- Ansatsu rule 1: Dissolver-se na escuridão e suster a respiração aguardando uma aberta do oponente para atacar.
A voz baixa sussurrava escondido na folhagem verde de uma árvore alta. Estava no meio de uma floresta densa, húmida, atravessada por um rio longo que caia numa cascata abundante e brilhante. Nas margens do rio uma construção humana erguia-se denotando-se estrados de madeira que desenhavam um caminho castanho que seguia o curso do rio. Uma mansão branca de aspecto excêntrico preenchia uma grande parte do cenário junto à cascata. Ocupava uma área imensa junto ao leito do rio e prolongava-se pela encosta vertical fixando as suas fundações bem fundo na rocha tendo como vizinha a corrente de água em constante queda. A mansão possuía 2 andares acima do terreno e um abaixo do terreno, preso à parede da cascata, uma habitação digna de um magnata ricaço que originário daquelas zonas. Ocasionalmente um guarda, vestido com um fato de camuflagem semelhante à vegetação envolvente, caminhava por cima dos estrados de madeira assegurando a segurança da propriedade.
- Ansatsu rule 2: Analisa o teu oponente de modo a preveres os seus pensamentos e ações. - continuava a sussurrar a pessoa escondida na copa de uma árvore e visualizando o panorama geral.
A sua posição ainda era um pouco afastada da mansão, provavelmente a uns 500 metros em linha recta. Mantinha os seus olhos no percurso que o guarda fazia, enquanto focava o seu chakra cuidadosamente recorrendo à sua habilidade de caçador para reconhecer os chakras ali presentes para não ser apanhado desprevenido.
- Ansatsu rule 3: Eliminar o oponente antes que este tome conhecimento da nossa presença... Está na hora.
O guarda acabava de fazer mais uma volta completa aos caminhos que rodeavam a casa e voltava ao ponto de partida para recomeçar. Sem fazer muito barulho a sombra escondida colocava a sua mão numa bolsa retirando um pedaço de metal em forma de L e com um mecanismo complexo. Deitando-se em cima do tronco de árvore colocava-se numa posição de prancha com os braços esticados para a frente, empunhava uma simples pistola nas suas mãos que a apertavam com força para que a sua mira fosse mais precisa. O guarda vestido de verde começava a desaparecer por entre as copas das árvores restando apenas a sensação do chakra sentida pelo assassino escondido. Ele conseguia identificar a posição do homem mesmo estando ele coberto por tanta vegetação. Então concentrou o seu chakra suiton com mestria enchendo o cano da arma, pressionando o gatilho soltou a pressão acumulada na arma deixando um feixe de água sair do cano a toda a velocidade. Com precisão, o jacto perfurou a pele do homem num ponto de pressão fazendo-o perder os sentidos. Num só movimento o corpo de Zehel surgiu aparando a queda do homem inconsciente.
- Let's go. - sussurrou começando a correr furtivamente pelos estrados de madeira.
Sem fazer um barulho saltou para o telhado da casa onde encontrara uma janela aberta, mantendo o seu chakra chie activado conseguia sentir o movimento dos corpos que vagueavam dentro da casa. Ao virar da esquina um guarda estava prestes a surgir deixando pouco tempo de manobra. Segurando rapidamente um selo Zehel deixou o chakra fluir pelo seu corpo executando um henge no jutsu para se transformar numa mesa com uma porcelana chinesa de aparência muito valiosa. *pock pock pock* os passos do homem ecoavam nos ouvidos do kendoca à medida que se aproximava, a adrenalina corria-lhe no corpo, tinha deixado demasiados indícios da sua presença.
- Huu!? Não me admira que estivesse cheio de frio. - falou o guarda soltando um grande espirro. - Deixam assim as janelas abertas, descuidados...
Não tinha notado a presença estranha daquela mesa, talvez Zehel tivesse acertado na transformação, quem ali vivia deveria ser mesmo rico e por isso uma mesa de madeira tão cara com uma peça tão excêntrica tinha passado despercebida. Suspirando em alivio o rapaz desfez o seu henge e logo continuou a sua caminhada, tinha de chegar ao piso inferior, o qual estava preso na parede, estava engenhosamente pensado e estrategicamente posicionado.
