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Depois de ter concluído meu treinamento, a porta daquele templo abriu-se lentamente permitindo minha retirada e imediatamente desmaiei após sair daquele local, sendo atordoado por fome, sede e um grande cansaço mental que me atormentou por dias. Sim! Após meu treinamento, passaram-se três dias pelo que me lembro e os gastei saindo daquele local, caçando e achando água... coisas relevantes a minha sobrevivência naquele local e minhas suspeitas confirmaram-se, eu estava no País do Ferro. Meu antigo lar, minha terra natal.

Após tratar de minhas necessidades, procurei realizar o reconhecimento geográfico da região, tentando descobrir vilarejos, cidades ou qualquer meio de vida humano por perto, e acabei por descobrir que estava na capital do país, e antes, na prisão abaixo de um castelo de uma nobre família do país, os Hiroshi's, pelo menos foi o que ouvi após fazer algumas poucas perguntas aos civis que moravam em volta do palácio.

" Castelo de minha família... A-Achei que tinha sido destruído após o ataque dos mercenários e bandidos enviados pela La Hermandad. " — pensei, quando visualizei a construção, majestosa, bonita e imponente. Utilizando minha técnica recém aprendida, invoquei – com muito esforço e dificuldade devo dizer, devido a falta de prática – uma armadura flexível (igual aos membros da ANBU) que acompanhava um capuz, uma aljava  com dez flechas velhas e um arco desgastado, que encontrei no templo, batizei aquela armadura de: Ranger no Yoroi. Ela era leve (o que me proporcionava uma movimentação leve, fluída e veloz), flexível (o que permitia realizar movimentos que não seriam possíveis com armaduras de samurai por exemplo), e silenciosa (permitindo-me ser furtivo e me camuflar em meio a árvores e locais escuros)... Como um verdadeiro assassino, pensei.

Teria de começar minha investigação, procurando pelo paradeiro do irmão traidor do daimyo do País do Arroz, e algo dizia que ele estava naquele palácio, se não, por que eu estaria preso na masmorra daquele palácio? Cada vez que chegava mais perto, acompanhado da noite frígida e solitária, sentia uma sensação de calor crescer em meu âmago e se espalhar pelo meu corpo. Eu estaria reconhecendo que aquele era meu lugar? Que eu realmente pertencia ao País do Ferro e não a Kumogakure? Será que tinha parentes que se lembravam de mim? Talvez até criados? Ou amigos de quando era pequeno? Todos estas perguntas enevoavam e abalavam cada vez mais minha confiança naquela caçada, e em meu objetivo de eliminar aquele político que colaborava com La Hermandad.

Andando em meio a escuridão da noite, e espreitando aquele palácio, abstrai-me da realidade, caminhando à esmo e sem o mínimo de cuidado para não ser detectado por sentinelas, e de repente, senti passos soarem atrás de mim. Virei-me em poucos segundos e apontando o arco para trás com intenção de confrontar meu atacante, no entanto, senti uma mão tocar em meu punho direito e recebi uma joelhada no abdômen seguido de uma cotovelada nas costas, me levando ao chão cheio de neve daquele lugar. Rolei para o lado com intenção de recuperar minha postura, enquanto preparava-me para realizar uma sequência de selos quando fui atingido na face com um chute que fez minha visão turvar. Gemi de dor e ofeguei, tentando recobrar a consciência e posteriormente a postura, me levantei.

Tirando uma flecha da aljava e segurando-a com uma mão, corri na direção de meu atacante com intenção de perfurá-lo com a ponta da flecha (devido a perda do arco, que jazia no chão, sob o pé do sujeito), em um ataque desesperado e indisciplinado. Meu inimigo reagiu depressa e gingou para o lado, agarrando minha mão direito e com sua mão livre golpeando meu estômago fazendo eu cuspir de dor. Nossos olhos se encontraram por alguns instantes e notei algo familiar, e então dei-me conta de suas vestes. Agi rapidamente, dirigindo uma cabeçada contra o sujeito, que sabiamente me soltou, e assim recuei para trás com dificuldade devido a camada de neve alta que cobri o solo do local.

— Por que sempre nos encontramos de maneira suspeita? — perguntou o homem encapuzado, retirando logo em seguida e revelando seu rosto. Era Akio, aquele que tem sido um grande amigo, pelo menos eu o considerava como tal devido a sua dedicação incansável em me vigiar e me ajudar nos momentos mais difíceis que passei, ao colaborar com a Liga das Sombras, como fiz algum tempo atrás, caçando Katsumoto para eles.

— Basta chamar-me pelo nome em vez de se esgueirar por ai como uma cobra. — falei em um tom amigável, massageando com minha mão direita as áreas atingidas pelos seus golpes e retomando meus itens para mim novamente.

