenta surgiu com as suas 7 caudas a agitarem-se no ar, com passadas calmas Kishin foi-se aproximando deles.
- Vejo que já foste unido com ela. A partir de agora a responsabilidade será toda tua humano. - declarou a raposa continuando a avançar determinada.
- Eu sei, não admitiria de outra forma. Conto contigo ou vais te acobardar a meio?
A insolência do herdeiro continuava a espantar a kurotsune, no entanto os olhos brilhantes e firmes do rapaz demonstravam a sua determinação e a vontade de superar obstáculos.
----------------------------------------------------------------------------------------
-O mundo começa a mover-se mais rapidamente. - afirma Noche sentado no topo de uma estaca negra que se erguia mais alto que as outras rasgando o céu branco do mundo interior.
O seu aspecto era diferente das outras vezes, o híbrido estava mais humano, já não possuía um par de asas e mantinha uma espada longa segura na mão e cravada na estaca. O seu cabelo, negro como a noite, caía-lhe pelas costas até ao meio destas e a sua franja cobria-lhe totalmente os olhos.
A placa negra de pedra onde a árvore da vida estava desenhada sofri mais uma racha a meio em cima de outro circulo com um sephirot desenhado. Porém desta vez não fora só a placa a ficar afectada, todo o mundo interior foi atingido com rachas nas estacas longas e negras.
- Está para acontecer... - falou misteriosamente abrindo os olhos por trás da franja densa e negra.
continua