- Pai!
Arian estava a uns metros de Kristea e Broly, com um manto preto e azul sobre si. O seu cabelo loiro estava parcialmente escondido, sob o capuz do seu manto. Notava-se bem a sua pele clara e os seus belos olhos azuis. Era um ser belo e, que segundo a lei natural de todas as coisas, seria bom e defenderia a luz. Mas não. Entregara-se ao mal, traindo o seu povo.
- Então finalmente vieste ao mundo onde nasceste. Consegui trazer-te para aqui… E, pelos vistos, vieste acompanhada. É um amiguinho teu? – disse ele, sarcasticamente.
Broly, assim que o vira, ficara irritado. Não conseguia acreditar que tal pessoa era um ser maligno, traidor e sedento de sangue. Era inconcebível que tal existisse. Era imperdoável o que fizera. Iria fazê-lo pagar por isso. Pôs a mão à katana.
- Espera, não o faças. Não o subestimes. Nenhum de nós os dois tem qualquer hipótese contra ele, da maneira que estamos – avisou-o Kristea, de modo a que só eles conseguissem ouvir.
- Ele apenas merece a morte… Não te queres vingar pelo que ele fez à tua mãe?
- É claro que quero. Mas se o tentares atacar agora, fazes exactamente o que ele quer. Consigo lê-lo nos olhos dele.
Embora contrariado, retirou a mão da katana.
Numa fracção de segundo, Arian surgiu à frente dos dois.
- Hei-de acabar com a raça dos de puro-sangue, como tu. És minha filha, mas não importa. Os de puro-sangue têm que morrer. E tu vais ser a seguinte, h’aarina – dizia ele, acariciando a face da jovem ninja.
Kristea mal se mexia. Sentia algo a escorrer pelo seu braço direito, mas não conseguia ver o que era.
Broly viu algo a pingar do braço dela. Era um líquido escuro e avermelhado. Sangue? Mas como? Estaria Arian a fazer alguma coisa a Kristea sem que ele se apercebesse?
As gotas de sangue começaram a cair com mais frequência.
Então Broly puxou da katana e encostou-a ao pescoço de Arian:
- Afasta-te dela. As tuas mãos imundas de sangue não têm o direito de tocar em alguém.
Arian afastou a sua mão de Kristea, que caiu no chão de imediato, tossindo.
- O que é que lhe fizeste? – perguntou Broly, num tom de voz mais alto.
Arian bufou:
- Um pouco de tortura física… Roubei-lhe energia. E fiz-lhe uns quantos cortes nos braços. Mas porque é que eu te estarei a explicar isto? Não tens nada a ver com o assunto…
Uma das mãos de Arian brilhou e apareceram umas runas.
Sem que tivesse tempo para se aperceber do que se estava a passar, Broly foi projectado contra a árvore mais próxima.
- Nenhum de vocês os dois está à minha altura neste momento. Talvez um dia consigam… Se conseguirem escapar daqui vivos, claro – dizia Arian, com um sorriso maldoso na cara, enquanto se aproximava de Broly.
Kristea estava sem forças. Queria levantar-se, queria parar o pai, mas não conseguia. Afinal, era uma fraca. Deixara-se vencer tão facilmente. Mas não iria desistir. Não iria permitir que mais pessoas morressem às mãos do pai. As imagens ainda recentes da Visão atormentavam a sua mente. Ela iria mudar o que vira, não haveria de acontecer se dependesse dela. Agarrou a cruz que trazia ao peito:
- “Emprestem-me um poucos das vossas forças, por favor… Ajudem-me…”
Cinco energias distintas invadiram-na. Eram as forças dos elementos.
- “Obrigada” – pensou ela, enquanto se levantava – Konoha Shunshin no Jutsu!
Então surgiu em frente do pai, entre ele e Broly, que permanecia encostado à arvore, com sangue a escorrer-lhe da cabeça.
- Não passas daqui. Não permitirei que ninguém morra aqui. Eu vou mudar o destino! – gritou ela, puxando das suas espadas gémeas.
Arian riu-se:
- Então serão os dois ao mesmo tempo…
O que aconteceu de seguida foi rápido demais para que pudesse ser visto pelos olhos de uma pessoa normal. Sangue espirrara. Kristea estava completamente paralisada de choque.
- Ryu… - murmurou ela, ao ver o anjo, que a protegera, perfurado pelo braço do pai. Uma lágrima involuntária deslizou pela sua face, aterrando no chão, de onde brotou uma pequena flor.
Ryoutarou caiu para trás.
- Ryu… Ryu! Não, isto não pode estar a acontecer… Não pode! Ryu! Também não me deixes… Por favor, és a única família que me resta! – dizia ela, desesperada, agarrada ao corpo do anjo.
Ele enfrentou-lhe o olhar, marejado de lágrimas:
- Eu volto… Não ficarás sozinha. Não por muito tempo… Até lá…
O seu corpo desfez-se em pequenas estrelas, que se desvaneceram no ar.
E as lágrimas continuaram a escorrer pelo rosto de Kristea, fazendo florescer vida no solo, onde eventualmente caíam.
- “As lágrimas da vida… Então sempre era verdade… Veremos então as lágrimas da dor…” – pensava Arian, maquiavélico.
Broly levantou-se, apoiado na sua katana:
- Isto ainda não acabou…

Muito fixe...

Lágrimas da vida??? Isto está a ficar interessante!