— E então? O que tem feito? — deu  uma pausa, rindo de leve, tinha entedido o por que.

— Matando meu tutor, resgatando minha colega... Ah, você já sabe sobre isso... Bem, agora? Indo numa missão, descobrindo que aquele que eu tinha de escoltar era um nobre que colaborava com a La Hermandad, encontrar com uma entidade que parece um espiríto ou coisa assim e adquirindo uma técnica nova... Pouca coisa. — disse em um tom cômico, para não ter que fazê-lo com seriedade e complicar ainda mais aquela situação. Seu semblante mudou seriamente, franzindo a testa em preocupação e contraindo os lábios, como se estivesse a prestes a falar alguma besteira que o comprometesse, mas reconsiderou, preferindo não dizer.

" Droga Katsuo! Por que falou tudo!?... " — praguejei mentalmente, condenando minha língua solta ao supor que meu "guardião" da Liga era digno de minha total confiança e lealdade.

— Isso muda tudo não? E que coisa é esta de "espírito"? — disse-me seriamente, como se estivesse a encenar e mentir novamente. Como esperado, sua atenção dirigiu-se logo à coisa mais enigmática e não ao "favor" que ele pedira para mim.

— Creio que sim, matar ele agora significaria causar a guerra e não evitá-la. E agora, como procederemos? — retruquei, ignorando sua curiosidade no assunto do "espírito", embora algo me indicava que ele já tinha certa noção do que aquilo era ou significava. Ele semi cerrou os olhos, enigmático.

— Bem, nesse caso, creio que podemos dar algum uso a sua equipe. — disse ele, ainda enigmático.

— Não, não quero envolvê-los em assuntos da Liga e da La Hermandad. — retruquei, um pouco nervoso com a ideia de metê-los nessa guerra secreta sem eles aceitarem.

— É o único jeito, pelo que vejo. Ou prefere matar o homem, acabar com um plano da La Hermandad, mas realizá-lo indiretamente? Se você matá-lo, causa guerra. Se você deixá-lo vivo, causa guerra. — disse de maneira persuasiva, convencendo-me de seu ponto. Fiz um sinal que sim com a cabeça, pedindo para continuar com sua ideia. — Esqueça isso. Deixe que sua equipe venha ao resgate do homem e o escoltam a força para o País do Relâmpago, pondo fim temporário a reunião dele com os nobres do País do Ferro e impedindo ele de realizar seu plano sem se expor, depois, a Liga dará cabo dele e as suspeitas irão se dissipar como névoa. — terminou, recolocando seu capuz novamente.

— Vocês irão matá-lo? — perguntei.

— De fato, se não, ele tentará matar o irmão mais velho dele e tentará assumir o cargo de daimyo do País do Arroz. — retrucou seriamente.

— Mas tem um problema, eles pedirão explicações e principalmente, terei que acompanhá-los no "resgate e escolta" dele. O homem sabe que sou da Liga, lutei contra ele. Assim esse seu plano cai por terra. — disse friamente, analisando o plano de Akio.

— Sim, é por isso que você ficará desaparecido por algumas semanas e após a missão ser concluída, retornará para Kumogakure, sem alertar o homem sobre seu paradeiro. —  proferiu calmamente, coçando a nuca e ajeitando as vestes.

— Certo e quem avisará eles, sobre o paradeiro? Afinal, estou "desaparecido". — inquiri, apontando a falha de seu plano.

— Digamos que já os avisei, e fui convincente... — falou enigmaticamente.

— Certo, e onde me esconderei? — perguntei, ignorando seu tom enigmático que sempre sustentava na voz.

— Vá para a sucursal que temos aqui no País do Ferro, tome. — Akio entregou-me um papel com algumas coordenadas e em seguida um scroll, onde meus itens recuperados da prisão estavam selados.

— Obrigado, de novo, Akio. — agradeci com um sorriso simpático, pegando o scroll e as coordenadas, ele agarrou meu pulso com firmeza, e seus olhos encontraram os meus e senti um calafrio subir em minha espinha.

— Conversamos depois sobre este espiríto, certo? — falou seriamente, dando um ar completamente tenso a situação.

— C-Claro... — retruquei, me desvencilhando de sua mão e lendo as coordenadas, utilizei de um shunshin para acelerar minha corrida e sair rapidamente de perto de Akio, e consequentemente, da situação tensa, pois algo me dizia que ele sabia algo sobre a entidade que me aconselhara tanto nos últimos tempos. Agora, estava a caminho da sucursal dos Assassinos, no País do Ferro, e creio que, minha equipe estava indo "resgatar" o conspirador.

Continua...

Enfim, obrigado por ler mano, espero que continue a acompanhar meus textos e espero ter agradado!