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OST

Naquela noite a cidade estava calma, até demais para meu gosto, devo confessar. Apenas os passos de minha equipe ecoavam pelos telhados e mesmo assim estavámos sendo os mais silenciosos que nos era possível. Olhei para a lua que estava a brilhar no alto e uma péssima sensação parecia abater-se sobre Chikako que ficara calado e de semblante rigído o tempo todo, não parecia ser aquele garoto normal e alegre.

Emi estava calada também, transparecia puramente tensão e concentração o que era o oposto de Osamu, que permanecia estranhamente calmo e normal, sempre com um ar de graça no rosto. Chegando ao edifício, fomos conduzidos por um guarda que estava colocado estrategicamente e entramos em segundos no local da reunião. Seria no subsolo! Uma medida cautelosa obviamente. Quem imaginaria que uma pessoa com poder e dinheiro se reuniria ali, naquele local tão sujo, comum e mal frequentado?

Passamos por uma porta de ferro que foi selada por dentro com um ruído estridente de ferrugem que denunciava que esta não era utilizada a anos. Diversos lampiões à base de querosene estavam espalhados pelo único cômodo do local e notamos quatro ninjas do som, incluindo aquele que nos guiara e que agora guardava a porta e no centro, aquele que imaginei ser o irmão do senhor feudal, em suas vestes pomposas e seu ar de flores.

— Minhas saudações, shinobis da nuvem. — cumprimentou o homem, guiando-nos quatro cadeiras que estavam diante da dele e assim fizemos por respeito a sua figura. Mesmo após tantas preucauções, Chikako ainda não parecia confortável e agora sentia isto contagiar-me como uma doença viral e não pude resistir examinar o local diversas vezes, incluindo os presentes mas é claro que Chikako já o fizera e provavelmente já estava a analisar a situação numa tentativa de afastar seus pensamentos que o deixavam tão calado e com um semblante tão tenso.

— Saudações, senhor. Peço objetividade, não queremos ser descobertos. — disse Emi, indo diretamente ao ponto, algo que me agradou. Essas bajulações e cordialidades típicas dessa gente não eram necessárias ali. Costumam dizer que tempo é dinheiro, mas ali, naquela situação em que eu me encontrava tempo custaria uma guerra ou minha morte.

" Se eles são tão fortes, esses membros da La Hermandad não poderiam facilmente nos detectar aqui? Eles marcaram logo na capital, eles acham estar seguros por aqui. Chikako não fica tenso facilmente, para falar a verdade, não me lembro de já ter o visto assim. Emi está tão séria que me faz duvidar se é ela mesma... Osamu ainda sim é o mesmo, não muda. " — todos estes pensamentos corriam em minha mente como um relâmpago atingindo o solo, e quanto mais revisava estes pensamentos mais a possibilidade de estarmos sendo vigiados por "Eles" me deixava ansioso. Não ansioso por um combate, mas ansioso pelo que viria a seguir, o que aconteceria.

— Claro, desculpe-me. Meus ninjas traçaram uma rota para seguirmos e eles acreditam que tal rota nos levará em segurança até as fronteiras de seu país, portanto, necessitamos de seu conhecimento geográfico para traçar a rota mais segura até sua aldeia e também, necessitamos de ajuda no planejamento tático da formação. — indicou o nobre, apontando algumas regiões em seu mapa e indicando uma linha vermelha que serpenteava pelo mapa que seria a rota de viagem deles. Emi chamou Chikako, estes se aproximaram do mapa e pegando um grafite de anotações que pendia na mesa, começaram a delinear traços e rabiscos.

— É provavél que o inimigo se posicione nestes lugares, tentando explorar o território geográfico contra nós e quebrar a defesa do comboio facilmente. Também precisaremos cobrir uma maior distância para evitarmos o Unraikyo, porque se entrarmos nele a névoa e nuvens que habitam lá nos deixará praticamente cegos ao inimigo, especialmente se forem utilizadores de Doton. — explicou a Jounnin firmemente, passando em seguida o item para as mãos de seu aluno que iniciou também uma série de rabiscos.