*biribiri* Momento de defesa estratégica. *biribiri*
- Domo! Hoje temos aqui uma lição importante para vos mostrar. - fala uma versão chibi de Zehel com um quadro branco pronto a ser desenhado.
- Por vezes pensamos que uma sala parece ser um local seguro para nos abrigar-mos, as pessoas vão entrar pela porta pelo que pudemos estar preparados para qualquer eventualidade. - Continua a falar o chibi Zehel desenhando um cubo um pouco torto.
- Etto Zehel no baka, o construtor dessa sala era um granda nabo. - diz uma versão chibi da Ivy levantando o braço.
- Urusee! - reclama o chibi-shinobi atirando-lhe com a caneta em cheio na cabeça. Recompondo a sua roupa de professor, que ficara amarrotada com o lançamento, continuava a lição. - Uma pessoa normal iria entrar pela porta, no entanto a verdade é outra, numa sala normal nós temos 6 entradas possíveis. Cada uma corresponde a uma face. - à medida que ele dizia isto um slide era projectado no quadro demonstrando uma chibi Ivy pronta a defender-se do oponente que vinha da porta e a ser esmagada pela parede que se destruía atrás dela com a entrada de chibi Zehel.
- Hei! Porque tinha de ser eu a esmagada!? - grita revoltada a rapariga com um galo na cabeça.
- Urusee! - exclama o kendoca atirando-lhe de novo com uma caneta. Dessa vez a rapariga esquiva e faz uma face de troça rindo da falha dele. Incomodado com aquilo o chibi pega numa cadeira e desaparecendo do plano de vista do espectador atinge a com a cadeira em cheio no meio da cabeça. Regressando ao plano vem a ajeitar a sua gravata que saíra do sitio.
- No caso do piso inferior desta casa a defesa da sala é superior, existe apenas uma porta de acesso, um ascensor que vem do rés do chão da mansão até lá, o outro ponto de entrada é pelo vidro que fica virado para a continuação do rio, todas as outras entradas estão cobertas. - *Ding Dang Dong* - Ops terminou por hoje a nossa lição... Até à próxima!
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- Aff... Isto vai me custar caro... - falava Zehel rodando o seu ombro enquanto olhava para o homem inconsciente a seus pés.
À sua frente havia um armário de madeira onde o rapaz planeava encafuar o corpo inerte do guarda, pensando em que posição o deveria colocar, como se tivesse a jogar tetris. Não possuiu muito mais tempo para se distrair pois já outro guarda estava quase ali a passar pelo que atirou simplesmente o homem lá para dentro fechando a porta. Executando um salto o shinobi desviava um dos quadrados de contraplacado que faziam o padrão do tecto falso, todo aquele tecto era suportado por uma estrutura em ferro e cobertos os buracos com um quadrado. Ficava totalmente oculto entre aquele tecto falso e o tecto verdadeiro, não tinha muito espaço para se mover na verdade, porém conseguiu descobrir por sorte a fraqueza de se possuir um elevador. Um rectângulo selado por uma placa de ferro ocultava o poço do elevador, o local onde as cabos puxavam o elevador para cima, ainda era um mecanismo muito básico nada de grande tecnologia, tanto que só podia puxar uma pessoa de cada vez. porém Zehel não ia entrar no elevador. Com recurso à ponta da sua espada desenroscava os parafusos que seguravam aquela placa de acesso fazendo se seguida um henge no jutsu para se converter um morcego. Descendo, seguro por um cabo o shinobi alcançava rapidamente o ponto onde queria chegar entrando furtivamente na divisão mais protegida do local.
O quarto era totalmente excêntrico, tapeçarias ricas e quadros valiosos preenchiam as paredes. A paisagem fazia aquela casa subir mais 45000 ryos no preço e era simplesmente magnifica a junção das tonalidades azul, verde e amarela uma pura obra de arte. No centro da sala repousava uma mesa baixa que possuía em cima um tabuleiro de shogi e as respectivas peças. Podiam-se notar nas suas respectivas posições alguma ação a acontecer no centro do tabuleiro, 3 peças faziam o meio do tabuleiro, os dois reis opostos pareciam encarar-se e a meia distância destes existia um general de ouro.
- Posso-te oferecer alguma coisa? - falou o alvo que Zehel esperava abater.
- Tsc, desde quando te apercebes-te? - falou ele um pouco decepcionado por ter falhado.
- Desde que fizeste aquela barulheira toda com a tua arma... - falou ele dando uma risada.
O homem envergava um kimono largo e vermelho, sentava-se de joelhos numa almofada enquanto movia as peças do shogi como se seguisse um plano que de alguma maneira ele sabia. Notava-se que tinha um corpo que outrora fora muito tonificado e forte, agora já começava a ser agarrado pelas cruéis garras da velhice, notava-se pela pele em inicio de enrugamento e os tons grisalhos do seu cabelo.
- Nemuri colocou-te a par da situação? - perguntou o homem de kimono pegando num general de prata preparando um movimento.
- Ele apenas me deu a tua localização. Gostavas de desenvolver mais a "situação"? - questionou Zehel tentando aperceber-se do que ali se passava, ele não chamara nenhum reforço, será que esperava enfrentá-lo sozinho? Ou a verdade iria noutro sentido?
- Nossa rapaz que tom, - falou soltando uma risada enquanto pousava o general de prata, aparentemente a peça não tinha feito nenhum movimento. - Se eu aqui estou é porque de momento não tomo nenhum partido, nem o da Hantã no me nem o teu. - declarou muito prontamente rodando a peça do general de ouro que estava no meio da ação entre reis para uma posição em que não atacava nenhum dos lados.
- Então vais simplesmente tornar-te um espectador? Não te parece um pouco cobarde? - falava o rapaz movendo-se ainda pouco à vontade pela divisão tentando sacar mais informações aquele velhote que ali estava.
Numa jogada rápida afastou um passo o rei que jogava no sentido sul distanciando-o do outro rei e do general de ouro. Continuou para colocar o rei que atacava no sentido norte em frente à posição onde o triângulo do general de ouro afirmava atacar. "Isto vai ser interessante." pensou para si ao ver o desenrolar das jogadas.
- Não me cheguei a apresentar devidamente pois não? Genja Matsuri, Ex- 3º general da Hantã no me. - falou ele levantando-se para encarar o Zetsubõ.
Ouvindo o nome Matsuri o rapaz estacou e quando o homem de kimono se voltou foi atingido por uma chapada na mente. A face do homem era tal igual à do velhote, até tinha o mesmo apelido que ele, o que significava aquilo!?
- Oh!? Eles não te avisaram mesmo de nada? - perguntou recuando a peça do rei norte afastando-se do general de ouro. - Já ouviste falar em contra-espionagem?
Zehel ainda estava atónico com o que ali se passava sem conseguir perceber tudo, milhões de coisas se passaram na sua cabeça. Um suave brilho surgiu ao seu lado sentindo um par de braços muito brancos a agarrarem-se a ele no tronco.
- Hel-kun, relaxa... - Falou Tsukiko que surgira no local tentando acalmar o herdeiro. - Gen-san por favor prepara uma xícara de chá para ele. - falou muito casualmente a rapariga.
- Tsuki-chan... - falou ele com voz rouca e um pouco assustado com o que se passava não sabia se estava num sonho ou era mesmo real o que ali se passava.
- Não te preocupes ... - começou a falar o homem de kimono pegando num jarro, porém não lhe foi permitido continuar a sua frase.
- Não te preocupes a merda! - gritou o kendoca disparando uma bala explosiva contra a xícara de porcelana que Genja tinha na mão. - Estou farto dos vossos segredos!
Nesse momento Tsukiko começara a andar em direção a ele para o tentar acalmar de novo mas foi parada com a arma apontada à cara.
- Nunca pensei que tu também estivesses enrolada nisto... - falou o rapaz decepcionado e farto de nunca saber da história toda. - vão me contar tudo agora ou não vão ver outro dia...
Ele sabia que só Genja era um corpo físico e só ele podia atingir, no entanto Tsukiko já tinha sofrido por causa de uma dor psicológica que ele facilmente poderia reproduzir, e se fosse necessário assim o faria...
Continua