— Precisaremos de quatro usuário de Doton guardando o senhor, eles deverão ficar a dois metros de distância numa formação quadrática que permita atuarem defensivamente erguendo barreiras e deslocando massas de terra para defenderem-no dos ataques mais robustos e menos estratégicos. Necessitaremos de ninjas sensores, seis ao todo, dois na linha de frente e dois na retaguarda e um em cada flanco da formação. Eles terão de estar dispostos a investigar a área a todo momento procurando inimigos. Por fim, mais quatro ninjas que serviram como uma muralha para impedir que sequer invadam o perímetro do senhor. — terminou o loiro, largando o grafite após delinear toda a formação e adicionar as respectivas notas no mapa culminando numa formação quadrática de proteção deixando todos na sala a encarar o garoto, incluindo a mim.

" Eu sabia que ele era inteligente, mas, esse cara é incrível! " — pensei comigo mesmo. O nobre coçou sua barba e analisou o garoto com um olhar penetrante e analítico, para só depois retornar a seu plano. Alguns segundos excruciantes preencheram o local, até o homem concordar com o plano e virar-se para um de seus guarda costas ninjas e trocar algumas palavras que foram ouvidas por todos do recinto.

— Como assim não temos tantos recursos? Vocês são de Oto e sou o irmão do daimyo, oras! — vociferou o homem, assustando a mim devido a repentina mudança de comportamento e também, pelo jeito que o ninja o encarou, como se quisesse matá-lo...

Tudo correu em instantes. O ninja do Som retirou seu capuz e sua capa com um único movimento e retirou um punhal da bainha posicionando no pescoço do homem e agarrando-o ferozmente enquanto o conduzia para o fundo da sala. Todos nos levantamos de nossos assentos sacando nossas armas e nos preparando. Os olhos do nobre esbugalharam imediatamente com a surpresa que tivera e grunhiu como um porco prestes ao abate ao notar um fio de sangue descer pela sua roupa. Havia sido cortado, entratanto, superficialmente.

Um outro ninja do som que revelou ser um traidor realizou uma sequência de selos e abriu uma rota alternativa no subsolo, indicando ao seu parceiro da La Hermandad sua rota de fuga. Os outros ninjas do som sacaram suas armas correndo em direção aos traidores pronto para matar a nós enquanto vi a porta de terra se fechar.

— Traidores! — vociferei num ódio borbulhante que me proporcionou a raiva e velocidades necessárias para ceifar a vida de um ninja que ousara me atacar de forma simplista e aberta com uma kunai. Retirando a Lâmina Oculta de sua garganta, vi-o tombar para trás enquanto posicionava as mãos no pescoço numa vã tentativa de conter o sangramento, mas tudo que ouvia era o gorgolejar incessante produzido pelo ferimento que transbordava sangue.

— A-Assassino... — foram suas últimas palavras. Osamu me encarou repentinamente com um semblante sério e rigído enquanto aparava um golpe de katana de um dos ninjas. E subitamente, três lobos de terra e lama pularam das paredes após meus selos, abocanhando as jugulares dos traidores que eram membros da La Hermandad (Doton: Tsuchi Yajuu no Jutsu).

" Não tenho escolha, se for agora atrás do homem eles capturarão estes aqui vivos e os  interrogarão. Que morram de uma vez. " — pensei, ordenando que as bestas quebrassem seus pescoços enquanto Emi tentava me impedir golpeando o dorso dos bixos que apenas se reconstituíam seguidamente. Um silêncio se fez dando espaço ao som de gorgolejar e ossos quebrando para declarar oficialmente o fim daquela pequena guerra.

Avancei na direção onde a rota de fuga improvisada fora feita e tocando a parede de terra abri uma passagem que logo se fechou ao comando, enquanto observava o olhar perplexo de Emi e o ar analítico de Osamu irem em minha direção.

— Agora posso matá-los seus vermes, e nada vai me impedir. — gritei no túnel que era mal iluminado por tochas muito distantes uma da outra. Realizando alguns selos, moldei meu chakra em duas cobras de terra que tiveram seus tamanhos ajustados as dimensões do túnel e que iniciaram sua perseguição em direção aos raptores, me indicando o caminho percorridos pelos mesmos (Doton: Hebi Ganseki no Jutsu).

Continua...